Crítica | Esquadrão Suicida (Suicide Squad)

Nota
2

“We’re bad guys, it’s what we do”

O mundo mudou quando o Superman voou pelo céu, e mudou outra vez quando ele deixou de voar. A Terra perdeu seu maior herói mas o que acontece quando um outro Superman aparecer e não for tão heroico quanto o primeiro? Amanda Waller (Viola Davis) tem plena ciência dos riscos e planeja juntar o pior dos piores para cumprir missões que nenhum herói se preocupa em executar.

Ela então reúne a Força Tarefa X, com os piores criminosos que poderiam encontrar: o matador de aluguel Pistoleiro (Will Smith), a rainha do crime de Gotham Arlequina (Margot Robbie), o ex-gângster meta-humano El Diablo (Jay Hernandez), o monstruoso Crocodilo (Adelawe Akinnuoye-Agbaje), o ladrão oportunista Capitão Bumerangue (Jai Courtney) e o especialista em assassinatos Amarra (Adam Beach). Obrigados a seguir as ordens do coronel Rick Flag (Joel Kinnaman), o grupo parte em uma missão suicida para combater uma poderosa entidade que pode destroçar o breve equilíbrio que o mundo encontrou. Mas seriam os vilões capazes de enfrentar um perigo que nem os heróis conseguiram?

O universo compartilhado da DC não passava por bons momentos. As duras críticas feitas a seu longa anterior fizeram os executivos da Warner repensar os projetos já em andamento e reformularem os mais esperados pelos fãs. Esquadrão Suicida, infelizmente, foi um desses casos. Com um elenco de peso, efeitos magníficos e uma trilha sonora impecável o filme peca em sua montagem, temendo assumir seu manto e parecendo uma mescla mal feita de duas ideias distintas.

A direção de David Ayer parece suprimida e seu toque esquecido durante o processo. A fotografia continua linda, com cores neon destacando contra o fundo sombrio e trazendo uma sequência de apresentação memorável para cada um dos protagonistas, inserindo o público na loucura caótica das mentes mais tenebrosas da DC.

Os cortes mal feitos e incômodos trazem um filme claramente alterado e com medo de ser o que foi idealizado para ser. A mescla entre o humor sombrio com as cores chamativas cria um efeito visualmente belo, e agradável, mas nos faz imaginar tudo que o filme poderia ser sem passar pelas mãos dos executivos e o medo das criticas. Até assuntos mais problemáticos (como o relacionamento abusivo entre Arlequina e Coringa) passam por um filtro que cria mais problemas que soluções. A romantização do casal traz uma mensagem extremamente errada ao longa que em nada acrescentam na critica social criada nos quadrinhos.

Mas, se o filme pecou em seus aspectos técnicos ele acertou em cheio em um dos quesitos mais importantes: o carisma de seus personagens. A Arlequina de Margot Robbie é impecável. A palhacinha parece ter saltado dos quadrinhos para a telona com toda sua insanidade e sexualidade, além de uma língua ferina de alguém que pode te fazer rir e temer ao mesmo tempo. Margot encarna sua personagem com um respeito ímpar e entende toda complexidade que ela exige, embora o roteiro não favoreça as discussões mais pesadas da mesma ela se mostra uma das melhores coisas que o longa apresentou. Will Smith apoia-se em seu carisma natural para dar vida ao Pistoleiro. Tanto que passa boa parte do filme mostrando seu rosto para informar que aquele ali é o Will, quando a mascara seria bem necessária. Mas isso está longe de comprometer seu desenvolvimento. As camadas emotivas do personagem ganham força ao longo da trama e nos faz sentir pena do assassino, nos ligando profundamente ao personagem.

Viola Davis brilha como a detestável Amanda Waller. Seu jeito seco e cheio de si nos faz criar uma antipatia tão forte com a personagem que é ainda mais acentuada por sua frieza em executar ações nada heroicas. Amanda não está para brincadeira e fará de tudo para cumprir seu objetivo, custe o que custar. É impossível desviar os olhos quando Viola aparece e não é para menos, sua atuação é monstruosa.

Mas nem tudo são flores, e o excesso de personagens também paga seu preço. O angustiado El Diablo cria uma empatia com o público, ao passarmos levemente por seus problemas, mas sua motivação final parece forçada para um tempo tão curto. O divertido Capitão Bumerangue divide algumas das melhores piadas com a palhaça insana, aliviando a tensão e trazendo um bom clima a trama. A Katana (Karen Fukuhara) tenta aproveitar seu pouco tempo de tela, mas o roteiro não a favorece nem um pouco. Por vezes, ela simplesmente está lá.

O Flag de Joel simplesmente é jogado de um lado para o outro. O personagem não apresenta nenhuma serventia além de seu interesse romântico e vive para ser sequestrado e resgatado pelos vilões que o acompanham. Cara Delevigne nos entrega uma Magia fraca e sem carisma, com a qual o público não consegue se importar. A Bruxa tem tudo para ser um grande acerto mas a falta de tato da atriz a deixa genérica e sem graça.

E entramos então na maior fonte de discussão entre os fãs… O Coringa. Durante as gravações, muito foi dito sobre o comportamento de Jared Leto para com seu personagem. O marketing pesado sobre um dos mais icônicos vilões do Morcego se mostrou absurdo, e a promessa em torno dele foi uma das grandes bases do filme. Mas, sinceramente falando, o filme não nós deixa conhecer o personagem de fato. Leto tenta entregar um Coringa gângster, mas serve apenas como fragilizador da Arlequina. Seria mais proveitoso deixar suas aparições para flashback, onde construiria uma “boa” base para a personagem e não sua constante aparição na trama, que simplesmente não faz diferença no enredo. A distorção em trazer um Coringa apaixonado é extremamente doentia e passa uma ideia errônea sobre o personagem. O Coringa não ama a Arlequina, ele a vê como um objeto então (por favor) não tentem romantizar essa mente doentia e caótica.

Colorido e caótico, Esquadrão Suicida tinha tudo para ser um dos melhores filmes do universo compartilhado, mas nos entrega um filme alterado e sofrível com medo de assumir um lado e seguir o que se propunha a ser. Nos dando o maior exemplo que, talvez, confiar em seu instinto e não ter medo de fazer algo diferente possam sim ser a maior escolha. E que, talvez, os produtores pudessem confiar mais no público que tanto anseiam pelos novos capítulos e não tentar agradar gregos e troianos pois isso acaba não agradando ninguém no final das contas.

“What was that? I should kill everyone and scape? Ha, há. Sorry… The Voices!”

 

Preso em um espaço temporal, e determinado a conseguir o meu diploma no curso de Publicidade decidi interagir com o grande público e conseguir o máximo de informações para minhas pesquisas recentes além, é claro, de falar das coisas que mais gosto no mundo de uma maneira despreocupada e divertida. Ainda me pergunto se isso é a vida real ou apenas uma fantasia e como posso tomar meu destino nas minhas mãos antes que seja tarde demais...

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *