Crítica | Blonde [2022]

Nota
1.5

Para quem vê de fora, a fama pode parecer uma vida perfeita. Conseguimos idealizar nossos ídolos pelo que eles mostram para nós nas telas, mas quando as câmeras se desligam, como realmente será que eles agem? O que eles sentem que não podem revelar ao público? Prometendo expor a intimidade de uma das atrizes mais famosas do mundo, Blonde traz não só o que passou na vida da atriz que foi o maior sexy symbol do seu tempo, Marilyn Monroe, mas mostra com detalhes os horrores que foi viver sendo Norma Jeane (Ana de Armas), uma jovem simples que alcançou o estrelato quase que num piscar de olhos, quando ninguém dava nada por ela.

O polêmico Blonde, que chegou às premiações de 2023 pelo destaque de sua atriz principal, Ana de Armas, já bastante conhecida por atuar em filmes famosos como Entre Facas e Segredos (2019), mas que agora teve a oportunidade de dar vida à uma das atrizes mais conhecidas do mundo. Embora muitos críticos detonarem sua performance no filme, a atriz consegue transmitir muito bem a visão que o diretor Andrew Dominik queria passar: uma Marilyn assustada, submissa, indefesa e sem vontade própria. O que são características que fazem muito sentido não só para a personagem, baseada obviamente em uma pessoa real, mas também pelo contexto todo do filme, o real problema dessa caracterização se dá pela forma que a personagem é escrita e retratada aos olhos desse diretor.

Blonde é, na verdade, uma adaptação de um filme para televisão feito em 2001 e escrito originalmente pela autora estadunidense Joyce Carol Oates, famosa por seu livro Lives of the Twins, que também foi adaptado para um longa francês em 2017. A autora de fato é conhecida por obras que tratam bastante sobre sexualidade e erotismo, mas esse seu erotismo característico é transmitido para a adaptação de 2022 de uma forma extremamente sexualizada com a figura da Norma Jeane, que não faz parte nem na sua adaptação de 2001. Essa abordagem fica muito clara quando o diretor decide manter sessões do filme que são puramente especulativas como uma questão de juízo de valor para a Marilyn, além de exprimir a ideia de símbolo sexual da Norma Jeane, não apenas pelos trabalhos em que ela estava envolvida, mas sim por momentos íntimos encenados pela atriz Ana de Armas. 

Mas apesar disso, Blonde de 2022 se destaca muito mais esteticamente do que a primeira adaptação de 2001. Primeiro pela maior semelhança da Ana de Armas em sua caracterização do que foi com a atriz australiana Poppy Montgomery. A cinematografia também consegue deixar o filme mais fácil de assistir, por conseguir transmitir uma atmosfera bastante intimista. Mas ainda assim, fica uma impressão, ainda mais um ano depois de Spencer, que faz parecer que o diretor Andrew Dominik quis replicar o “sucesso” do diretor Pablo Larraín, fazendo também mais uma versão fantasiosa para um longa sobre uma pessoa real, pois assim como em Spencer, Blonde traz diversos sentimentos para sua protagonista que, mesmo sendo óbvio, são uma grande especulação, ainda se passam como exagerados demais.

Blonde, estrelado por Ana de Armas, definitivamente não foi um filme que agradou muito o público e a crítica, e existem diversos motivos para explicar o desagrado. Apesar da caracterização impecável, que deixou a atriz Ana de Armas quase idêntica à Marilyn Monroe, sua atuação acaba sendo muitíssimo caricata, mas dá-se a entender que a culpa disso é na verdade da escrita do seu diretor, Andrew Dominik, que tentou adaptar a forma de escrever da escritora Joyce Carol Oates, mas que falhou muito nessa tarefa, deixando assim seu longa muito bonito esteticamente, mas que não conseguiu trazer humanidade para a personagem baseada numa atriz tão amada pela cultura pop mundial.

 

Ilustradora, Designer de Moda, Criadora de conteúdo e Drag Queen.

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