Crítica | Nimona

Nota
5

Nimona, projeto que começou sendo produzido pela Blue Sky Studios e foi revivido pela Netflix, traz o punk tanto para animação como para o mundo medieval/tecnológico, sendo ainda um filme que trata da temática LGBT e de identidade de forma genial, com naturalidade, e sem tratar em nenhum momento como uma questão complicada. No seu enredo, o melhor cavaleiro do reino é acusado de um crime que não cometeu, e Nimona, uma metamorfa que o tem como exemplo de anti-heroi/vilão que ela sempre quis ser, acaba sendo a única capaz ajuda-lo a provar sua inocência.

Nesse filme de aventura, estamos num mundo tecnológico com avançadas naves, lasers e tudo mais , que é ao mesmo tempo futurista e medieval, onde os cavaleiros protegem a cidade dos monstros, com a missão de exterminá-los. Nimona é uma anti-heroi perfeita, que nos faz questionar sobre o que é ser um vilão, o que é verdadeiramente um monstro ou monstruosidade, o que é perfeito, como as instituições precisam criar vilões, sobre uma busca por uma falsa paz, ou até que ponto a ordem é justa e necessária, além de ser muito controversa. Vemos bastante aquela situação de Aparência vs Personalidade, como já experimentamos nos filmes de Shrek, mas essas dualidades da personagem recordam muito mais outra animação de sucesso Netlix, Arcane. Os diretores Troye Quane e Nick Bruno trabalham juntos novamente, como em Espião Animal, e trazem uma dose de humor perfeita.

Enquanto a Nimona é destemida, com personalidade sobrando, e cheia de atitude, Ballister Blackheart é disciplinado, de origem humilde e só busca retomar a sua honra, porém é visto como o verdadeiro vilão pelo seu amado Ambrosius Goldenloin e por todo o reino. Dando um contraste onde um aprende com o outro e crescem, com várias cenas de humor e piadas inteligentes com as transformações nada convencionais de Nimona em suas lutas. O longa também é certeiro em suas investigações, deixando o verdadeiro antagonista para descobrirmos apenas no final do filme, passando uma lição perfeita de não julgar pela aparência. Os concepts dos personagens e seus estilos tem uma estética bem atual, com uma iluminação e estética bem realista, colocando os personagens em planos bem famosos de cinema, seja para lutas, seja para o beijo apaixonado, seja pelos momentos de raiva ou de reflexão da Nimona, muito uso de tons de vermelho nas lutas, e o uso de tons amarelados ou brancos para dar luz nos cavaleiros, simbolizando justiça e pureza.

Cada transformação da Nimona ainda deixava a sua marquinha dos olhos para reconhecermos sua versão transformada. Cada canto do reino tem cenários incríveis, desde o castelo, subúrbio, cidade, e o esconderijo da Nimona, cada um bem construídos e com características de seus donos ou funções. Nimona definitivamente usa sua atitude do punk rock para quebrar paradigmas, mostrando que é possivel tratar de temas LGBT para crianças sem ser polêmico, com naturalidade, mostrando o amor como ele é. Uma animação ousada com um tema ousado é o que define esse filme, além de entregar uma ótima qualidade de roteiro e expectativas. A Netflix segue investindo em boas animações, quebrando aquele paradigma de que só o estúdio x ou y podem entregar animações de qualidade, escolhendo sempre um caminho com um bom roteiro. Destaque para dublagem de Isabella Guarnieri, dubladora responsavel pela voz brasileira de Arya em Game of Thrones e que dubla Nimona com tanta personalidade quanto sua antiga personagem.

 

Formado em cinema de animação, faço ilustrações, sou gamer, viciado em reality shows, cultura pop, séries e cinema, principalmente terror/horror

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