Crítica | A Culpa é das Estrelas (The Fault in Our Stars)

Nota
2

Em seu primeiro filme como diretor, Josh Boone arrastou uma multidão de adolescentes com a adaptação de A Culpa é das Estrelas, do autor John Green. O longa conta a história de Hazel Grace (Shailene Woodley), uma jovem que sofre de um câncer raro desde a infância e segue no sentimento de desesperança de melhorias mesmo com o seu tumor diminuindo. Apesar disso, sua mãe (Laura Dern) segue estimulando que sua filha arrume novas amizades num grupo de apoio de jovens com câncer, onde, depois de muito relutar, ela conhece Augustus Waters (Ansel Elgort), que acaba movimentando a sua vida que seguia estagnada.

Romances adolescentes muitas vezes precisam criar tramas mirabolantes de amor impossível para que os seus leitores sedentos por uma história diferente consigam ser agradados. A Culpa é das Estrelas não é diferente disso, sendo um filme que tenta fugir de todos os clichês de romances adolescentes mas caindo em algumas mesmas narrativas cansadas. O autor John Green não é o melhor exemplo de bom escritor, o que deve ser um dos motivos do filme não inovar em nada do que se propõe, e foca muito em um drama existencialista “fácil” e emocionalmente manipulador.

Por ser um longa que foca bastante no dia a dia dos personagens, não apresenta muitos efeitos visuais. Todavia, A Culpa é das Estrelas tem constantemente efeitos que simulam escrita com lápis de cor para ilustrar as conversas entre o casal principal. Esses efeitos, que são comumente usados desde séries de romance coreanas até filmes nacionais como Alice Junior ou séries populares como Heartstopper, tem uma função importantíssima na trama, que conversa bastante com o público mais jovem de uma forma criativa, sem precisar apenas espelhar uma tela de celular ao lado dos atores.

A trilha sonora é um dos pontos altos do filme, contemplando desde o pop até grupos musicais indie, que consegue transmitir bem a melancolia dos personagens, tema recorrente em todo o filme, mas sem tirar a atmosfera adolescente e adicionando a carga emocional pretendida pelo diretor. Ele ainda tem como música tema “Boom Clap”, da cantora Charli XCX, que teve a popularidade do filme como ajuda para alavancar a sua carreira, chegando no top 10 da Billboard. Como interprete de Hazel Grace, a atriz Shailene Woodley pareceu a escolha certa, já que estava em ascensão por estrelar a saga Divergente e se encaixou bem como protagonista de um romance juvenil baseado em um best-seller muito popular.

As performances de todos os atores não se destacam, mesmo um ator consagrado, como o Willem Dafoe, não consegue brilhar com o material que lhe foi dado. A personagem Hazel Grace não tem muito desenvolvimento além de ser uma garota com câncer terminal, e apesar do segundo ato do filme ser focado na busca por respostas com seu autor favorito, todos os seus hobbies e gostos são muito mais ações de segundo plano do que parte da sua personalidade, como se por exemplo o gosto dela em leitura fosse muito mais um adereço de cena do que parte da sua personalidade.

A Culpa é das Estrelas é um filme que conversa muito bem com o seu tempo e com o público que o assistiu, mas isso está longe de significar que seja um bom filme. A escrita de John Green em seus livros já não parece natural e soa muito como um tiozão de 36 anos tentando emular como os “jovens de hoje em dia falam”, e isso se traduziu quase literalmente para a adaptação no cinema. Um filme simplista e previsível que foi longo demais, mas que pelo menos serviu para gerar várias frases de efeito para uma geração de adolescentes.

 

Ilustradora, Designer de Moda, Criadora de conteúdo e Drag Queen.

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