Crítica | Batman [1989]

Nota
5

“Tell me some things, my friend. You ever dance with the devil in the pale moonlight?”

Após testemunhar a morte brutal de seus pais quando criança, o milionário filantropo Bruce Wayne (Michael Keaton) luta contra o crime na cidade de Gotham, uma cidade onde o crime reina e segue impune. O ricaço então usa a máscara do herói Batman, colocando o medo no coração dos vilões e desconfiança nos agentes da lei. Mas quando um louco e deformado que se auto intitula Coringa (Jack Nicholson) começa a controlar o submundo do crime em Gotham, ele precisa encarar seu principal e mais perverso inimigo para proteger sua verdadeira identidade e a mulher que ama, a repórter Vicki Vale (Kim Basinger).

Batman é a primeira adaptação do herói para o cinema, e ninguém mais que Tim Burton foi escolhido para dirigi-lo, seu estilo tão característico é facilmente identificado no decorrer da narrativa, incluindo aspectos mais crus do personagem que definitivamente sofreu muitas alterações desde sua estreia. O grande questionamento é: o que levou o grande público a amar este personagem?

A Gotham apresentada é sem sombra de dúvidas a melhor representação cinematográfica, por mais que nos quadrinhos ela se assemelhe mais a uma Nova York dos anos 20, esta então possui aspectos do impressionismo alemão e parece respirar por conta própria, praticamente uma entidade habitada pelo pior da humanidade, algo que fica explícito desde os primeiros minutos onde somos apresentados à corrupção policial e acobertamento de crimes.

Muito dessa grandiosidade da cidade se deve ao fato do uso de efeitos práticos na construção de diferentes cenários, utilizando também de maquetes para dar continuidade à takes importantes, vale destacar que a única cena que envelheceu mal foi a do Batwing, mas ainda assim não chega a ser incomoda para o espectador. A trilha sonora e iluminação completam primorosamente o ar sombrio da cidade, desde uma meia luz a uma música de batalha mais sinistra que destaca ainda mais os planos que Tim possuía para este longa.

Michael Keaton não só da vida ao homem-morcego como também o define, seus trejeitos como Bruce Wayne são completamente diferentes de quando ele está no seu traje, incluindo sua voz, traço chave de todos os que o sucederam no papel, passando para a atuação, um trabalho mediano não é esperado deste renomado ator e assim ele entrega não só uma como duas personas diferentes e ainda assim interligadas o ricaço meio abobado e tranquilo que esconde um segredo sombrio e o terror da vilania de Gotham, implacável e dominante, mas que precisam lidar não só com a manutenção de sua identidade como também lidar com a mulher por quem está apaixonado. Sem sombra de dúvidas é possível afirmar que este é o melhor Batman do cinema, limitado apenas pelo seu traje, que limita os movimentos da cabeça, mas que no fundo só reforça o grande ator e o grande papel que recebeu.

Kim Basinger não está aqui apenas para ser o par romântico do protagonista, ela tem papel ativo na trama, a fotógrafa almeja seu prêmio Pulitzer com uma matéria estrondosa sobre o Batman, e se alia com o jornalista Alexander Knox (Robert Wuhl) para obter este sucesso. No decorrer da trama acaba se envolvendo com Bruce Wayne e enfrenta dilemas quando o homem mostra ser mais misterioso do que aparenta. Vale destacar também que Vicki ganha a obsessão do Coringa, uma relação perigosa não só para ela como para o segredo de seu amante.

Jack Nicholson é um dos melhores Coringas do cinema, o homem insano é apresentado antes de sua transformação como o braço direito do chefe do crime da cidade, mas devido a reviravoltas da trama acaba caindo num tonel de ácido e assim se tornando um dos maiores vilões da história da DC. Seu estilo caricato para o personagem é muito bem vindo principalmente por causa das cenas explícitas que o personagem está atrelado, o peso do personagem é inegável e toda a trama gira ao redor dele, inclusive possuindo mais tempo de tela que o protagonista. Outro ponto a ser destacado é o fato de alguns trejeitos dele serem levados em consideração durante a construção da série Harley Quinn, onde algumas peculiaridades do Jack foram adicionadas ao personagem da série animada.

Batman é sem sombra de dúvidas uma preciosidade dentro da cinematografia, possui defeitos claro, um corte não tão bom aqui ou ali, mas que não interferem em nada na experiência do espectador, os seus efeitos práticos garantiram o ótimo envelhecimento do filme e claro, consolidaram o personagem como um dos queridinhos da DC e da Warner, ganhando novas versões e roupagens, e marcando gerações.

“Now you wanna get nuts? Come on! Let’s get nuts.”

 

Graduado em Biológicas, antenado no mundo geek, talvez um pouco louco mas somos todos aqui!

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