Crítica | Meu Nome É Gal

Nota
4

Em Meu nome é Gal, cinebiografia da vida de Gal Costa (interpretada por Sophie Charlotte), acompanhamos a vida da baiana que, ainda jovem e tímida, sai de sua cidade natal para aventurar-se na Cidade Maravilhosa (RJ) da década de 60. Lá, ela encontra seus amigos Caetano Veloso (Rodrigo Lelis), Gilberto Gil (Dan Ferreira), Maria Bethânia (Dandara Ferreira) e Dedé Gadelha (Camila Márdilla). Juntos, eles enfrentarão os horrores da Ditadura Militar (1965-1985) e formaram o Tropicalismo, movimento artístico-cultural que tinha o objetivo de denunciar a realidade brasileira e renovar o estilo musical da época.

Infelizmente, Gal Costa não pôde assistir ao filme antes de sua partida, mas, se o visse, muito provavelmente estaria orgulhosa pela forma como foi representada. Um dos primeiros acertos do longa foi o recorte temporal apresentado: do surgimento de Gracinha no Rio de Janeiro até o concerto de Fa-tal, apresentado em 1971, que foi um marco em sua carreira. Logo, não espere altos e baixos, muito menos detalhes sobre sua vida pessoal. Meu nome é Gal apresenta o poder de Gal Costa enquanto artista num período obscuro do nosso país.

Conforme foi dito, o recorte temporal foi somente um dos acertos do longa, porque o verdadeiro acerto está relacionado à escolha do elenco. Sophie Charlotte não é fisicamente parecida com Gal Costa – podemos concordar com esta afirmação –, mas consegue interpretar muito bem todo o processo de transformação da cantora até chegar no que conhecemos hoje como Gal Costa. Inclusive, a atriz canta em alguns trechos do longa. Ainda em relação à aparência, os outros personagens são bastante (foca no bastante) parecidos com as personalidades que interpretam. Os atores Rodrigo Lelis e Dan Ferreira entregam excelentes atuações, fazendo jus ao papel de coprotagonistas, isso porque os personagens que eles interpretam foram fundamentais na trajetória artística da cantora. Além deles, ainda temos a Dandara Ferreira interpretando Bethânia e dirigindo o filme, uma pena que teve pouquíssimo tempo de tela.

Em uma das cenas, numa entrevista a uma jornalista, Gal afirma que não quer falar de sua vida pessoal, mas sobre a música. Somente. Aqui, o espectador entende o porquê de alguns arcos narrativos não serem explorados, como, por exemplo, a relação da protagonista com sua mãe ou a relação afetiva entre Gal e Lélia. Porém, são apresentados, mesmo que não sejam esclarecidos. Talvez, seja assim que a artista quisesse que fosse contada a sua vida: somente sobre sua vida artística. Apesar de considerar um ponto negativo no meio de tantos adjetivos, é totalmente compreensível que o roteiro não se aprofunde nessas questões.

E se na cinebiografia faltaram cenas importantes sobre a carreira da Gal Costa – afinal, impossível resumir a vida de uma das maiores vozes do Brasil em 87 minutos –, os créditos do filme apresentam esses momentos icônicos. Apesar de não ser o ideal, ao menos foram lembrados, por isso recomendamos que assistam até o fim. Em suma, Meu Nome É Gal é uma belíssima homenagem à artista e nos mostra o quanto o tropicalismo e a MPB foram um refúgio e um respiro para muitos no período de Ditadura. A única certeza de temos ao término da produção é: Gal, você sempre será lembrada.

 

Universitário, revisor. E fotógrafo nas horas vagas.

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