Crítica | Dupla Jornada (Day Shift)

Nota
4

Dupla Jornada é um longa de ação e comédia de quase duas horas de duração, que nos ambienta Los Angeles nos dias atuais e traz um tema vampiresco e bem atual. É a jornada de Bud Jablonski (Jamie Foxx) no trabalho árduo de caçar vampiros em paralelo com o de conseguir dinheiro para garantir sustento de sua família, em especial sua filha, e que recebe como seu parceiro de trabalho temporário o mega inseguro Seth (Dave Franco). A dupla passa a enfrentar diversos vampiros, dentre eles a lider, e magnata imobiliária de Los Angeles, Audrey San (Karla Souza), que quer se vingar de Bud.

Tudo começa com o clima de verão em Los Angeles, um cliche da Hollywood com várias residências enormes e piscinas sujas, que logo nos ambienta ao que realmente se trata trama: vampiros e vários cliches em torno deles, alho, estaca de madeira, não ter reflexo, etc. O filme mescla bem cenas de ação com comédia, algo bem atual mesclado com um pouco de gore em certas cenas. As cenas de dia tem sol forte, tons amarelados e azuis, trabalhando o verão na california, já as da noite tem ambientes fechados, para causar o suspense. Há muita quebra de paredes, mas nenhum jump scare, o que podia trazer mais emoção num enredo sobre vampiros. A trilha sonora não é marcante, sem oferecer muito ao filme.

Há uma cena de perseguição onde o diretor explora vários ângulos enquanto parte da ação acontece em paralelo a um jogo de vídeo game, uma montagem bem divertida. A trama também sabe utilizar da metalinguagem do próprio filme e do conhecimento prévio do público sobre vampiros, utilizando ainda referências do começo do filme para se comunicar com seu desfecho. Nas diversas cenas de corpo-a-corpo, podemos observar o feeling do diretor J.J Perry, que é conhecido pelo seu trabalho como ator, dublê e coreógrafo de luta, sua verdadeira especialidade, o que permite que o longa tenha soluções interessantes, uso de props, bons planos, lutas bem flúidas e boa utilização de armas, sempre aquela dança de foco em um personagem, passa para outro em apuros, volta para a ação, depois volta para a pessoa em apuros, para nos prender na ação, além de nos aproximar mais do protagonista, bem como desenvolver a relação dele com o seu parceiro de jornada.

Dave Franco entrega bons momentos cômicos, algumas piadas batidas infelizmente interferem em seus momentos no filme, mas não traz desconforto. Fica clara a intenção de usar aquele clássico de ‘dupla de um personagens onde um é mais atrapalhado e o outro parte para luta o tempo todo’. Vale ressaltar a participação especial de Snoop Dogg, atuando como ele mesmo e sendo uma projeção do personagem badass de filmes de ação genérico, mas ainda assim trazendo bons momentos e boas tiradas. Karla Souza cumpre seu papel como vilã intimidadora, mas seu personagem não tem muito desenvolvimento, como se seu plano maior tivesse sido esquecido na trama. Dupla Jornada não é um filme inovador onde se espere uma lição de moral ou um pensamento filosófico. Apresenta um roteiro bem simples, mas que cede bons momentos que não são cansativos. A trama faz seu papel de lhe prender a atenção e fazer rir, além de mostrar crescimento nos personagens no desenrolar da história.

 

Formado em cinema de animação, faço ilustrações, sou gamer, viciado em reality shows, cultura pop, séries e cinema, principalmente terror/horror

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *