Crítica | Pecadores (Sinners)

Nota
4

O mais novo thriller vampiresco, Pecadores, dirigido por Ryan Coogler e estrelado por Michael B. Jordan, surpreende totalmente os espectadores com sua pegada inovadora. Pecadores narra a história de dois irmãos gêmeos (Smoke e Stack), ambos interpretados por Michael B. Jordan, os quais retornam à sua terra natal a fim de reatar laços com pessoas do passadoe com a cultura musical do blues, construindo uma nova vida. No entanto, eles não esperavam que eventos sobrenaturais iriam adentrar em seus caminhos, colocando-os em um contexto de extremo risco e vulnerabilidade. A obra consegue trazer uma mescla entre o familiar e o ousado, tendo em vista abranger desde características do terror clássico, a uma pegada mais musical, uma comédia mais tosca e até mesmo ao drama. É possível captar diversas referências presentes na obra, que possui uma cinematografia, direção de atores e design de som impecáveis.

Primeiramente, é indispensável começar a comentar sobre Pecadores sem evidenciar a ótima atuação do Michael B. Jordan, o qual entrega tudo e mais um pouco interpretando os gêmeos Smoke e Stack. Além dele, é imprescindível destacar a performance da Jayme Lawson (Pearline) e do Miles Caton (Sammi More), que abrilhantam esse filme, que é completamente guiado pelo ritmo do blues. É bastante interessante observar como essa mescla do musical com o com o thriller funciona bem em Pecadores.

A mistura deu tão certo, que foi possível ousar até mesmo em outros gêneros, sendo nítido compreender bem o arcabouço do Ryan Coogler, completamente baseado em sua própria filmografia: é possível identificar uma pegada meio Pantera Negra (2018), tendo em vista o caráter heroico dos gêmeos, misturado com a ação presente em Creed (2015), a historicidade de Judas e o Messias Negro (2021) e enfim os elementos de comédia de Space Jam (1973).

É evidente que Pecadores tem dois arcos muito bem definidos, sendo o segundo umo que parece ter como inspiração o filme Babylon (2022), já que se passa todo em uma noite de muitos acontecimentos, misturando a tragédia com a noção de hedonismo. Assim como o filme de 2022, Pecadores também possui uma cinematografia de cair queixo. Típica das obras do Ryan Coogler, o filme torna-se alucinante, hipnotizante. Desde a mise en scene, a direção de arte e a sonoplastia de tremer a cadeira. É muito interessante perceber como narrativas sobre vampiros podem ir além. Abraçando elementos do cinema clássico mas ao mesmo tempo sendo totalmente subversivo, Pecadores traz uma nova e ousada perspetiva para as histórias de vampiro no cinema.

Dessa maneira, Pecadores consegue, de forma primorosa, fazer uma grande mistura de elementos e não perder a sua essência, muito pelo contrário: ser um filme extremamente autêntico e empolgante. A ousadia da obra é o que a eleva a outro patamar, sendo algo realmente surpreendente, tendo em vista que muitas obras que se arriscam dessa forma geralmente se perdem no meio do caminho. O conjunto de todos os departamentos mostra que realmente houve um grande esforço que deu certo, é possível enxergar como tudo no filme o torna uma obra tecnicamente impecável e não parando por aí. Pecadores tem uma base forte, o que o permite ousar em ser um filme extremamente cativante em todos os sentidos. Pecadores é, sem sombra de dúvidas, um dos grandes lançamentos do ano, entregando mais do que promete.

 

Estudante de cinema, pernambucana

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