Crítica | As Aventuras do Ursinho Pooh (The Many Adventures of Winnie the Pooh) [1977]

Nota
3

Num quarto, que poderia ser de qualquer criança, há várias pelúcias de diferentes animais, um urso, um tigre, um porquinho… mas calma, esse não é o foco da história… Na floresta dos 100 acres vive Pooh, um ursinho guloso e louco por mel, Leitão, um porquinho medroso mas com um grande coração, Tigrão, um saltitante e empolgado tigre, Bisonho, um burro triste e pessimista, Abel, um metódico coelho, Kan e Guru, mãe e filho, Corujão, que ama ler e por fim, mas não menos importante, Christopher Robin, um garoto que adora brincar com seus amigos.

Com As Aventuras do Ursinho Pooh (1977) Walt Disney Pictures convida o publico a entrar no adorável livro de A. A. Milne, Winnie the Pooh, é o 22° longa de animação dos estúdios e junta três curtas do adorável ursinho e seus amigos, Ursinho Pooh e a Árvore de Mel (1966), Ursinho Pooh e o Dia Chuvoso (1968) e Ursinho Pooh e o Tigre Saltador (1974).

A animação apresenta a sua raiz literária, mostrando várias vezes a animação como parte de um livro infantil, o que chama bastante atenção é como o que acontece nas cenas interage com as palavras escritas nas páginas, há também a presença de um narrador, que interage com os personagens, os auxiliando a prosseguir com a história. Além disso, pode-se notar uma grande interação musical, o que torna a transição das cenas bem mais delicada, já que elas são literalmente páginas sendo viradas.

A construção dos personagens não deixou a desejar, sendo usados distúrbios psicológicos, de maneira sutil, mas enraizada nas características individuais de cada personagem, Pooh apresenta traços de TDHA (transtorno de déficit de atenção e hiperatividade) com sua dificuldade em manter o raciocínio e facilidade em perder o foco, Leitão apresenta de maneira muito clara sua ansiedade com seu medo de coisas que nem aconteceram, Tigrão nos mostra sua hiperatividade ao não conseguir parar quieto, Abel com todo o seu metodismo e angústia quando algo do seu dia a dia muda, possui traços do TOC.

Guru apresenta o autismo quando aparenta prestar mais atenção em um número limitado de coisas ou pessoas, Kan trás traços de ansiedade social, já que sempre está preocupada com o filho, Corujão é o que apresenta as características mais sutis, ele se mostra sábio e culto, também aparenta ser um dos poucos da floresta que sabe ler e escrever, porém as placas trazem letras trocadas e escrita errada, características de quem possui dislexia, Bisonho possui uma depressão profunda já que nunca aparenta estar feliz e sempre é pessimista, por fim, Christopher Robin ao criar esse seu mundo particular e usar seus brinquedos como amigos mostra possuir esquizofrenia.

O longa é divertido e consegue trazer temas sérios de maneira bem delicada, apresentando características ao invés de classificações, a história é bem delicada e completa, foram criadas cenas extras, que são imperceptíveis, para a união dos curtas. No geral é um filme muito simples e bonito, mostrando a importância das amizades.

 

Graduado em Biológicas, antenado no mundo geek, talvez um pouco louco mas somos todos aqui!

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