Crítica | Homem-Aranha (Spider-Man) [2002]

Nota
4.5

“Lembre-se, com grandes poderes vem grandes responsabilidades.”

Peter Parker (Tobey Maguire) nunca teve muita sorte na vida. Perdendo seus pais muito cedo, o rapaz foi criado por seus tios, e sua maneira atrapalhada e introvertida o deixava em escanteio no ambiente escolar, fazendo com que seu único companheiro seja o seu velho amigo Harry Osborn (James Franco), que representa tudo aquilo que ele não consegue ser. Mas, após uma excursão ao laboratório de genética para acompanhar a exposição de aranhas, Peter vê sua vida mudar drasticamente.

Uma das espécimes geneticamente modificadas foge de sua gaiola, picando o rapaz enquanto ele fotografava sua vizinha e seu grande amor platônico, Mary Jane Watson (Kirsten Dunst). Acontece que a picada faz transformações em seu físico, trazendo poderes magníficos que ele pouco entende. Tentando tirar proveito de suas novas habilidades e ignorando completamente os conselhos do seu Tio Ben (Cliff Robertson), Peter inscreve-se em uma luta de exibição, adotando assim o nome de Homem-Aranha.

Mas, após sair do ringue, o rapaz descobre que seu tio foi assassinado por um ladrão que ele deixou escapar. Transtornado com as consequências de seus atos, Peter decide usar seus poderes para combater o mal enquanto uma ameaça macabra se ergue pelos ares da cidade de Nova York.

No final da década de 90, a Marvel encontrava-se quebrada, precisando vender os direitos de alguns de seus maiores heróis para poder manter suas portas abertas, abrindo uma vasta possibilidade para adaptações de seus quadrinhos, mas, o gênero cinematográfico de super-heróis ainda causava certa estranheza em solo Hollywoodiano, trazendo sérias questões sobre o que fazer com tais conteúdos. Tudo mudou quando um certo grupo de mutantes ganhava as telas, conquistando critica e público e abrindo alas para um dos mais conhecidos heróis dos quadrinhos.

Dirigido por Sam Raimi e roteirizado por David Koepp, que utilizou como base os rascunhos de James Cameron para um antigo projeto do aracnídeo, o Homem-Aranha ganhava sua primeira versão cinematográfica, abraçando o colorido dos quadrinhos enquanto entregava uma trama emocionante e sensível sobre a origem do herói mais amado da Marvel.

Carregado de cores brilhantes e com cenas eletrizantes, Homem-Aranha da voz a seu protagonista, trazendo tramas interessantes e momentos memoráveis que marcariam a história do cinema. Raimi constrói uma direção dinâmica, que sabe aproveitar cada momento do longa, crescendo de maneira orgânica e prendendo o espectador a cada nova virada da trama.

A origem do herói é estabelecida nos primeiros 25 minutos do filme, deixando preparado o terreno e criando com mestria a problemática apresentada trazendo uma mistura equilibrada e coesa para a história de origem aqui mostrada. Raimi sempre procura evidenciar a ligação da população com o Cabeça-de-teia, estabelecendo um elo inenarrável que diz muito sobre o seu protagonista e o enorme cuidado que ele sente com a vida humana.

As sábias decisões tomadas no roteiro engrandecem ainda mais o personagem, nos fazendo criar um verdadeiro vínculo emocional com sua persona e acompanhar avidamente sua jornada como herói. Embora Tobey não seja o melhor ator no elenco, ele consegue nos cativar a cada nova vertente, trazendo um Peter mais bobão e ingênuo que abrilhanta ainda mais seu lado heroico. Sua evolução ao longo da narrativa é simplesmente esplêndida e seus problemas cotidianos conseguem criar um espelho moral com o público, que entende perfeitamente seu personagem.

A trama se mostra tão envolvente que cada personagem secundário tem um papel fundamental para a construção do caráter do Aracnídeo. Como é o caso do icônico Tio Ben, que entra como uma figura paterna que aponta as consequências dos atos impensados do protagonista. Roberton traz uma presença marcante que ecoa ao longo do filme, nos lembrando constantemente do peso de sua sabedoria que, assim como seu protagonista, não soubemos aproveitar.

J.J. Jamerson é o chefe responsável pelo Clarim Diário, que constrói uma verdadeira guerra sensacionalista contra o amigo da vizinhança. Rabugento, intolerante e extremamente narcisista, o personagem tem alguns dos melhores momentos da trama, demonstrando que J.K. Simmons foi um dos melhores acertos do filme. O carisma do ator consegue transpor a tela e conquistar os fãs roubando cada uma das cenas em que está inserido. É impossível desassociar o personagem da atuação impecável do ator, tornando um dos momentos únicos em que, o irritante mas cativante redator parece ter sido criado para o artista que o vive.

Kirsten encarna o grande mal da década, servindo apenas como a mocinha em constante perigo que precisa ser salva pelo protagonista. Mas, mesmo entrando nesse estereótipo, a Mary Jane consegue ter uma maior profundidade, demonstrando seus desejo em sair de um lar abusivo e ser independente a sua própria maneira. Tia May (Rosemary Harris) é a doçura em pessoa. Seu senso humano é sua bondade são a bússola moral do protagonista, fazendo com que cada momento em que apareça se torne poderoso e emotivo por diferentes maneiras.

Mas, quem verdadeiramente rouba a cena é Willem Defoe que incorpora toda a insanidade de seu antagonista. O controle corporal absurdo de Defoe impõe todo o medo necessário para a construção do personagem que, desde seu primeiro segundo de tela, já passa a imagem de um monstro encoberto pelo cientista poderoso. A ganância e o seu desejo de poder servem como contraponto para a origem de Peter, trazendo a tona toda loucura pela rejeição ao não conseguir que quer, a ponto de injetar em si mesmo um soro ainda não testado.

O Duende Verde eleva à máxima potência a prepotência de Norman Osborn, trazendo um paralelo latente entre O Médico e o Monstro, definindo uma megalomania sem limites de um ser que luta contra o sistema que tomou tudo aquilo que era seu. O confronto final se mostra ainda mais pessoal, trazendo duas vertentes de caráter que engrandece ainda mais aquilo que nos é mostrado. Mas, se o filme acerta em toda construção para o embate e no desenvolvimento de suas personas, ele peça no visual do vilão, que restringe o poder facial de seu interprete e tira grande parte do peso em algo robótico e bastante apático.

Com momentos icônicos e uma construção impecável, Homem-Aranha traz uma obra de qualidade que redefiniria a visão dos heróis dentro das telas. Tendo plena consciência do papel de seu protagonista, o longa aposta no alvo certo e traz aquilo que mais importa no aracnídeo mais amado do mundo: seu coração e preocupação com aqueles que estão ao seu redor. Afinal, não é a toa que o cabeça-de-teia seja tão identificável entre as grandes levas, pois é o mais humano entre eles.

“- Quem é você?
– Você sabe quem eu sou. O seu amigo de sempre, o Homem-aranha.”

 

Preso em um espaço temporal, e determinado a conseguir o meu diploma no curso de Publicidade decidi interagir com o grande público e conseguir o máximo de informações para minhas pesquisas recentes além, é claro, de falar das coisas que mais gosto no mundo de uma maneira despreocupada e divertida. Ainda me pergunto se isso é a vida real ou apenas uma fantasia e como posso tomar meu destino nas minhas mãos antes que seja tarde demais...

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *