Crítica | Os Homens Preferem as Loiras (Gentlemen Prefer Blondes)

Nota
5

“Encontre um cavaleiro, seja ele tímido ou atirado, baixo ou alto, jovem ou idoso, desde que o sujeito seja milionário.”

Lorelei Lee (Marilyn Monroe) é uma bela e competente dançarina de cabaré, que atualmente está noiva do rico e abobalhado Gus Esmond (Tommy Noonan), o que causa um grande desgosto no Sr. Esmond, pai do homem. Quando Lorelei e Dorothy Shaw (Jane Russell), sua melhor amiga e colega de trabalho, precisam viajar para a França para uma apresentação, o Sr. Esmond contrata Ernie Malone, um competente detetive particular, para encontrar algum podre da garota, algo que seja capaz de causa o fim do vindouro casamento.

Lorelei é uma garota extremamente interesseira, apesar de parecer que ela realmente ame Gus, que é capaz de tudo para receber todas as riquezas do mundo, principalmente colares e pulseiras de diamantes, e é esse pensamento que a garota quer que Dorothy tenha, se incluindo numa árdua missão de encontrar um homem bem rico dentro do navio para casar com sua amiga, mas o problema é que o que faz os olhos de Dorothy brilhar não é o dinheiro, são músculos, o que faz a garota ficar o tempo todo de olho na equipe de atletismo olímpico que está a bordo do navio e não perceber que Malone está perdidamente apaixonado por ela. Agora cabe a cada um desse trio enfrentar seus próprios dilemas, Lorelei entender até onde é capaz de ir para conquistar riquezas como a do tolo Sir Francis “Piggy” Beekman, Dorothy escolher se deve buscar o amor apenas pelo amor ou se forçar a achar o amor no meio daqueles corpos esculpidos, e a Malone escolher se deve acabar com o casamento de Lorelei e Gus ou abrir mão de tudo para correr atrás de Dorothy.

Lançado em Julho de 1953, o longa segue o roteiro escrito por Charles Lederer, que é uma adaptação do musical da Broadway de 1949 dirigido por John C. Wilsonescrito por Anita Loos e Joseph Fields, que por sua vez é inspirado no livro “Gentlemen Prefer Blondes: The Intimate Diary of a Professional Lady“, escrito em 1925 pela própria Anita Loos. Mas não importa quantas adaptações e releituras a trama teve, por que foi nas mãos de Marilyn Monroe e Jane Russell que o enredo encontrou sua melhor forma. Monroe encarna perfeitamente a personagem interesseira, fabricando uma das cenas mais icônicas da história do cinema: a performance de “Diamonds Are a Girl’s Best Friend” acompanhada do memorável vestido cor de rosa de Monroe. Depois desse longa, é impossível olhar para Lorelei Lee e não ver Marilyn Monroe, assim como é impossível achar uma falha no humor afiado e pé no chão de Jane Russell.

Mas não é só a estupenda atuação de Monroe como a inocente loira pouco provida de inteligencia que arrebata o publico, como o bom musical da Broadway que é, o longa nos conquista com suas marcantes músicas. Começamos sendo envolvidos vagarosamente com sua introdução, ao som de “A Little Girl from Little Rock“, e logo somos levados à saudosa “Bye Bye Baby”, onde vemos a despedida de Lorelei e Gus; Quando menos esperamos, estamos animados ao som de Dorothy cantando “Ain`t There Anyone Here For Love?” rodeados de musculosos atletas treinando, que personificam claramente os maiores desejos da garota, indo logo depois para o tão emotivo “When Love Goes Wrong“, onde vemos toda a emoção e o amor que existia genuinamente dentro das protagonistas, um grande reflexo das desilusões que elas sofrem. Claro que não podíamos deixar de citar a maravilhosa “Diamonds Are a Girl’s Best Friend”, uma das mais clássicas cenas de empoderamento femininos da história do cinema, onde vemos Lorelei passar seu recado alto e claro e dizer a seu ex-noivo exatamente o que ela quer para pensar em lhe dar mais uma chance.

Com uma produção inteligente, uma atuação memorável, uma direção primorosa, uma trilha envolvente, uma fotografia encantadora e uma química palpável, Os Homens Preferem as Loiras parece verter o melhor da peça que fez sucesso na Broadway e encontrar em Marilyn Monroe sua melhor escolha. Aos poucos vamos vendo o quanto o filme envelheceu tão bem, deixando claro que uma garota não pode depender de um homem para ser feliz e sim dos diamantes, deixando claro que uma mulher não deve se deixar abalar pelas decisões dos homens ao seu redor, uma força que acabamos vendo até na Lady Beekman, que pouco aparece mas surge tão incisiva e decidida com seus ideais, nos mostrando que, mesmo naquela época, duas pobres garotas de Little Rock precisam saber usar garras e dentes para ser felizes.

“Um beijo na mão pode ser sofisticado
Mas os diamantes são os melhores amigos de uma garota.”

 

Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.

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