Resenha | A Rainha Vermelha

Nota
5

“Os deuses ainda governam. Ainda descem das estrelas. Só não são mais gentis.”

O mundo de Mare Barrow é dividido pelo sangue: vermelho ou prateado. Mare e sua família são vermelhos, ou seja, plebeus, humildes, destinados a servir uma elite prateada cujos poderes sobrenaturais os tornam quase deuses e os destinam a governar tiranamente.

Mare rouba o que pode para ajudar sua família a sobreviver e não tem esperanças de escapar do vilarejo miserável onde mora. Apesar de ser inconformada com a situação social de seu país, o que a jovem deseja é apenas instabilidade, união e segurança para família. Porém, em uma reviravolta do destino ou por pura ironia, ela consegue um emprego no castelo real, onde, junto ao rei e a nobreza, descobre que não é uma vermelha comum, pois possui poderes misteriosos até mesmo para os prateados… Mas como isso séria possível?

“Vermelha como a aurora”

A jovem então caí de pára-quedas em um mundo de farsa e mentiras, onde para sobreviver precisaria esconder e renegar seu próprio sangue vermelho. Em meio às intrigas dos nobres prateados, as ações de vermelhos que lutam pela tomada do poder, as ações da garota vão desencadear uma sequencia de fatos, colocando príncipe contra príncipe, Mare contra seu coração e definitivamente vermelhos contra prateados.

Logo nos primeiros capítulos é possível ver a dura realidade de miséria de quem nasce vermelho, injustiça clara e intensificada, bem como a compreensão dessa sociedade extremamente segregada, onde a existência dos tipos sanguíneos se entende como uma referência ao famoso “sangue azul”, que os monarcas antigos julgavam ter, e essa dádiva vinha nada menos que de Deus (ou dos deuses) e, por isso, as classes seriam divididas dessa forma.

“Luta pelos que vieram antes para salvar os que ainda virão.”

Uma leitura que foi marcada por sentimentos de angústia, raiva e impotência a cada ataque aos vermelhos, a cada injustiça, a cada ordem tirana. As escolhas da protagonista e os questionamentos, leva a um mix de emoções onde o propósito é apenas a liberdade e a justiça.

Rainha Vermelha tem um enredo cheio de reviravoltas guiado pelo sentimento de revolta e um romance em segundo plano, pois o destaque é nada mais que a luta de classes. Embora a ideia de sociedade segregada e caracterizada por fortes desigualdades seja óbvia, comum a ele, achei interessante o toque de ficção dado pela autora com os poderes sobrenaturais aos prateados, bem como a nítida percepção de hierarquias e divisões dentro da própria elite. E, em seguida, a autora quebra esse tabu de que apenas os prateados podem. Além de ter uma protagonista forte e questionadora que faz de tudo pelo que acha certo e pelos seus direitos, uma mulher que quebra a estrutura de uma sociedade inteira.

Repleta de frases de impacto, esse livro é uma obra que nós faz pensar e despertar a incomodidade e o desejo de lutar contra os padrões por aquilo que é nosso. Um ótimo livro sem dúvidas, um dos melhores que já li e o melhor é que ele tem continuação. Então, tem muito para acontecer na vida de Mare e de todos de Norta.

“Parte de mim deseja se submeter às correntes, a uma vida cativa e silenciosa. Mas eu já vivi uma vida assim, na lama, nas sombras, numa cela, num vestido de seda. Jamais serei submissa de novo. E jamais vou parar de lutar”

Ficha Técnica
 

Livro 1 – Série A Rainha Vermelha

Nome: A Rainha Vermelha

Autor: Victoria Aveyard

Editora: Seguinte

Skoob

Nasci em 2001, pernambucana de muitos sonhos e amores que faz dos livros o portal para o conto de fadas que deseja viver.

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