Crítica | Gran Turismo: De Jogador a Corredor (Gran Turismo)

Nota
4

“Os melhores jogadores de Gran Turismo do mundo têm a chance de competir numa corrida profissional.”

Em 1992, Kazunori Yamauchi decidiu reunir um grupo de pessoas para produzir um jogo de corrida que fosse o mais fiel possivel com as corridas automobilisticas reais, um trabalho que durou cinco anos e alcançou resultados inimaginaveis. Em 2011, Jann Mardenborough, um garoto de 19 anos que é filho do futebolista inglês Steve Mardenborough, mostra toda a sua proeficiencia em Gran Turismo ao vencer 90.000 outros participantes e garantir uma vaga para participar da GT Academy, um programa que reúne os dez melhores jogadores de Gran Turismo e os treina para que um deles possa se tornar piloto automobilistico profissional. Longe de ser uma adaptação do jogo, o filme é uma biografia do galês apaixonado pelo simulador de corridas da Sony que consegue se tornar piloto profissional.

Uma história de um jogador de videogame subestimado pela familia que consegue se provar e se tornar famoso realizando seu sonho é, com toda certeza, uma história que facilmente cai nas graças do público e se torna uma filme mega aguardado, mas será que a pura realidade é suficiente para o longa se sustentar? Com roteiro de Jason Hall e Zach Baylin e direção de Neill Blomkamp, o enredo constroi a evolução e amadurecimento de seu protagonista para se tornar o grande nome que marcou o automobilismo, e é através de Mardenborough que essa história parece se fortalecer. Apesar de começar de forma lenta, mostrando os conflitos familiares de Mardenborough em paralelo com a busca de Danny Moore (personagem criado para o filme e livremente baseado em Darren Cox) para convencer a Nissan a criar um programa para transformar jogadores de Gran Turismo em pilotos de verdade, o longa começa a ganhar força quando Jann passa a integrar a GT Academy, mesmo que grande parte do que é contado no filme acabe surgindo como livre criação dos roteiristas para preencher as brechas de história não documentadas e para fazer o filme soar mais dinamico, como é o caso dos floreios que existem na relação entre Jann e Jack Salter (outro personagem original e que se acredita ser baseado em Gavin Gough e outros membros da equipe técnica da época) ou dos exageros no desenvolvimento pessoal de Mardenborough para fortalecer ainda mais o homem que, na vida real, se tornou o caso mais bem sucedido da GT Academy.

O protagonismo do filme, a cargo de Archie Madekwe, consegue convencer, o ator consegue encarnar facilmente o espirito de Jann, o que deve ter sido ainda mais fácil considerando o envolvimento do piloto no filme (que chegou até a ser dublê do ator em muitas cenas de corrida), e vai cativando o espectador a cada nova virada e superação, que são muitas por cortesia do roteiro. Já o Danny de Orlando Bloom consegue transmitir o clima confuso de um executivo, ficamos o tempo todo tentando entender se ele quer ver o projeto funcionar ou se só quer que o projeto fortalece seu nome, o filme brinca ao colocar cenas de manipulação que são habilmente desempenhadas por Bloom, e que deixam claro o motivo de ter sido criado um personagem para o longa, afinal eles queriam um personagem que se destacasse por seu carater duvidoso. O contraponto fica a cargo do Salter de David Harbour, um ex-piloto que se viu renegado ao papel tecnico e perdeu sua época de glória e, apesar de ser rude e rigoroso com os escolhidos para a GT Academy, começa a enxergar o potencial e o espirito em Jann, se tornando seu principal apoio e lutando para não ver o garoto repetir seus passos. Subutilizado no filme, Djimon Hounson desempenha o papel do pai imcomrpeensivo, que não enxerga potencial no filho mais velho, não apoia seu sonho de ser piloto, mas aposta todas as suas fichas no caçula, que está buscando se tornar jogador de futebol, infelizmente o ator tem pouco tempo de tela para realmente ter uma exploração e acaba se tornando o puro clichê do pai descrente.

Espetaculoso e gostoso de assistir, Gran Turismo lembra uma mistura de Karate Kid e Velozes e Furiosos, mostrando que sabe ser um bom filme baseado numa história de jogo e falhando um pouco ao abusar nas licenças poéticas para fazer a história de Jann Mardenborough parecer mais bonita. Com seu roteiro agradavel, o longa distorce a linha do tempo e faz parecer que Jann fez parte da primeira edição da GT Academy e não da terceira, além de trazer um momento polemico da carreira de Mardenborough para fora da linha cronologica e como artificio dramático para manter o funcionamento de uma Jornada do Héroi onde deveriamos estar vendo realidade, o que torna a trama um pouco previsivel e clichê, mas não torna o filme um desastre.  Takes aéreos primorosos, tomadas que colocam o espectador no lugar do piloto e gráficos do jogo que alternam as cenas de corrida reais com corridas virtuais são alguns entre os acertos visuais que, somados à fotografia exuberante e a trilha divertida, fazem o filme funcionar bem para o publico em geral, identependente de se são ou não fãs de Gran Turismo ou de automobilismo. Apesar de tudo, o longa tem suas falhas, nada que faça o filme se tornar ruim, mas se você espera uma biografia fiel ou uma fidelidade à cultura automobilistica, é melhor abrir mão dessa expectativa ou escolher outro filme.

 

 

Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *