Crítica | Mortal Kombat [2021]

Nota
3

“A Marca do Dragão indica que você foi escolhido para lutar pela Terra. É um convite, para lutar no que chamam de Mortal Kombat.”

Hanzo Hasashi vivia calmamente com sua família em uma vila do Japão, mas um pesadelo foi iniciado no momento em que Bi-Han, um poderoso guerreiro da Lin Kuei, chegou à sua casa e assassinou o último guerreiro Shirai Ryu e sua família, o que ele não sabia é que a filha caçula de Hanzo sobreviveu, uma bebê que foi resgatada por Raiden e pode ser a chave da profecia que salvará Earthrealm. Os anos se passaram, a linhagem de Hanzo continuou se perpetuando em segredo, e o momento crucial para a história de Earthrealm está chegando: Exoterra venceu os últimos nove torneios Mortal Kombat, caso eles vençam o décimo, eles poderão invadir a Terra e assumir o controle dessa dimensão.

O torneio está se aproximando, Cole Young nasceu com a Marca do Dragão, o que o classifica como um dos concorrentes do torneio, e o que o faz cruzar os caminhos com Jax BriggsSonya Blade enquanto está fugindo dos ataques de Sub-Zero, um encontro que o ajuda a entender melhor sobre o seu destino e o coloca, junto com Kano, um mercenário do Clã Dragão Negro, numa busca pelo mítico Templo de Raiden. Longe dali, Raiden está buscando reunir os campeões destinados a defender Earthrealm, o que o faz enviar Liu Kang, o guerreiro da Ordem Shaolin da Luz, para encontra-los, e encube Kung Lao de treina-los. Em Exoterra, o grande Shang Tsung reúne seus guerreiros, enviando Mileena, o Reptiliano SyzothNitara, o Príncipe Goro, Kabal e o General Reiko para eliminar o máximo de campeões de Earthrealm.

Depois do fracasso da trilogia dos anos 90, a ideia de adaptações da franquia Mortal Kombat ficou num limbo interminável por anos, até que, em 2010, o curta Mortal Kombat: Rebirth, dirigido por Kevin Tancharoen, chamou a atenção da Warner Bros, garantindo a possibilidade de um reboot dirigido por Tancharoen. Com o tempo, e os problemas de orçamento, Tancharoen saiu da produção, o que abriu as portas para, em 2015, o projeto ser retomado por James Wan, como produtor, e contratar Simon McQuoid, como diretor, e Greg Russo, como roteirista, iniciando o planejamento do filme que foi finalmente lançado em 8 de abril de 2021. Com uma premissa mais fiel à mitologia dos jogos, o longa começa com o pé direito, enchendo-se de sequencias que esbanjam fanservice, mas se encaminha por uma trama que perde a atenção dos verdadeiros fãs.

Com um elenco que parece conviver em harmonia perfeita com o desenrolar do enredo, o longa tinha tudo para se tornar o maior evento cinematográfico da franquia Mortal Kombat, mas tudo é colocado a perder por conta das falhas que, em meados do longa, começam a fugir demais da mitologia e se desarmonizar com a proposta que os fãs possam esperar. Protagonizado por Lewis Tan, que fez parte do elenco de Mortal Kombat: Legacy, o longa cria um personagem único através de Cole Young, cheio de potencial para se encaixar na mitologia da produção de diversas formas, mas com uma evolução que destoa completamente do que a franquia pede. A ideia da inserção das Arcanas faz com que muitos elementos se encaixem mais facilmente, como a explicação do motivo de os campeões humanos terem poderes especiais, mas se prejudica justamente pela forma como os poderes de Sonya e Cole são desenvolvidos, nos apresentando poderes que não se encaixam em nada com a personalidade dos mesmos ou com as habilidades que os personagens possuem nos jogos. Tadanobu Asano se encaixa como uma luva no papel de Raiden, trazendo um ar austero ao personagem, e marcando sua presença mesmo com um tempo de tela reduzido.

Outro ponto forte do longa é a forma como os personagens de Jessica McNameeJosh Lawson Mehcad Brooks são introduzidos à trama de uma forma fluida, dando até a chance de o longa desenvolver um plano de fundo que os leve diretamente até o visual que os eternizou nos jogos (como a cicatriz de Kano e os braços mecânicos de Jax). Mas quem realmente brilha no longa são os personagens de Joe TaslimHiroyuki Sanada, a eterna guerra que existe entre Bi-Han/Sub-Zero e Hanzo/Scorpion se fortalece no desenrolar do longa, criando as sequencias mais empolgantes da produção e deixando um ar de continuidade que só se fortalece com alguns easter-eggs do longa. Apesar de apelar muito para as conexões com a mitologia dos jogos, Mortal Kombat traz um protagonista deslocado, um roteiro cheio de incoerências e um desequilíbrio causado principalmente por algumas infelizes escolhas. No fim das contas, só nos resta torcer por uma sequencia que se corrija, que encontre seu centro de equilíbrio e faça escolhas que aprimorem o, já deteriorado, enredo iniciado.

“Eu não sou mais Bi-Han. Eu sou Sub-Zero.”

 

Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.

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