Crítica | Frozen II

Nota
5

“I’ve had my adventure, I don’t need something new
I’m afraid of what I’m risking if I follow you … Into the unknown”

Ao norte da reino de Arendelle, existia uma floresta encantada repleta de segredos e magia, com um povo que vivia em harmonia com os espíritos que protegiam e traziam prosperidade aos habitantes da vila. Para manter a boa convivência, o antigo rei entrou em contato com os Northuldas, selando a paz com um presente para ambos mas, durante a comemoração das duas nações, uma traição foi posta em prática destruindo a calmaria e a felicidade dos reinos.

Irritados, os espíritos selaram a floresta em uma densa névoa, prendendo todos aqueles que estivessem em seus domínios e impedindo qualquer ser de entrar no Reino mágico. E a historia se tornou lenda, a lenda se tornou mito e os espíritos adormeceram mais uma vez esperando o momento de despertarem.

Três anos depois da coroação da nova rainha, Arendelle vive um tempo de paz e prosperidade. O povo aceitou sua soberana e ama a família real. Mas nem tudo são flores nos fiordes do Reino. Elsa (Idina Menzel) se sente confortável com sua nova vida, livre de suas amarras e feliz com sua família mas uma estranha voz a chama para ir além. O som etéreo que só ela parece ser capaz de ouvir e revela as incertezas que corroem sua alma. Perturbada pelos sussurros, Elsa acaba acordando os antigos espíritos e colocando toda Arendelle em perigo.

Agora ela, Anna (Kristen Bell), Olaf (Josh Gad), Kristoff (Jonathan Groff) e Sven partem rumo ao desconhecido em uma nova jornada épica para impedir a ruína de sua cidade. Para descobrir mais sobre o futuro eles precisam realmente desvendar o passado e talvez, dessa vez, nem os poderes da rainha sejam o suficientes para salvar a todos…

Chris Buck e Jennifer Lee criaram uma das obras mais magníficas e lembradas na última década, trazendo um sucesso estrondoso para a Disney, e redefinindo com maestria a maneira de se fazer animação. Mas, durante suas viagens de divulgação de Frozen, uma pergunta se tornou recorrente em suas entrevistas: qual a origem dos poderes da Elsa?

Esse questionamento permaneceu guardado, germinando frutos e amadurecendo uma ideia para uma continuação das aventuras congeladas do Reino da Rainha de Gelo. Mas, como replicar e engrandecer as conquistas do primeiro sem parecer forçado e sem viés para um publico tão exigente e apaixonado?

Eis que, seis anos depois do original (e dos curtas adjacentes) surge Frozen II, o 58° longa de animação do estúdio e a quinta continuação a fazer parte do seleto grupo de Clássicos Disney. Tomando como pontapé inicial esse questionamento, o longa procura não só revisitar os cenários e personagens amados pelo público como expandir seu universo e mitologia. Tudo parece mais grandioso, épico e belo do que lembrávamos trazendo uma historia bem estruturada que tem muito o que nos contar.

Com um tom mais sombrio e adulto, o longa conta uma jornada de amadurecimento revisitando os contos clássicos de Hans Christian Andersen, que introduzem elementos sagazes a narrativa. O visual impecável do filme nos mostra o quanto evoluímos nas artes gráficas nos últimos anos. Existem momentos em que realmente nos questionamos se aquele determinado trecho é ou não real, transformando algo que já nos encantava em uma jornada magnifica que ficará gravada em nossas memórias. Tudo aqui é pensado com maestria, desde a paleta de cores, que da um novo aspecto aos conhecidos cenários, até as texturas aplicadas em outros momentos, que nos deixam embasbacados com tanta beleza e vida.

O enredo nos convida a conhecer o passado e demonstra o quão poderoso ele pode ser, sabendo algumas duvidas de seus fãs e destruindo inúmeras teorias no percurso. O longa apresenta uma crescente magnífica, trazendo uma jornada épica que emociona e encanta enquanto engrandece ainda mais o que achávamos conhecer do primeiro longa. E, mesmo se levando a sério, o longa não perde seu humor que aparece nos momentos certos e trazem uma leveza sublime a trama.

Elsa não precisa mais fingir ou fugir daqueles que ama. A Rainha de Arendelle é aceita e amada pelo povo, mas ainda não se sente encaixada em seu papel. Relutante a seguir seu destino, ela é levada ao seu extremo enquanto descobre novas maneiras de se sentir bem consigo mesma se livrando das amarras que tanto tempo estiveram presentes em sua vida. Elsa ganha novos ares ao entrar na floresta, se ligando a seu habitantes e descobrindo ainda mais sobre aceitação e crescimento, deixando aos poucos de ser a garota preocupada e receosa que precisa parecer invisível e se controlar o tempo todo.

Anna se sente responsável pela irmã. Tomando para si o papel de cuidar da mesma, a princesa deixa de notar alguns detalhes importantes por apenas ter olhos para ela. Mas, se na primeira metade do longa ela parece apenas puxar Elsa para baixo, sufocando a mesma (e a nós) com sua proteção constante que impede a mesma de seguir seu caminho, no arco final ela de mostra uma força magnífica demostrando que não precisa de super poderes para se fazer a coisa certa.

Kristoff esta pronto para dar o próximo passo, mas sua falta de jeito nos traz algumas das cenas mais hilárias do longa. É também aqui que ele ganha um novo destaque, quando acompanhamos mais de seus pensamentos curiosos que conduz a uma sequência impagável que é, com toda certeza, uma das melhores do filme. Olaf tem agora a mentalidade de uma criança, sabendo ler e escrever, o boneco de neve está em uma fase de questionamentos profundos e filosóficos que conduzem a teorias magníficas que nos arrancam gargalhadas a cada nova cena. O boneco ainda tenta se descobrir, indagando tudo ao seu redor e aceitando que algumas coisas só farão sentido quando ele for mais velho.

No quesito musical, o longa aborda temas mais épicos que arrancam arrepios mas não tem tanto apelo quanto os do longa anterior. Se a primeira trilha grudou em nossas mentes, essa nos convida a um passeio mais melancólico que não é ruim mas não marca tão profundamente assim.

Começamos com a etérea All Is Found, onde a Rainha Idina (Evan Rachel Wood) nos embala em uma canção de ninar fabulosa e encantadora que define o tom que a narrativa vai tomar enquanto nos apresenta com maestria a pontos chaves da história. Some Things Never Change é uma ótima introdução, nos mostrando como está o cotidiano dos personagens agora, e o quão felizes eles estão em estar naquele momento… Mesmo que algumas coisas estejam sim mudando ao seu redor e eles prefiram ignorar.

Into The Unknown trás o primeiro ponto de virada da história. É aqui que Elsa exprime seu desejo de ir além e seu medo de perder aquilo que conquistou. Seus dilemas em não ter alguém que realmente a entenda entra em conflito com sua felicidade atual, criando uma contradição magnifica que vai engrandecendo ainda mais a arrepiante canção. When I Am Older trás os divertidos questionamentos de Olaf, que deseja acima de tudo crescer para finalmente entender o que acontece ao seu redor.

Lost In The Woods trás uma balada romântica dos anos 80, e é uma das melhores sequências do longa. Divertida, emotiva e extremamente engraçada, a música desperta nossa nostalgia e serve como um bom alivio cômico no meio do tenso terceiro ato. Show Yourself é simplesmente épica, trazendo toda maturidade que o filme vinha apresentando e quanto culmina em uma das cenas mais grandiosas do longa. E encerramos na emocionante The Next Right Thing que nos da uma valorosa lição de continuarmos mesmo que tudo pareça perdido.

Épico, maduro e encantador, Frozen II não deve em nada a seu antecessor e constrói uma trama rica e profunda que não só expande seu universo, mas leva sua história a um novo patamar. Assim como dois flocos de neve nunca são iguais em sua perfeição, essa continuação nos ensina a deixarmos de lado o medo de estragarmos a experiência prévia e partirmos para uma jornada de transformação rumo ao desconhecido.

“Where the north wind meets the sea
There’s a river full of memory
Sleep, my darling, safe and sound
For in this river all is found
All is found
When all is lost, then all is found”

Preso em um espaço temporal, e determinado a conseguir o meu diploma no curso de Publicidade decidi interagir com o grande público e conseguir o máximo de informações para minhas pesquisas recentes além, é claro, de falar das coisas que mais gosto no mundo de uma maneira despreocupada e divertida. Ainda me pergunto se isso é a vida real ou apenas uma fantasia e como posso tomar meu destino nas minhas mãos antes que seja tarde demais...

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