Crítica | A Grande Jogada (Molly’s Game)

Nota
4

Após perder a chance de participar dos Jogos Olímpicos devido a uma fatalidade que resultou em um grave acidente, a esquiadora Molly Bloom decide tirar um ano de folga dos estudos e ir trabalhar como garçonete em Los Angeles. Lá conhece Dean Keith, um produtor de cinema que decide contratá-la como assistente. Logo Molly passa a coordenar jogos de cartas clandestinos, organizados por Dean, que conta com clientes muito ricos e famosos. Fascinada com o ambiente e a possibilidade de enriquecer facilmente, Molly começa a prestar atenção a todos os detalhes para que ela própria possa organizar jogos do tipo.

O diretor Aaron Sorkin já demonstrou na sua carreira que sabe trabalhar muito bem com histórias verídicas no cinema. O americano de 56 anos levou ao cinema enredos baseados em histórias da vida real, como A Rede Social, onde contou a história da criação do Facebook, Steve Jobs, produção montada em três atos e estrelada por Michael Fassbender, e O Homem que Mudou o Jogo, protagonizado por Brad Pitt que interpreta um homem que administrava uma equipe de baseball. Agora em 2018 ele nos traz a história de uma atleta que após um acidente decide deixar tudo para trás e começar do zero.

Sorkin tinha em suas mãos uma história extremamente interessante, porém que poderia se tornar complicada para relatar ao grande público. Muito do enredo por trás da vida da personagem Molly Bloom envolve um complicado emaranhado de finanças, além é claro do jogo de pôquer, no qual nem todos têm uma grande familiaridade. Pois bem, o diretor consegue levar esses temas da maneira mais didática possível, e com isso entrega um excelente filme, que deixa a dúvida do porquê de A Grande Jogada ter sido ignorado nessa época de premiações como o Oscar.

Não foi apenas o longa que parece ter sido ignorado pelas premiações, a atuação de Jessica Chastain deveria ter sido reconhecida no mínimo com indicações. A atriz consegue navegar muito bem entre uma personagem que precisa demonstrar foça num mundo no qual os homens prevalecem, e ao mesmo passar a sensibilidade feminina de uma filha que acabou falhando como atleta. O filme conta a história da personagem recortando fases da sua vida, por muitas vezes indo pra frente e pra trás no roteiro, e mesmo sem haver uma mudança drástica no visual da protagonista, apenas suas expressões já passam ao público em que momento da vida determinada cena se passa. A sua ótima atuação é bem acompanhada por Idris Elba, que mesmo sem brilhar tanto, entrega uma performance sólida como o advogado da personagem.

Como escrevemos aqui, a produção decidiu contar essa história levando o espectador para trás e para frente na vida de Molly Bloom. E para isso, a edição tinha um trabalho árduo pela frente. Pois bem, em todos os momentos nos quais o filme tem que fazer essa transição, a edição faz um trabalho impecável. Nenhum dos cortes acontece de forma abrupta, e o filme ganha em ritmo, sempre deixando o público alarmado para o que estar por vir.

A Grande Jogada é um excelente filme que por algum motivo desconhecido foi ignorado nas premiações do cinema 2018. Com um excelente roteiro adaptado, atuações sólidas e direção competente, a produção entrega uma obra mais sólida e intrigante do que algumas dos longas que estão concorrendo e ganhando prêmios por aí.

 

Formado em publicidade, crítico de cinema, radialista e cantor de karaokê

1 resposta

  1. A maneira como a história foi contada, eu adorei. Idris Elba fez um excelente trabalho, seus trabalhos sejam impecáveis e sempre conseguem transmitir todas as suas emoções. A torre negra é um dos seus filmes mais recentes dele, é maravilhoso! Este ator nos deixa outro projeto de qualidade, de todas as suas filmografias essa é a que eu mais gostei, acho que deve ser a grande variedade de talentos. O ritmo é bom e consegue nos prender desde o princípio.

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