Crítica | Morbius

Nota
2.5

No mesmo mês que se iniciou com a chegada do maior representante dos fãs de morcegos das HQs nos cinemas chega também, após uma longa e nada ansiosa espera, a mais nova investida da Sony no Universo do Homem-Aranha sem Homem-Aranha: Morbius.O filme do inimigo vampiresco favorito dos fãs do Amigão da Vizinhança foi anunciado em 2018, após o lançamento de Venom (2018), em uma tentativa de a Sony construir seu próprio Universo Marvel da Sony com os personagens da Marvel que lhe cabem. Tendo Jared Leto como o personagem título o filme podemos dizer que esse é o filme que ninguém esperava ou pediu.

Após o modesto sucesso do primeiro filme do Venom, com Tom Hardy, a Sony aparentemente decidiu o tom que gostaria de manter nos seus filmes, tendo uma energia mais puxada para o terror e suspense, ao contrário que sua parceira Marvel/Disney e, aparentemente, o filme do Morbius, o Vampiro Vivo seria ideal para essa empreitada. Michael Morbius (Leto) é uma das maiores mentes cientificas mundo no filme, reconhecido cientificamente pela criação de um modelo de sangue artificial, mas que, por ironia do destino, sofre com uma doença rara no seu sangue. Sua vida foi dedicada pela busca da possível cura da doença, motivado principalmente em ajudar seu melhor amigo, e irmão de sangue, Lucian/Milo (Matt Smith), essa busca acabou por se tornar sua vindoura maldição vampiresca, o tornando então aquele que os fãs de quadrinhos conhecem como “O Vampiro Vivo”.

Para quem acredita na chamada “Fórmula Marvel de fazer filmes”, tenha total certeza de uma coisa: A Sony está tentando fazer sua própria fórmula e tenham certeza que não está saindo da melhor forma. O filme tem o mesmo nível de desenvolvimento do primeiro filme do Venom, com a descoberta de algo que mudará a vida do protagonista de uma forma trágica e irá lhe arrastar para um novo mundo, onde deverá controlar sua fera interior em um tom trágico recheado de CGI. A grande verdade é que Morbius tinha um certo potencial de desenvolvimento caso não estivesse sendo usado numa construção de universo extremamente confusa.

Os personagens apresentados são extremamente carismáticos a sua maneira, com grandes aplausos a Matt Smith que rouba a cena em todos os momentos que aparece fazendo com que você espere por mais dele, estando extremamente confortável e livre no papel. Jared Leto, por outro lado, está trazendo todo seu tom dramático no papel, você consegue ver ele como um Michael Morbius sofredor e lutando contra a besta interior e, caso goste do ator, torce para que o filme seja bom em algum momento para fazer valer a pena para ele – não que seja o pior filme do mundo, mas Leto merecia mais depois de ter sofrido com seu Coringa não ser reconhecido como deveria – e talvez acabar com seu azar em filmes baseados em HQs. Infelizmente não foi esse o seu momento e talvez nunca chegue.

Daniel Espinosa aparentemente não sabia muito bem o que fazer com a história, o filme parece que tinham partes faltando para complementar certas cenas e trazer mais peso. Grandes cenas recheadas de CGI, tom escuro em tela e efeitos especiais que se tivessem sido na época do Aranha de Andrew Garfield funcionariam melhor. A história de um médico que vira monstro já foi contada antes e de formas extremamente melhores. E o que falar das duas cenas pós-crédito que não fazem sentido algum para o que foi construído em todas as franquias do Homem-Aranha nas duas empresas? Por fim é importante dizer que o filme não é realmente a pior coisa do mundo, valeria a pena se fossem em outros tempos em que não estaríamos acostumados ao que temos com a Marvel/Disney e, talvez, com as tentativas da DC/Warner. Morbius é o filme que ninguém pediu, não tem público-alvo e muito menos reconhecimento digno. Assistam pelo Matt Smith.

 

Pernambucano, jogador de RPG, pesquisador nas áreas de gênero, diversidade e bioética, comentarista no X, fã incontestável de Junji Ito e Naoki Urasawa. Ah, também sou advogado e me arrisco como crítico nas horas vagas.

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