Review | Lúcifer [Season 6]

Nota
4.5

“Então eu acabei de parar Deus?”

Depois da grande guerra entre anjos trava por Lúcifer e Miguel, Lúcifer conseguiu ganhar o direito de assumir o trono da Cidade de Prata e se tornar o sucessor de Deus, uma tarefa que pede muito dele e que coloca uma enorme pressão sobre suas costas. Novos cargos sendo assumidos resultam em novos dilemas a serem enfrentados, e tudo isso fica ainda mais claro quando vemos todas as novas problemáticas que inundam Los Angeles, agora Lúcifer precisa entender o que significa ser Deus, Mazikeen precisa entender as obrigações como Rainha do Inferno, Chloe precisa entender suas novas funções agora que saiu da polícia, Linda precisa voltar a sua rotina mortal depois de ter presenciado tantos problemas celestiais, entre tantos outros problemas. Como se tudo isso não bastasse, um novo elemento é colocado na equação: uma anjo desconhecida, rebelde, com sede de sangue, desejando matar Lúcifer.

Estreando na Netflix em 10 de setembro de 2021, o sexto, e último, ano da série criada por Tom Kapinos assume um ar nostálgico e definitivo em todo o seu enredo, temos uma trama reflexiva, que investe pesado em evoluir completamente os seus personagens recorrentes, dando bastante ênfase nos diversos dilemas pendentes para cada um deles, apesar de não ter tempo suficiente para aprofundar todos os dilemas de forma merecida. A função de Deus dada a Lúcifer é um peso muito grande para o nosso protagonista, e fica claro no decorrer dos episódios o quanto ele foi impulsivo no momento da guerra, pensando muito mais em defender Chloe e a humanidade de seu irmão e menos nos efeitos que a vitória teria para a sua vida. Para temperar o ano de despedida, o show ainda tem a brilhante ideia de salpicar referencias, retornos e participações no decorrer dos episódios, dando um ar de fechamento de ciclo, de revisão de status e de enfrentamento final a cada um de seus protagonistas. Com dez episódios de cerca de 55 minutos, vamos mais fundo nos novos dilemas do personagem de Tom Ellis, ele precisa entender o que significa ser Deus, o que ele vai precisar abrir mão por causa dessa nova função e precisa enfrentar Rory, que lhe desafia a descobrir a paternidade que existe dentro dele enquanto tenta solucionar o mistério que despertou a fúria assassina na anjinha.

A detetive vivida por Lauren German não fica para trás no quesito dilemas, Chloe viveu para seguir os passos dos pais, tendo encontrado o sentido de sua vida quando entrou para a policia, mas agora ela precisa abrir mão de tudo para viver no Céu com seu amado, uma tarefa que pode ser quase impossível para a mulher, é impossível fazer uma pessoa de fazer o que ela nasceu para fazer. O Dan de Kevin Alejandro pode até ter morrido, mas o personagem recebe o espaço merecido para evoluir completamente, depois de um pequeno problema com Rory, ele fica preso como fantasma na terra, o que lhe dá a chance de enfrentar seus medos, correr atrás de corrigir seus erros, e sofrer ainda mais agora que apenas os celestiais da série conseguem o enxergar. O Amenadiel de D. B. Woodside é outro cheio de dilemas, ele agora está lutando para se tornar um policial, viver como um humano, mas é muito complicado ser um policial negro no meio de uma corporação branca, o que torna todo esse dilema ainda mais denso, sendo debatido maravilhosamente com a ajuda de Merrin Dungey, interprete de Sonya Harris, a mentora no treinamento policial do anjo. Rory, vivida por Brianna Hildebrand, acaba sendo a adição mais relevante da narrativa, cheia de camadas e cheio de influencias para oferecer, a jovem anja é a chave para a evolução final de muitos personagens, principalmente do casal protagonista, trazendo o grande mistério da temporada que, na season finale, se transforma na resposta chave para o desenrolar de toda a história.

Apesar de o dilema obvio da personagem de Lesley-Ann Brandt ser seu medo de assumir o Trono do Inferno, a série muda, habilmente, e coloca Maze num dilema muito mais complexo, a filha de Lilith precisa enfrentar os dilemas do romance com Eva, principalmente organizar e planejar um casamento ao mesmo tempo que ajuda Chloe e Lúcifer pontualmente com suas questões. A trama ainda tem o apoio de Inbar Lavi, que precisa lidar com todo o medo que toma Maze ao encarar o casamento, principalmente depois que Adão resolve ressurgir, abalando ainda mais os ânimos do casal. Apesar de tudo, uma trama dolorosa acaba caindo no colo da Ella de Aimee Garcia, ela ainda está lutando para superar os traumas que restaram de sua relação com Pete, o que é trabalhado inicialmente através da conexão que surge com Carol Corbett (Scott Porter), mas tudo toma um rumo tempestuoso quando Ella começa a duvidar da presença de Deus no Céu e começa a suspeitar de toda a história celestial por trás de Lúcifer e os seus, o que a leva para uma investigação que vai a consumindo por dentro, levando-a a beira da insanidade e transformando-a de uma forma triste e tocante.

Repleto de progressão emocional para seus personagens, a série ainda tem tempo para nos presentear com episódios de destaque, como é o caso de “Yabba Dabba Do Me” (6×03), episódio animado produzido pela equipe de Harley Quinn e que diverte ao público com um belo tributo ao estilo Looney Tunes de animação, e de “Save the Devil, Save the World” (6×08), onde temos uma divertida retrospectiva sobre vários fatos marcantes das cinco temporadas da série, eventos que isoladamente chamam a atenção e ainda conseguem trazer elementos que cooperam com a temporada como um todo. Repetindo vários dos elementos que mais agradaram aos fãs nos 83 episódios do show, a sexta temporada de Lúcifer é uma grande apoteose de ciclos e fanservices. Temos a volta de vários personagens marcantes, como o policial que tenta multar Lúcifer no primeiro episodio, e a citação de diversos eventos, pessoas e sentimentos que fizeram parte da construção da história, com direito até a várias citações a Bones e muitos detalhes que vão deixar sorrisos no rosto daqueles que acompanharam fielmente a série desde o inicio.

“Eu sei como é viver como é viver consumido pela culpa, pela raiva e autodepreciação.
Acredite, você não quer trilhar esse caminho. Você não quer viver assim.”

 

Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.

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