Resenha | Psicose

Nota
5

Nós não somos tão lúcidos quanto fingimos ser.”

Mary Crane sempre teve uma vida complicada. Por muitos anos a jovem trabalhou em uma agência de seguros, vivendo uma vida simples e assumindo logo cedo as responsabilidades financeiras de sua casa. Mary cuidou da mãe doente, após a morte do seu pai, e tentou proporcionar tudo o que não teve a sua irmã mais nova mas foi o noivado com Sam Loomis que a fez tomar a decisão mais importante de sua vida.

Sam herdou a loja de ferragens do pai… assim como sua imensa divida, o que dificultava imensamente o futuro casamento dos dois. Cansada de esperar, Mary aproveita uma oportunidade de ouro que não aparece todos os dias. Fugindo com quarenta mil dólares, roubados de uma transação que devia fazer, ela passa a acreditar que finalmente pode ser feliz ao lado do homem que ama.

Mas, em meio a excitação do momento e uma viagem turbulenta de um dia inteiro, Mary acaba se perdendo na noite chuvosa enquanto tenta achar o seu caminho. Exausta, ela decide parar em um velho hotel a beira da estrada chamado Bates Motel, onde encontra um simpático homem que a atende e lhe encaminha para seu quarto, onde ela vivera uma das noites mais sombrias de sua vida.

Quando terminou seu último filme, Alfred Hitchcock entrou em um lapso criativo procurando algo tão marcante e extraordinário que pudesse surpreender seu público. Foi então que encontrou um thriller pouco conhecido e não teve dúvidas quanto o que devia ser feito. Comprou os 3 mil exemplares da obra e trancafiou em um galpão a cinco quadras da sua casa, tudo para manter o chocante final em sigilo e surpreender o publico com um filme que iria se tornar lendário.

Mas, afinal, o que existe nessa obra que encantou o maior diretor de suspense que já existiu? Como poderia um livro pouco conhecido despertar o interesse de um gênio do cinema? Um projeto que levou Hitchcock a hipotecar sua própria casa na aposta em um filme que podia ser o maior de seus sonhos ou o pior de seus pesadelos.

Escrito por Robert Bloch, Psicose revolucionou o modo de se contar um suspense. Desconhecido do grande público por ser tornar um livro extremamente raro em solo brasileiro (ao menos ate 2013, quando recebemos uma nova leva da obra), a obra choca o leitor logo em seu início ao matar sua protagonista em uma das cenas mais icônicas da literatura e do cinema com uma descrição assustadora e precisa que nos deixa sem nenhuma reação.

Baseado no famoso serial killer Ed Gain, o livro se mostra surpreendente e aterrador ate seu último segundo criando uma trama intensa que traga seu leitor e nos coloca na pele de personagens tão marcantes que é difícil não lembrar. Todos tem suas motivações, vontades e medos e todos são interligados pelo misterioso desaparecimento de Mary levando ao primeiro estopim da trama.

A escrita de Bloch é tão sublime que encanta o leitor, nos deixando tensos e surpreendentemente concentrados em tudo que o autor tem a nos mostrar. Mas, o maior acerto de Robert esta na criação de Norman Bates, e sua não tão adorável mãe.

Norman é um personagem tão complexo e bem construído que parece saltar das páginas e encarar o leitor. Suas camadas psicológicas e seus traumas conduzem a alguns dos questionamentos mais sublimes da trama, além de nós levar a situações desconfortáveis em um estudo mental profundos que nos tiram de nossa zona de conforto. Não é a toa que o personagem seja lembrado até hoje é seja considerado um marco divisor de águas na literária de suspense.

Bates mostra uma dependência doentia da mãe, em uma construção de um relacionamento nada saudável. Seus traumas, sofrimentos e inseguranças são tão chamativos que não é de se espantar que os leitores passem a querer mais ler seus capítulos do que as investigações de Lily, Sam e do detetive Arbogast. Ele rouba cada uma das cenas e ofusca aqueles que ousam compartilhar seu complexo desenvolvimento.

A Darkside relançou a obra prima, desenterrado um dos mais icônico e clássicos livros e nos presenteando com uma obra avassaladora. O livro já desperta nosso interesse por sua capa, que remete a uma das cenas mais emblemáticas de Hitchcock, com o sangue deslizando pelo ralo em destaque contra o fundo branco. Com imagens emblemáticas e uma tipografia de dar inveja, a edição nos conduz com maestria pela trama além de nos introduzir de fato aos quartos do hotel.

Aterrorizante e avassalador, Psicose teve uma influência sublime em como contar um bom suspense. Revolucionando o cenário de literatura norte-americana e nos entregando um dos personagens mais complexos que tivemos o prazer de conhecer. Nos mostrando um divisor de águas da curiosidade mórbida de ate onde a mente humana pode ir em seus estado mais brutal.

“Ela não matou, e tinha a esperança de que a estivessem observando, por isso provava a espécie de pessoa que era.
Incapaz de fazer mal até mesmo a uma mosca…”

Ficha Técnica
 

Livro Único

Nome: Psicose

Autor: Robert Bloch

Editora: Darkside

Skoob

Preso em um espaço temporal, e determinado a conseguir o meu diploma no curso de Publicidade decidi interagir com o grande público e conseguir o máximo de informações para minhas pesquisas recentes além, é claro, de falar das coisas que mais gosto no mundo de uma maneira despreocupada e divertida. Ainda me pergunto se isso é a vida real ou apenas uma fantasia e como posso tomar meu destino nas minhas mãos antes que seja tarde demais...

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