Análise | Doodle Champion Island Games

Nota
4

As Olímpiadas 2020, marcada para acontecer em Tóquio, foram adiadas, o que as fez acontecer agora, em 2021. Como já é padrão do Google, um evento marcante como esse precisava ser eternizado com um Doodle, mas a empresa acabou nos surpreendendo, em 23 de Julho de 2021, quando lançou o fruto de sua parceria com a empresa de animação japonesa Studio 4°C, o Doodle Champion Island Games. O game pode ser acessado através da homepage do Google e, futuramente, deve ser arquivado junto com os outros Doodles do passado no página especifica da empresa.

 

ENREDO – A JORNADA OLIMPICA DE LUCKY

Tudo começa quando o gato ninja, Lucky, desembarca na ilha mística dos jogos, um lugar onde ele deve enfrentar os Sete Campeões Lendários que habitam os sete cantos da ilha e são conhecidos por serem os melhores em cada uma das sete categorias de jogos da ilha. Durante sua jornada, Lucky ainda precisa se unir a um dos quatro times, o Vermelho, liderado pelo corvo Karasu e que representa o Fogo; o Azul, liderado pelo oni Ushi e que representa a ÁguaAmarelo, liderado pela raposa Inari e que representa o Vento; e Verde, liderado pela mítica Kappa e que representa as Plantas; para só então viajar e enfrentar Kijimuna (escalada), Tengu (tênis de mesa), Princesa Otohime (nado sincronizado), Yoichi (arco e flecha), os Oni (Rugby), Fukuro (escalada) e Tanuki (skate),numa dura batalha para se tornar o maior campeão da ilha.

GRÁFICOS – UMA LINDA HOMENAGEM AOS JOGOS DO PASSADO

É impossível não olhar para os gráficos de Doodle Champion Island Games e não lembrar dos clássicos da Nintendo, fica claro as inúmeras inspirações nos jogos da franquia PokémonThe Legend of Zelda, e as inspirações vão além das mais obvias, criando toda uma história de fundo para o personagem, uma verdadeira jornada em busca da fama, com direito a sete desafios que lembram muitos os Ginásios dos jogos de Satoshi Tajiri e uma construção detalhada de enredo a ponto de até os NPC’s terem uma história para contar, uma história que se desenvolve e se conecta entre personagens de cada região do mapa. Com seu estilo retro de 16-bit, o jogo encanta com uma facilidade absurda, mas ele ainda consegue ir além com a contribuição da Studio 4°C, que adiciona cutscenes tão vividas que nos coloca dentro dos minijogos com uma facilidade absurda e dá um tom épico a cada um dos minigames.

AMBIENTAÇÃO – O JAPÃO GANHA UM TOM MUITO MAIS FANTÁSTICO

Fica claro a todo o momento que estamos viajando pelo Japão, cada paisagem é claramente inspirada no país das Olimpíadas, e tudo ganha um tom ainda mais místico pela forma como os habitantes desse mundo são animais humanizados e entidades da mitologia nipônica, dando um ar ainda mais envolvente e surreal à jornada que tem raízes bem fincadas no nosso mundo real, deixando de lado toda a sombra dos problemas do mundo e dando uma colorida no evento com cenas como as danças submarinas de Otohime ou a celeridade das flechadas de Yoichi, que consegue acertar todos os alvos ao mesmo tempo que ficar de um lado para o outro do cenário cavalgando seu cavalo. Ainda temos a harmonia visual que houve entre o Google e a Studio 4°C, criando cenários específicos que transitam perfeitamente entre o 16-bits do jogo e o detalhismo das animações.

SOM – UMA TRILHA POUCO DIVERSIFICADA MAS BEM TRABALHADA

A trilha do game é composta por uma ou duas composições principais (sem contar as músicas especificas do minigame do Nado Sincronizado), mas a forma como a composição aproveita as mesmas notas, mudando apenas o ritmo, faz com que o jogo pareça ter um conjunto muito maior de musicas de fundo, algo que fortalece o jogo em certos pontos, mas se torna cansativo em outros. O jogo nos entretêm bem, mas deixa aquele gostinho de quero mais, de que poderíamos ter tido um trabalho ainda mais engajado para culminar num jogo de console ao invés de desperdiçar essa ideia para um simples browser game.

JOGABILIDADE – POUCAS TECLAS E MUITA JOGATINA

Cada um dos minigames tem sua própria combinação de teclas, utilizando poucas teclas em uma combinação única que pode facilmente ser decorada, e que é lembrada antes do inicio de cada um dos minigames. Talvez seja justamente por isso que o jogo é tão prático de ser jogado, ele é altamente intuitivo e fica fácil pegar o jeito para cada jogo, seja com a precisão das manobras de skate ou com a velocidade das direcionais nas danças do nado sincronizado, tudo é pratico e objetivo, deixando a jogatina muito mais fluida e confortável, o que tornou o jogo, que é tão simples, numa ótima chance de passar o tempo. O jogo ainda se fortalece pelo fato de toda a jogatina ser adaptativa, ganhando até controles específicos para jogar pelo celular ou pelo computador.

EXTRAS – NÃO PODERIA FALTAR AS SIDEQUESTS

Para a nossa surpresa, o jogo foi tão bem planejado e estruturado que ele ainda possui algumas sidequests espalhados pelo mapa, você pode ajudar um fantasma a encontrar a paz ao localizar seu filho desaparecido ou ajudar um servo a encontrar as flechas perdidas pelo cenário, ou até a achar uma certa flecha da sorte insignificante que foi parar num lugar complicadíssimo de acessar. É nesse ponto que o jogo começa a lembrar mais à franquia de Shigeru Miyamoto, nos mostrando que há muito o que explorar e descobrir ao interagir com o ambiente ao redor, o que pode nos levar a aventuras diversas que fogem completamente da linha principal da história mas, as vezes, podem render desenvolvimentos que melhoram a jogatina.

CONCLUSÃO – UM JOGO SIMPLES CAPAZ DE SURPREENDER A TODOS

Já estamos acostumado com os diversos Doodles que o Google libera o tempo todo, sejam eles feito com curtas, com uma arte referenciando as datas ou um pequeno jogo para passar o tempo, mas Doodle Champion Island Games parece ser um ponto fora da curva, mostrando aquela que pode ser considerada a homenagem mais bem produzida da empresa. Que os jogos do Google são bons para passar o tempo não é nenhuma novidade, mas a back-story desse Doodle parece ir muito mais fundo ao criar uma trama digna de jogos que bombariam como aplicativos, com direito a toda uma construção e, talvez, merecendo ser transformado num jogo muito mais completo, que demande muito mais dos jogadores para ser zerado. Jogar esse browser game é uma experiência única, capaz de nos fazer esquecer o que iriamos fazer e procrastinar por alguns (vários) minutos ao explorar esse mundo fantástico e mitológico criado por uma empresa que nunca imaginaríamos investir tanto nesse setor.

Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.

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