Crítica | A Queda (Fall)

Nota
3.5

“Seria uma aventura como nos nossos velhos tempos…”

Becky e Hunter são viciadas em adrenalina e melhores amigas, até que um dia, enquanto estão escalando uma montanha, o marido de Becky, Dan, perde o equilíbrio e cai para a morte. Quase um ano se passa, Becky agora está deprimida e se tornou uma alcoólatra, está afastada do pai desde que ele sugeriu que Dan não era o cara certo para ela e, quando Hunter a convida para escalar a torre de TV B67 desativada, que tem 610 metros de altura e fica no meio do deserto, ela decide aceitar o desafio e usa-lo para seguir em frente com a morte de Dan, usando essa escalada para espalhar as cinzas de Dan e finalmente deixa-lo ir. O que as amigas não esperavam era que, quando elas começam a descer, a escada corroída iria se quebrar, deixando-as encalhadas a várias centenas de metros de distancia do ponto de descida segura mais próximo, deixando a bolsa com a água cair e estando num ponto da torre que os celulares ficam sem sinal.

Para fazer um bom thriller de sobrevivência, não é preciso muita criatividade, basta pegar uma situação que leve uma pessoa ao extremo e explorar expressivamente essa situação. Quando Scott Mann estava criando um projeto um curta, ele percebeu que sua ideia era muito para ser limitada a poucos minutos, e foi quando ele escreveu, junto com Jonathan Frank, o roteiro de um eletrizante filme de sobrevivência dirigido por ele mesmo. Contando com longos 107 minutos, a trama dedica quase que toda a sua duração à vida da dupla protagonista e suas aventuras, não tem interrupções, não tem tramas paralalas, não gasta tempo com flashbacks, e isso acaba tornando o desenvolvimento ainda mais angustiante, é como se o medo iniciasse a medida que as amigas escalam a torre e não parasse por nem um minuto até o ato final do longa, e todos sabem que o medo de altura é um dos medos mais primitivos e comuns da humanidade.

Com uma fotografia espetacular, fruto da ideia da produção de construir a parte superior da réplica da torre B67 no topo de uma montanha para que os atores parecessem estar a milhares de metros de altura quando estavam a menos de 30 metros do chão, o longa captura facilmente a atenção do público, ele traduz de forma gênuina a sensação de altura, deixando a sensação e a vista admirivalmente dúbia (ora nos deixando aflitos e ora nos deixando fascinados), e tudo só se fortalece pelo roteiro pontual, que sabe oscilar entre as mais diferentes ameaças para não deixar o enredo cair na monotonia. Grace Caroline Currey é a grande estrela do longa, é através de sua Becky que toda a história progride, são as suas emoções que servem de ignição para cada reviravolta e a sua dedicação que acaba mantendo ela e sua amiga vivas, não tem como negar a força que a atriz exibe e toda a entrega que ela possui no decorrer do longa. Quase o mesmo pode ser dito de Virginia Gardner, na pele de Hunter a atriz pode não ter uma interferencia direta na trama, o que acaba deixando a personagem sem um aprofundamento verdadeiro, mas isso não impede a atriz de se dedicar e mostrar um entrega em seu trabalho, ela é forte, vive toda a dor e o medo de ficar presa e é a maior parceira de Becky até no momento mais dificil dela.

Angustiante e cheio de tensão, A Queda sabe como tirar o fôlego de sua audiencia e deixa-los afundados na cadeira. A equipe explora os ângulos e o jogo de câmeras com inteligência, de forma a deixar qualquer pessoa arrepiada com uma leve acrofóbia, ao mesmo tempo que o roteiro brinca com a escassez de água, a impossibilidade de comunicação, os urubus rondando as amigas, deixando claro que o espectador por esperar que aconteça uma fatalidade a qualquer momento. A atmosfera, a direção, o suspense e o elenco, tudo é muito bem guiado para entregar todo o potencial do roteiro, mas não se pode negar que a produção peca ao se finalizar de uma forma extremamente insossa, quebrando completamente o ritmo do enredo, depois de um decorrer que pode ser considerado satisfatório apesar de longo demais. Com 100 minutos, que poderiam ter sido encurtados, o filme cumpre seu papel de transmitir os sentimentos das protagonistas para além da tela, não seria incomum sentir a necessidade de dar pausas no decorrer do filme para se recompor, apesar de que também não é incomum sentir uma leve vergonha ao perceber que certas decisões claramente darão errado, como o de escalar uma torre cheia de escadas bastante enferrujadas.

“Se você tem medo de morrer, não tenha medo de viver”

 

Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.

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