Crítica | O Exorcista (The Exorcist) [1973]

Nota
5

“Que ótimo dia para um exorcismo”

Chris MacNeil (Ellen Burstyn) é uma renomada atriz que está gravando seu novo longa em Georgetown. Durante as gravações, ela percebe uma mudança gradativa em sua filha Regan (Linda Blair), que começa a apresentar poderes sobrenaturais que estão além da percepção humana. Conforme os eventos pioram, Chris procura o máximo de ajuda médica possível apenas para ver todas as tentativas de cura falharem miseravelmente.

Esgotada e sem encontrar auxílio, a atriz escuta um ultimo conselho de um médico: submeter sua filha a uma sessão de exorcismo. Em desespero, ela procura o Padre psicólogo Damien Karras (Jason Miller), implorando para que ele a ajude antes que sua filha piore. Ele contata a igreja que envia um segundo sacerdote, especialista no assunto, para livrar a menina do mal que a comete.

Na história do cinema existe um grupo seleto de filmes que transcende suas diretrizes e alcançam um lugar legendário que os marca como obras-primas da sétima arte. Esses filmes em questão são facilmente reconhecíveis pelo brilhantismo impregnado e por marcarem tão profundamente a ponto de soarem familiar até mesmo a quem nunca assistiu seu conteúdo, demostrando seu poder revolucionário ao inspirar outras obras a seguirem seu caminho.

O Exorcista, de Willian Friedkin, faz parte desse grupo. Lançado em 26 de Dezembro de 1973, o longa fez história ao construir uma narrativa bem orquestrada do gênero trazendo uma obra primorosa, que serve como base estrutural para o cinema de terror até os dias atuais, sendo um dos pioneiros a ultrapassar sua barreira de gênero e ser reconhecido pela Academia para uma Indicação ao Oscar de Melhor Filme. Ao total, foram 10 indicações ao Careca de Ouro, conquistando duas das categorias que concorreu (Melhor Roteiro Adaptado e Melhor Som).

O longa toma seu próprio tempo para nos contar sua historia, trazendo uma problemática crescente e exaustiva que consegue nos exaurir psicologicamente e fisicamente, enquanto adapta aquilo que precisa ser narrado. Não é raro sair exaustos do filme, o que nos deixa tão fragilizados e destroçados quanto seus personagens. O longa está preocupado em mostrar seu cotidiano, brincando com o publico e nos deixando duvidosos se realmente vimos, o que aconteceu até que qualquer solução lógica é apagada de nossas mentes e estamos tão mergulhados em sua narrativa que não encontramos mais uma saída.

Parte disso se deve a presença de Willian Peter Blatty na produção. O autor da obra original conseguiu traduzir com maestria seu terror para o roteiro, trazendo toda bela construção do suspense, em pequenos passos que vai engrandecendo a narrativa. Já a direção de Friedkin aposta no máximo de realismo possível, aproveitando as dinâmicas profundas e levando não só o público mas o seu elenco ao extremo.

O bom uso dos simbolismos e a trilha sonora impecável aprimoram ainda mais aquilo que esta sendo construído, trazendo cenas memoráveis que perduram como marcos cinematográficos. Não é a toa que a entidade zombe de artefatos sacros, revirando e profanado sua simbologia apenas para mostrar a fragilidade humana perante sua força. Por falar em entidade, sua transformação é demostrada cedo na trama, mas não perde o terror com o passar da narrativa, mostrando toda a força que ela possui em construir seus marcos. O longa ainda apresenta jogos de câmeras inusitados, e uma fotografia impecável, apáticas e sombrias, que condizem com o clima apresentado.

Ellen Burstyn entrega uma atuação visceral de uma mãe desesperada que esgotou qualquer auxílio que poderia pensar. Sentimos seu esgotamento e sofremos junto a ela, enquanto ela vai mergulhando mais profundamente em uma situação além de sua compreensão. Jason Miller encarna um padre que perdeu sua fé mas precisa confiar naquilo que duvida. Seu olhar cansado e sua constate culpa vão elevando sua fragilidade e nos transportando a tudo que precisamos saber sobre ele. Max Von Sydow tem um curto tempo de tela, mas entrega com perfeição a figura quase mitológica do Padre Merrin, que entra em um verdadeiro campo de batalha para executar sua função.

Linda Blair encara o papel que marcou sua carreira, trazendo uma das atrações mais marcantes do longa. Sua Regan é tão sublime que virou um símbolo da cultura pop, protagonizando cenas emblemáticas que tornaram impossível desassociar a atriz da personagem. Sempre que pensamos em possessão demoníaca é sua imagem que nos vem a cabeça, demostrando toda a maestria e entrega para a construção da garota possuída mais amada do cinema.

Exaustivo e sublime, O Exorcista é uma verdadeira obra de arte. O longa conseguiu não só construir seu próprio caminho como criar um legado primoroso e irretocável que influenciou todo um gênero cinematográfico. Repleto de nuances atemporais e com uma construção visceral, ele se solidifica como uma das obras mais aterradoras já feitas em um clássico absoluto do cinema do horror.

 

Preso em um espaço temporal, e determinado a conseguir o meu diploma no curso de Publicidade decidi interagir com o grande público e conseguir o máximo de informações para minhas pesquisas recentes além, é claro, de falar das coisas que mais gosto no mundo de uma maneira despreocupada e divertida. Ainda me pergunto se isso é a vida real ou apenas uma fantasia e como posso tomar meu destino nas minhas mãos antes que seja tarde demais...

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