Crítica | A Cor Púrpura (The Color Purple) [1985]

Nota
4.5

Dirigido por Steven Spielberg, A Cor Púrpura (1985) foi marcado por boicotes e controvérsias desde antes do seu lançamento. Indicado a 11 Oscars e não levando nenhuma estatueta, o filme de estreia da aclamada atriz americana Whoopi Goldberg é sem dúvida um clássico do cinema. Contando a história de Celie Johnson (Whoopie Goldberg), A Cor Púrpura não poupa em mostrar a sofrida vida de sua personagem principal. Separada de sua irmã, Nettie Harris (Akosua Busia), pelo seu marido abusivo, Albert Johnson (Danny Glover), Celie se vê sozinha e sem esperanças, mas ainda com o sonho de reencontrar sua irmã que agora vive na África. Em certo momento, os Johnsons recebem a visita de Shug Avery (Margaret Avery), uma cantora e artista de bares da região que se encanta com a Celie e a faz enxergar que ela é mais que a esposa aprisionada pelo seu marido.

O ponto mais alto do filme, sem dúvidas, é a atuação da jovem Whoopie, que rouba a cena com a sua interpretação inocente e sutil. Celie não é uma personagem fácil de se interpretar, ela tem diversas nuances que são expostas no filme, desde sua autoestima baixíssima, até a impotência que ela sente estando junto do seu marido, e todas as nuances foram muito bem expressas pela atuação da Whoopie. Outra que brilha também é a Margaret Avery, que tem um papel super importante na trama do filme como Shug, sendo a inspiração e esperança que a Celie precisava ter.

A Cor Púrpura, que foi baseado em um livro de mesmo nome, aborda explicitamente o romance entre Celie e Shug, o que foi abafado pelo diretor por ser um tema tabu, embora tenha deixado subentendido na trama que a personagem da Celie é sim queer. Embora a forma que se abordam temas LGBTs sejam sutis demais para os dias de hoje, o filme recebeu diversas represálias na época, por abordar personagens LGBTs e também questões raciais, fazendo com que o filme não levasse nenhuma das premiações as quais foi indicado na época, após diversos protestos da mídia, como comentou Whoopie Goldberg em uma entrevista em 2022 para a Television Academy Foundation.

Ainda assim, é um filme que se destaca bastante também pela sua fotografia e direção, especialmente por ser um filme muito diferente dos que tinham sido feitos até então pelo diretor Steven Spielberg, que explorou enredos tão dramáticos como A Cor Púrpura alguns anos depois. Por se tratar também de um drama histórico, há um cuidado minucioso com os cabelos e o figurino das personagens, que se assemelha ao máximo com o ambiente sulista estadunidense do início do século passado. Apesar de ter sido esnobado em sua passagem pelo Oscar, esse é um filme que facilmente poderia ter levado às 11 estatuetas as quais foi indicado, mas seus destaques na premiação poderiam ter sido Melhor Atriz para Whoopie Goldberg, Melhor Roteiro Adaptado e Melhor Filme.

A Cor Púrpura é um clássico que conta com as atuações brilhantes de Whoopie Goldberg e Margaret Avery, e que funciona bem para a sua época de lançamento apesar de tantas controvérsias. Além disso, é um drama que talvez não seja apreciado hoje em dia por tanto apelo ao sofrimento de sua personagem principal, Celie, mexendo com temas super delicados como abuso e racismo, sendo assim não é um filme indicado para quem tem gatilhos sobre tais temas.

 

Ilustradora, Designer de Moda, Criadora de conteúdo e Drag Queen.

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