Crítica | Nyad

Nota
4

Até onde você iria para realizar um sonho? Desafiaria os limites do seu corpo, mente e idade? E até onde você iria para apoiar o sonho de quem você ama? Esses são alguns questionamentos que definem bem os temas centrais de Nyad, filme dos diretores Elizabeth Chai e Jimmy Chin. O longa acompanha a história real de Diana Nyad (Annette Bening), nadadora de longas distâncias que, aos 30 anos, tentou nadar de Cuba até a Flórida, nos Estados Unidos, mas que não conseguiu e, logo após a tentativa frustrada, decidiu se aposentar. Agora, aos 60 anos, vivendo uma vida pacata com sua ex-amante, e agora melhor amiga, Bonnie Stoll (Jodie Foster), Nyad decide revisitar o sonho de completar o trajeto de 180km, mesmo depois de anos sem nadar por longos períodos de tempo. Na sua juventude, conseguir patrocínio financeiro para realizar o percurso era algo simples, mas agora, aos 61, ela vê não só como é difícil achar patrocinadores, mas também que não é uma tarefa fácil encontrar pessoas que acreditem que ela vai conseguir finalizar o percurso com a idade que ela tem.

Já com duas indicações ao Globo de Ouro pelas performances da Annette Bening e da Jodie Foster, Nyad com certeza deve aparecer entre os indicados ao Oscar nas categorias de atuação. As atrizes foram muito bem caracterizadas como as personagens, e é fácil notar a semelhança já que o próprio filme mescla cenas das atrizes com filmagens reais. Além do trabalho excelente de maquiagem, que foi muito necessário, já que percursos de 12, 29, 41, e até 53 horas de nado sem parar resultam em diversos efeitos no corpo, como rachaduras na boca, inchaço do rosto, e até marcas de ataque de águas-vivas, que foram muito bem representados de forma realista.

Mas o desempenho do filme não dependeu apenas da caracterização, pois Annette Bening brilha como Diana Nyad, conseguindo replicar seus maneirismos e jeito de falar de uma forma primorosa. Sua atuação consegue nos transmitir as inseguranças, os medos e arrependimentos da personagem, mesmo antes de sabermos completamente sobre o passado da vida da nadadora. E isso, junto de um roteiro muito bem amarrado, leva o espectador a pensar nessas questões filosóficas que a personagem se indaga o tempo inteiro, de não querer morrer sem completar o seu objetivo de vida, e de pensar que não vale a pena viver sem atingir esse objetivo.

A performance da Annette só se torna completa por conta da Jodie Foster, que mesmo não sendo a personagem principal tem a melhor performance do filme. Enquanto acompanhamos toda a luta da Diana Nyad para conseguir superar seus traumas e finalmente conseguir botar um ponto final na sua história no nada de longa distância, nós também acompanhamos o drama da Bonnie Stoll, que não quer ver sua melhor amiga morrendo no meio do oceano e como todas as tentativas frustradas da Nyad também machucam Bonnie, por não saber se continua apoiando sua amiga ou se tenta convencê-la a voltar a sua vida pacata. A Jodie consegue nos transmitir todas as emoções da personagem, que, sabendo que elas tiveram um relacionamento no passado, fica nítido na sua performance todo amor que ela sente pela Nyad, seja ainda um amor romântico ou esse amor que se transformou ao longo dos anos em um amor fraternal.

Nyad é um filme tocante do começo ao fim. Suas personagens são carismáticas sem esforço, por conta das performances e da química sem igual de Annette Bening e Jodie Foster, e que muito provavelmente ainda veremos recebendo indicações ao Oscar ano que vem. Mesmo quem não gosta de filmes motivacionais de superação, pode se identificar com a personagem da Diana Nyad, que conseguiu provar na vida real que “não há idade para seguir seus sonhos” não é apenas um clichê do cinema.

 

Ilustradora, Designer de Moda, Criadora de conteúdo e Drag Queen.

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