Review | Moon Knight [Season 1]

Nota
3

“Eu te amo, um beijo e um queijo.”

Steven Grant é um simples funcionário da loja de presentes do Museu Britânico em Londres, lutando dia após dia para se tornar um guia turístico e usar todo o seu conhecimento sobre o Egito Antigo. Mas Steven, mesmo sem saber, tem um grave transtorno dissociativo de identidade, o que faz com que, de vez em quando, ele perca a consciência e se transforme em Marc Spector, um mercenário judeu-americano que há anos aceitou se tornar o avatar de Khonshu, o deus da lua egípcio, mais conhecido como Cavaleiro da Lua. Agora que tomou a consciência sobre a existência de Marc, cabe a Steven criar uma harmonia entre suas duas personalidades para, juntos, combater Arthur Harrow, um fanático religioso que é o líder de culto à deusa egípcia Ammit e está numa busca por encontrar sua tumba para ressuscitá-la.

Anunciada durante a D23 2019, junto com Ms. Marvel e She-HulkMoon Knight era uma das produções que prometia revolucionar o MCU, trazendo um personagem sombrio e que poderia dar um tom maior de terror ao universo da Marvel. Criada por Jeremy Slater para o Disney+, a sexta série de televisão do Universo Cinematográfico Marvel acaba seguindo por um caminho muito mais de uma história de aventura, que pode até lembrar um Indiana Jones ou a famosa trilogia A Múmia, se apoiando completamente nas múltiplas personalidades de Marc/Steven para carregar sua trama. Infelizmente a adaptação da história de um heróis mais desequilibrados e menos conhecidos da Marvel não fez jus ao seu potencial, seguindo a formula batida das séries da Marvel Studios, que começam confusas e sem carisma, parecem arrastadas e repetitivas em seu miolo e se finalizam de forma apressada e abrupta.

Com um roteiro um tanto questionável, a série só se sustenta por conta do carisma de seu elenco estrelado. Oscar Isaac entrega tudo em sua interpretação de Marc e Steven, trazendo dois personagens completamente diferente dentro de um mesmo corpo, que são claramente distinguíveis apenas pelo tom da sua fala, sua postura e suas expressões, é ele quem carrega a produção inteira nas costas, uma bela redenção depois do sofrível de X-Men: Apocalipse. As mudanças de personalidade são uma atuação primorosa, digna de Oscar, que fazem as cenas dramáticas de Marc serem o ponto alto da série, mas precisamos lembrar que apesar de Isaac ser um ator surpreendente, ele não é completo: Isaac não sabe se desempenhar bem em comédia, e foi nesse ponto que a série pecou ao transformar Steven num alivio cômico, algo que pode até ser legal, mas fica forçado em alguns momentos. O antagonismo da série, focado em Arthur Harrow, tinha tudo para sumir em meio à confusa trama de Marc/Steven, mas Ethan Hawke consegue tomar as redeas do papel e, mesmo sem uma história cativante de fundo, passa o tom ameaçador que Harrow precisava e rouba a cena a cada nova aparição, equilibrando o tom do show mesmo quando não esperávamos.

O elenco ainda conta com May Calamawy, que mesmo transbordando carisma parece não ter força como Layla El-Faouly, sendo jogada de um lado para o outro como suporte de Marc/Steven e possuindo uma trama cheia de potencial que é jogada fora momentos depois. Apesar de tudo isso, Cavaleiro da Lua tem seus bons momentos, principalmente quando falamos de “Asylum” (episódio 5), um penúltimo episodio que parece entregar tudo que queríamos ver na temporada completa do show, mesmo com seus problemas técnicos e a artificialidade de seus personagens. Na busca por mostrar representatividade, a série trouxe uma identidade fiel à cultura egípcia, contratou Mohamed Diab, o primeiro diretor egípcio do MCU, o compositor Hesham Nazih, já consagrado no Egito, o editor Ahmed Hafez e a própria Calamawy, criando uma autenticidade à trama e deixando de lado a fotografia alaranjada que sempre é usada por Hollywood e se valendo de diversos elementos egípcios e árabes.

Com seus seis episódios de mais de 40 minutos, a série se prejudica por não possuir a profundidade que necessita, não conseguir desenvolver bem seus personagens e deixa uma ar duvidoso na sua escolha de não se encaixar na cronologia do MCU de alguma forma, nem chegando a trazer referencias claras que o situe dentro do MCU. Entre erros e acertos, Moon Knight pode até ser uma produção aceitável, que podemos até gostar de assistir, mas promete demais o que não cumpre, deixando um sabor amargo após uma season finale apressada, perdendo a chance de ser uma obra-prima da Marvel e adaptar de forma justa um personagem tão obscuro. No final tudo que temos é promessas, uma série mediana com bons momentos que promete muito e entrega pouco, deixando para a próxima produção a função de ser a grande produção que vai renovar a Marvel (ou talvez pra a produção depois da próxima? ou alguma num futuro próximo?).

“Até, jacaré!”

 

Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.

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