Crítica | Mulheres Alteradas

Nota
2

O cotidiano de quatro mulheres, cada uma enfrentando problemas bem particulares: Keka (Deborah Secco) enfrenta uma crise no casamento com Dudu, Marinati  é uma workaholic que repentinamente se apaixona por Christian, Leandra sente-se bastante insegura pelo fato de ainda não ter constituído família e Sônia está cansada da rotina doméstica e sonha com a época em que era solteira.

Baseada na obra da escritora e cartunista argentina Maitena, a comédia Mulheres Alteradas conta a história de quatro personagens que precisam sair da sua zona de conforto para mostrar ao mundo, e principalmente, a elas mesmas, o quão forte elas podem ser nas suas vidas amorosas, profissionais e sociais. Para isso, o roteiro de Caco Galhardo consegue colocar cada uma das suas protagonistas em situações nas quais muitas  mulheres passam nos dias atuais, e com isso, a conexão com o público será imediata.

Problemas em um casamento inerte, trabalhar cercada por homens que a tentam diminuir, e com isso ter a necessidade de se provar no trabalho todos os dias da semana, conciliar a criação de dois filhos pequenos com a vida social, tentar ser solteira em uma sociedade que preza por relacionamentos vazios. Esses são apenas alguns dos temas abordados  pela comédia, que tem um começo de narrativa intenso e cheio de brilho, assim como suas personagens principais.

O primeiro ato do filme com certeza é seu ponto mais forte. A apresentação das personagens é cheio de cor, e faz uma homenagem a obra original onde se baseia o longa. Infelizmente, essa ideia da estética é levada apenas no início da história, e fica a sensação que poderia ter sido ainda melhor se a comédia tivesse apostado mais nisso. Além da apresentação das personagens, o primeiro ato apresente muito bem os preconceitos e problemas que rodeiam os cotidianos dessas mulheres.

Contudo, o ritmo frenético no qual o diretor Luis Pinheiro se propõe no início da produção, acaba perdendo a força no ato seguinte, que vale mais a pena pelas ótimas atuações de Alessandra Negrini, que indiscutivelmente é a mais engraçada e talentosa das quatro protagonistas, além de Deborah Secco e Monica Iozzi. Infelizmente a personagem de Maria Casadevall é simplesmente esquecida no resto do longa. O terceiro ato da comédia parece ter sido picotado e jogado na tela, e com isso, todo o argumento trazido no começo do filme, é mal aproveitado.

Mulheres Alteradas é uma boa comédia nacional, que se propôs a fazer algo diferente, mas parece ter perdido essa proposta no meio do caminho. Mesmo assim, com certeza ainda consegue gerar boas risadas, principalmente para o seu público-alvo.

 

Formado em publicidade, crítico de cinema, radialista e cantor de karaokê

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