Crítica | Mulher-Maravilha (Wonder Woman)

Nota
5

“Tenha cuidado com os seres humanos, Diana. Eles não merecem você.”

Diana Prince (Gal Gadot) é uma renomada negociante de antiguidades do Museu do Louvre mas, após a batalha contra Apocalipse, sua identidade não é mais tão secreta assim. Sua era de reclusão se encontra no passado e, após uma antiga foto ser enviada a seu escritório, a guerreira relembra seu primeiro contato com os seres humanos e com o horror da guerra.

Nascida em Themyscira, um lar ancestral criado pelos Deuses Olimpianos para as maiores guerreiras que a Terra já viu, Diana cresceu escutando que o destino de toda Amazona era proteger a humanidade da corrupção de Ares, Deus da Guerra. Em tempos remotos, o Deus matou todos os Olimpianos, mas acabou sendo ferido mortalmente por seu pai, Zeus, que em um último esforço ofereceu às Amazonas uma arma capaz de deter seu filho renegado: a Godkiller.

A Rainha Hipólita (Connie Nielsen), mãe de Diana, não acredita no retorno de Ares e proíbe a princesa de treinar como guerreira. Mas, após ter suas ordens ignoradas e ser convencida por sua irmã Antíope (Robin Wright), General das amazonas, a rainha vê que essa é a única solução, mesmo torcendo para que a garota nunca precise usar sua real força.
Tudo muda quando, depois de um treinamento pesado, Diana avista um misterioso objeto cruzar o céu da Ilha escondida e cair no vasto oceano. A princesa mergulha nas profundas águas e resgata o Capitão Steven Trevor (Chris Pine) de um possível afogamento, após uma breve batalha com as tropas alemãs, e revela, através do laço da verdade, que uma guerra sem precedentes domina o mundo exterior. A Guerra que acabaria com todas as outras e reduziria a humanidade às cinzas.

Acreditando que Ares se encontra por trás do conflito, Diana ajuda o espião a fugir, se armando com os trajes cerimoniais e a lendária espada capaz de matar um Deus. Determinada a cumprir o destino que sempre ouviu falar, a guerreira parte para Londres, onde encontra uma sociedade que não entende e um conflito velado maior do que imaginava. Mas seria Diana capaz de acabar com a Primeira Guerra Mundial ou estaria ela destinada a um fracasso colossal, que coloca não só seu futuro em risco como o de toda a humanidade?

Lançar um filme nunca é um trabalho fácil, principalmente quando se planeja construir um universo compartilhado coeso, que ligue nomes tão poderosos e conhecidos do publico. Agora, imagine definir seu trabalho em meio a dois aparentes conflitos, que podem definir a ruína de algo que apenas começou a ser preparado. Depois do controverso Batman vs Superman e do desastroso Esquadrão Suicida, a DC precisava de um novo caminho mais seguro e forte para trilhar, e foi assim que depositaram suas esperanças na última parte da santa trindade: a princesa guerreira de Themyscira.

Dirigido por Patty Jenkins e roteirizado por Allan Heinberg, Mulher-Maravilha tem como desafio não só redefinir o futuro do universo compartilhado da DC, mas trazer uma adaptação decente de uma das maiores heroínas dos quadrinhos. Mesmo sendo criada nos anos 40, a semideusa contou apenas com uma serie, estrelada por Lynda Carter, enquanto seus companheiros de equipe apresentavam anos de erros e acertos na TV e nos cinemas, trazendo um leque de conteúdo que nunca chegou a ser explorado com a heroína.

O longa é uma clássica historia de origem, voltando 100 anos no passado para nos contar o primeiro contado de sua protagonista com o mundo exterior. Aqui exploramos uma Diana mais inocente e doce do que a que encontramos em Batman vs Superman, mais repleta de suas próprias ideologias, que não se deixa oprimir nem fraquejar perante a sociedade que não conhece. O roteiro sabe disso e não perde a oportunidade em levantar o contraste do pensamento avançado da protagonista com a ideologia retrógrada da época, trazendo ótimos momentos e mostrando o verdadeiro poder que o filme tem.

Esse choque ideológico mostra o quão ridículo e restrito são os conceitos sociais sobre o papel da mulher. Seja pela pouca mobilidade nas roupas, ou as piadas inoportunas sobre uma mulher saber mais do que o alto escalão masculino, tudo é exposto, discutido e alfinetado de maneira coesa e bem construída. Isso fica ainda mais evidente pelo papel de Etta Candy (Lucy Davis), que serve de alerta para como a mulher era vista e tratada naquele tempo, ganhando uma força a mais ao encontrar Diana e concordar com seus pensamentos.

Se alguém tinha alguma duvida sobre a escalação de Galdot para o papel, ela logo é apagada. Se em BvS ela conseguiu chamar nossa atenção, aqui ela demonstra todo seu potencial ao encarar uma personagem forte e cativante que, em nenhum momento abandona sua feminilidade. Ela é sensível, hipnótica e extremamente confiante a ponto de não duvidar em nenhum momento do seu potencial perante a missão que pega para si. A naturalidade do seu relacionamento com Steve é algo tão primoroso que nos alivia e encanta. Sim, ele se sente constrangido por ter uma mulher tão obstinada ao seu lado, que questiona tudo aquilo que ele sempre acreditou, mas isso ajuda o personagem a se auto-questionar e evoluir, além de trazer interações magníficas para a trama.

As Amazonas são outro show a parte. Suas cenas de luta são de tirar o fôlego, trazendo alguns dos melhores momentos do filme, utilizando bem a leveza e a força de seus golpes bem pensados e nos deixando ansiosos por mais. Algo que seria refletido mais na frente na épica cena das trincheiras, que nos arrepia e convence de uma vez por todas que esse filme era extremamente necessário para o universo da DC. Tudo ali é empolgante, vibrante e poderoso. Desde sua icônica musica tema, até os jogos em câmera lenta, que nos levanta das cadeiras e nos faz grita em plenos pulmões em uma das melhores cenas feitas em filmes de super-heróis.

Os vilões, embora tenha ótimas cenas, são caricatos ao extremo. O que não é de todo mal quando o roteiro sabe utilizar isso como sátira e brincar com os elementos inseridos (coisa que acontece aqui). Não é a toa que após um ato de crueldade, Erick Ludendorff (Danny Huston) e Dr. Isabel Maru (Elena Anaya) soltem uma risada vilanesca para comemorar seu triunfo.

Mulher-Maravilha é um verdadeiro achado. O longa funciona como fantasia, ação, aventura e, por que não, como romance, levantando questionamentos sobre a luta de minorias enquanto nos empolga e entretém de maneira impecável. Mostrando a todos que a heroína só precisava de um espaço adequado para mostrar todo o seu potencial, e nos encantar com a maestria de alguém que sabe o que está fazendo ao direcionar seu público para algo ainda melhor do que se esperava. Talvez, nós não merecêssemos esse filme… mas com toda certeza precisávamos dele.

 

Preso em um espaço temporal, e determinado a conseguir o meu diploma no curso de Publicidade decidi interagir com o grande público e conseguir o máximo de informações para minhas pesquisas recentes além, é claro, de falar das coisas que mais gosto no mundo de uma maneira despreocupada e divertida. Ainda me pergunto se isso é a vida real ou apenas uma fantasia e como posso tomar meu destino nas minhas mãos antes que seja tarde demais...

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