Crítica | Duna (Dune)

Nota
4

“Meu planeta, Arrakis, é tão lindo quando o sol se põe.”

Em um futuro muito distante, no ano de 10191 para ser bem mais exato, acompanhamos o jovem Paul Atreides (Timothée Chalamet), cuja família passa a administrar o planeta desértico Arrakis (conhecido pela população nativa como “Duna“), lugar de única fonte da especiaria rara chamada “Melange“, o material mais valioso do universo, uma droga que prolonga a vida humana e fornece níveis acelerados de pensamento. Enquanto isso, uma conspiração está se formando contra os Atreides, partindo de uma família rival conhecida como Harkonnens, e o destino de Duna está eventualmente em jogo, mas o próprio Paul pode estar no centro de uma profecia anunciada há muito tempo, que ele ainda não entende.

Embora Leto Atreides (Oscar Isaac) saiba que a oportunidade é uma armadilha intrincada por seus inimigos, os Harkonnen, ele leva sua concubina Bene Gesserit, Lady Jessica (Rebecca Ferguson), seu filho e herdeiro Paul, e os conselheiros mais confiáveis para Arrakis. Leto assume o controle da operação de mineração de especiaria, que é perigosa pela presença de vermes da areia gigantes, mas uma amarga traição leva Paul e Jessica aos Fremen, nativos de Arrakis que vivem no deserto profundo.

Grandioso em diversos aspectos, o filme épico, cuja adaptação para o mundo do cinema veio com um grande desafio: atender às expectativas de uma obra clássica, densa e única. Considerado como o livro de ficção cientifica mais vendido de todos os tempos, “Duna” é continuamente apontado como um dos pilares da ficção cientifica moderna, além de ser uma das mais renomadas obras de fantasias já lançadas.

Um dos filmes mais aguardados pelo público, lançado no ano passado, tem seu reconhecimento com 10 indicações ao prêmio Oscar 2022. É o primeiro da planejada adaptação de duas partes da obra homônima por Frank Herbert, abrangendo os acontecimentos da primeira metade do livro.

Na trama, temos as brilhantes atuações de um elenco de peso, estrelado por, além dos já citados, Josh Brolin como o mestre das espadas da Casa Atreides Gurney Halleck, Stellan Skarsgård como o governador planetário Barão Harkonnen, Zendaya como a personagem misteriosa Chani, que aparece nos sonhos e visões de Paul e que terá destaque na sequência do filme. Jason Momoa também surge como o mestre das espadas da Casa Atreides Duncan Idaho, um dos melhores oficiais do Duque Leto Atreides, e Javier Bardem interpreta Stilgar.

As duas horas e trinta e seis minutos de filmes são imperceptíveis, tamanho o envolvimento proporcionado pela narrativa apresentada pelo roteiro escrito por Jon Spaihts, Eric Roth e Denis Villeneuve, que também dirige o longa, captando toda a magnitude desse universo. A obra de Frank Herbert lida com temáticas ricas e complexas como política, ecologia, religião e filosofia, por isso o roteiro toma a decisão de simplificar e introduzir muitos conceitos para o grande público – mantendo a fidelidade ao material original – e, principalmente, fazer do filme uma apresentação ao universo de Duna.

Embora Duna aposte no grande aspecto visual com exuberantes imagens e um belíssimo trabalho sonoro na obra – que tem o poder de transportar o espectador para uma outra frequência, mantendo-o em sintonia com o mundo irreal que está sendo apresentado -, a ação transcorre essencialmente como um drama de intrigas palacianas. A obra carece de sequencias de ação mais elaboradas, com mais esmero nas coreografias, permitindo assim uma melhor fluidez da trama, onde, na obra literária, o autor às vezes finaliza um capítulo sugerindo um novo conflito, no longa não é visto, causando uma expectativa, como o filme traz alguns saltos de tempo, deixa ausente partes de disputas capazes de influenciar o destino das populações.

 

Professor, escritor, tradutor, blogueiro, entusiasta em tecnologia, nerd e pseudo intelectual.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *