Crítica | Minha Vida em Marte

Nota
3

“Ninguém casa para se separar, é para ser para sempre”

O que fazer quando um relacionamento já não é o mesmo? Sendo continuação da comédia Os homens são de Marte… e é pra lá que eu vou e baseada na peça de mesmo nome, Minha Vida em Marte mostra o dilema em que Fernanda (Mônica Martelli) enfrenta em com seu casamento com Tom (Marcos Palmeira), uma história de amor que durou oito anos, após o fim do primeiro filme, mas acabou por encontrar barreiras para a manutenção da felicidade. Fernanda representa inúmeras pessoas com problemas conjugais que buscam a salvação para os seus relacionamentos ou, dependendo da situação, a sua busca por si mesmos.

Nessa busca, Fernanda conta novamente com a ajuda do seu melhor amigo e sócio Aníbal (Paulo Gustavo), que está presente na sua vida há anos. O amigo acompanha na sua saga, sendo ora o anjo ora o diabo no ombro em questão de conselhos. A dinâmica entre Paulo e Mônica é maravilhosa de se assistir, assim como no primeiro filme.  A relação dos protagonistas é feita de forma fluida e despretensiosa, que a impressão que fica é que vemos dois amigos em cena. É interessante perceber que a química entre Mônica Martelli e Marcos Palmeira não se mantém tão bem, os dois não casam — com o perdão do trocadilho — 100% em seus papeis quanto antes, porém podendo ser o artifício utilizado para dar a sensação de desconforto tanto quanto os próprios personagens têm. O filme segue mostrando as decisões de Mônica em relação a sua vida, amor e aventuras, conseguindo arrancar boas risadas e tendo seus momentos “vergonha alheia”, típicos de filme nacional, o que já é um marco e não necessariamente ruim.

O filme, por ter mais orçamento e possibilidades que a peça em que é baseado, nos leva das praias do Rio de Janeiro à Times Square, mas peca com cortes e passagem de tempo que poderiam ser melhor feitos. Outro problema fica por conta da filha do casal, a Joana (Marianna Santos), que poderia ser melhor explorada no decorrer do filme, principalmente em relação à consequências dos acontecimentos, que aparentemente não deixaram sequelas em uma criança de 8 anos. Em relação à qualidade técnica, o filme mantém os padrões brasileiros e não é nada “novo” ou surpreendente, apenas bom.

Minha Vida em Marte é um filme que conversa com você, faz com que todos possam se identificar e se colocar no lugar da Fernanda, seja homem ou mulher.  Afinal, não é só um lado que sofre pelas crises de relacionamento. É gostoso de assistir e de se pegar imaginando: “será que eu faria isso?” ou “isso é a minha cara”. É um filme de puro entretenimento se formos comparar  com a obra original, porém é capaz de fazer você refletir em alguns pontos sutis. É um filme divertido, simples e que não deixa sensação nenhuma de peso ao acabar.

Pernambucano, jogador de RPG, pesquisador nas áreas de gênero, diversidade e bioética, comentarista no X, fã incontestável de Junji Ito e Naoki Urasawa. Ah, também sou advogado e me arrisco como crítico nas horas vagas.

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