Crítica | Creed: Nascido Para Lutar (Creed)

Nota
4

A retomada deste clássico é indiscutivelmente uma das mais sinceras e tocantes produções cinematográficas voltadas para o esporte e às lutas do dia a dia. Lançado em 1976, Rocky: Um Lutador tornou-se um ícone da sétima arte por tratar de maneira humanizada a dramática vida esportiva e inserir o atleta de uma modalidade tão popular como o boxe em uma posição de ”gente como a gente” ao ter a feliz ideia de tratar o lado B de um esporte tão lucrativo. Com suas continuações, Rocky foi se tornando cada vez mais humano pelo fato de sua produção apresentar perdas, ganhos, derrotas e vitórias; o mesmo não podia ser diferente no longa-metragem derivado da franquia, Creed: Nascido Para Lutar, que mostra um velho lutador cheio de perdas que, apesar dos males da vida, batalha diariamente.

Creed, por outro lado, não é focado no Garanhão Italiano de Sylvester Stallone, e sim no filho bastardo do campeão Apollo Creed, o jovem Adonis (Michael B. Jordan), que tem o boxe correndo nas veias, mas, por questão de mérito, não deseja usar o nome do falecido pai que sequer conheceu. Determinado a ingressar na vida de lutador, Adonis procura Rocky Balboa a fim de convencer a lenda do boxe a treiná-lo. A louvável ideia de um personagem deveras icônico retornar às telonas como um treinador afastado dos ringues, cujo pupilo seria ninguém menos que o filho de seu rival, que depois tornara-se seu grande amigo e mentor, apostou na ousadia de desafiar os fãs mais antigos dos filmes do cultuado lutador a aderir para a modernidade dos reboots.

Não que Creed seja necessariamente um remake da franquia, já que assume as características de uma continuação direta de todos os eventos mostrados de Rocky: Um Lutador (1976) até “Rocky Balboa” (2006), além de saber traçar seus próprios caminhos e ter conteúdo para ser abordado em uma futura saga de filmes. Utilizando de um roteiro direto e dinamicamente determinado a desenvolver seus protagonistas, Ryan Coogler também assume uma direção competente, recheada de habilidades técnicas de um jovem cineasta, como longos e bem ensaiados planos sequência, planos centralizados e fechados que possibilitam o foco nos detalhes das lutas – estas que são providas de exímias coreografias – e nos treinamentos, além de fazer um excelente uso da direção de fotografia de Maryse Alberti, cujas tonalidades mais frias e a dinamicidade que acompanha os movimentos nas lutas são elementos fundamentais para uma produção dentro do universo de Rocky.

Como um bom drama ligado aos esportes possui um destaque na determinação, Creed ostenta em possuir logo 3 bons personagens que lutam em prol das próprias vidas, assumindo os fatídicos desafios do cotidiano. Somos apresentados a Adonis Johnson/Creed, cujo carisma e emprenho de Michael B. Jordan elevam o personagem, que passou parte da infância em um orfanato e nunca se identificou em qualquer outro lugar a não ser no ringue, a um dos mais interessantes da franquia, ainda mais quando fica evidente que ele não tem interesse de utilizar da fama do pai para fazer história, e sim em construir sua carreira com o próprio suor; também temos Bianca, a vizinha de Adonis e cantora em uma casa de shows, interpretada por uma inspirada e bem espirituosa Tessa Thompson, que decide aproveitar cada momento devido a um problema degenerativo que a fará perder por completo a audição; e por último, mas não menos importante, temos o nosso icônico Garanhão Italiano, desta vez divinamente interpretado por Sylverter Stallone, atuação esta que lhe rendeu um Globo de Ouro e uma indicação ao Oscar de Melhor Ator Coadjuvante, o que não foi para menos, já que o ator e produtor do longa conhece todo o contexto há mais de 4 décadas, sempre decidindo aprimorar seu personagem e suas situações.

Em Creed, Rocky também perdeu Paulie, seu cunhado e melhor amigo, e o silêncio de sua amarga solidão fora rompido quando Adonis apareceu em sua vida. Apesar de saber lidar bem com perdas, Rocky descobre que deverá enfrentar uma nova batalha pela sua vida, esta responsável por dar o clímax ao longa, além de servir como um sentimentalismo bem construído e necessário. Com referências aos clássicos filmes, como a academia Mighty Mick’s Boxing, do velho treinador de Rocky, Mickey Goldmill (Burgess Meredith), a famosa escadaria da cidade da Filadélfia, o icônico tema que estimula o desejo de vencer, Creed é um retrato sincero e comovente da determinação pelo desejo de vencer e, acima de tudo, batalhar para viver.

Jornalista, crítico de cinema, fotógrafo amador e redator. Quando eu crescer, quero ser cineasta.

1 resposta

  1. Assisti o Creed II preciso assistir o primeiro, excelente esse filme, a fotografia é ótima, filme completo!

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