Crítica | A Morte do Demônio (Evil Dead) [2013]

Nota
3

Eu prometo não tocar nessa porcaria nunca mais.”

Mia Allen é uma jovem viciada que já sofreu muitas perdas por conta das drogas, um certo dia ela resolve pedir ajuda a seu irmão, David, a namorada dele, Natalie, e seus amigos de infância, Olivia Eric, para se unirem a ela numa viagem de desintoxicação, indo até a cabana rústica da familia para passar um tempo e se recuperar. Mas tudo começa a mudar quando eles chegam na cabana e descobrem que ela foi invadida, o que só piora depois que o grupo descobre um porão secreto que foi transformado em uma espécie de altar, repleto de animais mumificados, e Eric acaba se fascinando por um livro antigo, lendo uma de suas frases em voz alta e, sem saber, unindo a conturbada desintoxicação de Mia com uma poderosa possessão demoníaca.

Vinte anos se passaram desde a última vez que Sam RaimiBruce Campbell se uniram em um filme da franquia Evil Dead, e foi em abril de 2013 que um quarto capitulo da franquia foi lançado. Servindo como um soft reboot e uma continuação ao mesmo tempo, o longa passa a ter roteiro e direção de Fede Álvarez, que estreia na função de diretor, e tira o foco de Ash Williams para nos apresentar uma nova protagonista: Mia. Na tentativa de revitalizar a franquia, o longa pega uma premissa muito mais densa (o vicio de Mia) e une com a mitologia que circunda a franquia, usando a mesma cabana e o mesmo Necronomicon Ex-Mortis, dando a entender que tudo pode ter ocorrido alguns anos após a passagem de Ash pela cabana ou da passagem de qualquer outra passoa, evitando o tom trash e dando camadas muito mais obscuras para a história, transformando num verdadeiro filme de terror do século 21.

Assumindo um ritmo acelerado e composto por cenas dotadas de uma intensidade envolvente, o longa pega os elementos da franquia e se apossa de uma forma cativante, algo que só se potencializa com o trabalho do elenco, da sonoplastia e da maquiagem. Jane Levy é o grande destaque do elenco, sua interpretação de Mia é rápida mas apresenta uma densidade clara, nos fazendo enxergar os dilemas da desintoxicação e enxergar o potencial de sua personagem, mas seu trabalho só chega ao apice depois da possessão. A versão possuida de Mia é intensa, voraz e gráfica, ela se torna a grande antagonista do longa e ao mesmo tempo a grande protagonista, gerando cenas icônicas e se unindo à preciosidade das referencias que o filme resgata. Apesar de assumir o papel de Ash com seu David, Shiloh Fernandez não tem o mesmo destaque do protagonista de Bruce ou chega a se sobressair perante Jane, mas o ator consegue desempenhar bem seu papel e provar seu valor para a evolução da trama, sendo um contra-ponto perfeito para a versão possuida de Mia e até dando todo o suporte que o filme precisava para avançar. Lou Taylor Pucci, Jessica Lucas e Elizabeth Blackmore podem até servir de peças essenciais para o quebra-cabeças que é o enredo do longa, mas seus personagens acabam passando sem muita relevancia no desenrolar da trama, o que nos faz desejar vê-los sendo atacados, possuidos e mortos em grande estilo.

Pouco criativo e extremamente gráfico, A Morte do Dêmonio tinha tudo para ser o melhor filme da franquia, mas peca ao querer repetir elementos demais do roteiro clássico. O longa pode até adicionar novos traços à mitologia da franquia, mas faltou a criatividade de usar uma trama original que conquistasse seu próprio público enquanto usa referencias para atrair os fãs da franquia. A produção de Bruce Campbell e Sam Raimi pode até nos deixar com uma esperança no ar, principalmente depois que surgiu o rumor de que havia planos de futuros filmes unindo Ash e Mia para enfrentar o demônio por trás do Necronomicon, mas o filme erra ao não dar o que realmente agradaria os fãs antigos e nem ter construido uma história realmente robusta para se sustentar só, talvez tudo tivesse sido muito mais eficiente se os eventos dos outros filmes da franquia fossem citados de forma direta ou uma participação mais clara fosse usada para conectar todas as tramas.

“Não diga, não escreva, não escute!”

 

Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.

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