Crítica | Branca de Neve e os Sete Anões (Snow White and The Seven Dwarfs)

Nota
5

“Fala, mágico espelho meu. Quem é mais bela do que eu?”

Em um reino longínquo vivia uma adorável princesa chamada Branca de Neve. Vivendo com sua maldosa e vaidosa madrasta, A Rainha Má, Branca era obrigada a viver em trapos e viver como criada do castelo. Todo santo dia a Rainha consultava seu espelho mágico, esperando ter sua beleza fria reafirmada, e enquanto o espelho assim o fizesse ela estava satisfeita. Mas, um belo dia, o espelho trouxe uma resposta diferente.

Lábios como a rosa… cabelos como o ébano… pele branca como a neve. Essa é a descrição dada pelo espelho da mais bela de todas. Movida pelo ciúmes e inveja, A Rainha ordena que seu caçador mate Branca de Neve e traga seu coração em uma caixa para provar que o trabalho foi feito. No entanto, a doçura e ingenuidade da princesa tocam o coração do caçador, que a adverte sobre as intenções da Rainha e que ela nunca desistirá de arruinar a vida da pobre moça.

Desesperada, Branca corre pela sombria floresta sem ter um lugar para ficar ou alguém para protegê-la. Seu medo é tanto que ela passa a ter alucinações com monstros e olhos sombrios até cair em prantos e se vê ajudada pelos animais da floresta. Guiada pelas doces criaturas, a princesa encontra uma curiosa casinha no meio da clareira, com móveis tão pequenos que só podem pertencer a sete criancinhas. Decidida a ajudar, a moça começa a arrumar a casa com esperança que os habitantes a deixem ficar e esconder de sua cruel madrasta.

Mas seria isso suficiente para fazer a princesa escapar das cruéis garras da Rainha? Será ela capaz de viver feliz enquanto a inveja e o ciúmes a rondam tão de perto? Ou a Rainha teria um segundo plano para acabar de vez com a gentil Branca de Neve?

Walt sempre foi um visionário, com seus curtas coloridos e sonoros ele sempre era adorado por crianças. Mas ele queria ir além, queria sair da sua zona de conforto e mostrar ao mundo algo inteiramente novo. Foi dai que surgiu a ideia de um longa-metragem animado, algo considerado loucura para a época e motivo de piadas. Todos acreditaram que algo desse porte seria a ruína de Disney; afinal, não tem como manter uma criança entretida por tanto tempo e nunca que ele conseguiria cobrir os gastos na produção.

Mas, eis que em 21 de Dezembro de 1937, chegava ao cinema um clássico que iria revolucionar não só o estúdio como a história do cinema. Branca de Neve e os Sete Anões foi a grande aposta que acertou em cheio e mudou de vez nossa visão sobre os contos de fadas e como o cinema era feito até o presente momento. Com um técnica visual e uma linguagem totalmente inovadora, Branca levou as animações a outro patamar. Acredite, qualquer filme animado que você ama não seria possível sem essa obra de arte.

Os artistas envolvidos no projeto criaram câmeras multiplanos, que dava uma profundidade nas cenas e criava camadas nos cenários e nos seus personagens. Com uma animação deslumbrante, feita em aquarela e de um encanto sem igual, a Disney nos traz um conto de fadas magnífico que encantou gerações. Com protagonistas tão marcantes e uma trama tão envolvente, é difícil desassociar os signos apresentados em Branca do imaginário atual. Quem não conhece a maçã envenenada? Ou a clássica frase dita em frente ao espelho mágico? Talvez a canção que ajude a fazer o trabalho? Ou a velha que parece gentil mas esconde coisas macabras em seu interior…

Walt conseguiu não só entreter o público como emocionar e despertar vários sentimentos. Sentimos a primeira paixão, o medo, o ódio velado e a alegria dos sete anões. Tememos pela protagonista e nos irritamos com sua vilã, aprendemos com sua jornada e nos encantamos com sua história. Cada personagem é tão único e tão marcante que nos envolve de uma maneira exemplar e nos apresenta um mundo maravilhoso e encantado.

Embora o roteiro seja simples, a trama nos apresenta seis contextos e consegue emoldurar com perfeição às novidades da época. Trazendo vários elementos durante a trama, tornando-a sombria quando necessário e emotiva e encantadora de uma maneira surpreendente. O longa já apresenta suas diferenças ao escolher duas protagonistas femininas para liderar a trama.

Branca (Adriana Caselotti) é gentil e bondosa, sendo a representação de todo bem que existe no mundo. Embora seja vista como ingênua e passiva nos dias atuais, Branca traz um ensinamento preciso que parece ser ignorado. Por mais que ela sofra e seja ameaçada, a moça sempre mantém a positividade e nunca deixa sua bondade desaparecer. Já a Rainha é a representação de todo sentimento podre que corroí a alma. Brilhantemente interpretada por Lucille La Verne, a vilã é movida por inveja e rancor, tentando a todo custo manter sua beleza e seu controle sobre aqueles que estão em seu reino. O que se torna até irônico,  pois para conseguir seu objetivo de se tornar a mais bela de todas ela precise largar mão de sua beleza e se tornar uma mendiga horrível em uma das cenas mais emblemáticas do filme.

Mas quem verdadeiramente rouba a cena são os sete anões. Inicialmente, eles seriam idênticos e sem muita personalidade, mas, graças a Walt, cada um recebeu uma caracterização e uma personalidade distinta. Mestre, Dengoso, Atchim, Soneca, Feliz, Zangado e Dunga receberam nomes representando bem suas personalidades e serviram de alívio cômico para a trama. Dunga é simplesmente adorável. O atrapalhado homenzinho não precisa falar para transmitir seus sentimentos e conquista o público desde o primeiro momento. Zangado é rabugento e odeia se sentir contrariado, mas possui um coração bondoso por trás de toda essa muralha ranzinza.

Com uma trilha sonora impecável, o longa ainda conseguiu o feito de ser o primeiro filme a vender álbum com a trilha sonora. Músicas memoráveis como Aprenda uma Canção, Canções dos Desejos e a icônica Eu Vou podiam finalmente ser levadas para casa, trazendo mais um marco histórico para o filme.

Aclamado e revolucionário, Branca de Neve e os Sete Anões trouxe um nova patamar para as animações e conquistou crítica e público com seu jeito adorável e seu conceito inovador, despertando-nos para um novo futuro com um beijo de amor verdadeiro que nem a mais envenenada das maçãs vai conseguir destruir. Afinal, não se recebe o título de mais bela de todas em vão e, acredite, nada seria o mesmo sem a mais doce das princesas Disney.

“O sonho que eu sonhei
Há de acontecer
O castelo que eu imaginei
De verdade, ele um dia há de ser
O meu eterno amor
Um dia encontrarei
E feliz eu irei viver com esse amor
No sonho que sempre sonhei”

https://www.youtube.com/watch?v=XESn0SPHcRI

Preso em um espaço temporal, e determinado a conseguir o meu diploma no curso de Publicidade decidi interagir com o grande público e conseguir o máximo de informações para minhas pesquisas recentes além, é claro, de falar das coisas que mais gosto no mundo de uma maneira despreocupada e divertida. Ainda me pergunto se isso é a vida real ou apenas uma fantasia e como posso tomar meu destino nas minhas mãos antes que seja tarde demais...

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