Crítica | Ghostbusters – Mais Além (Ghostbusters: Afterlife)

Nota
4.5

“Você vai ligar para quem?”

Trinta anos se passaram desde o grande evento de Nova York, as atividades sobrenaturais começaram a diminuir com o passar dos anos, até que os Ghostbusters se tornaram apenas uma lenda, transmitida pelo boca-a-boca. O problema é que Egon Spengler nunca superou a batalha contra Gozer, ele sempre achou que a deusa iria voltar em algum momento e dedicou o resto de sua vida a entender mais a fundo sobre ela para prever o momento de sua volta, até que ele morreu. Callie cresceu brigada com seu pai, ela nunca entendeu por que o homem abandonou sua família para se isolar na distante Summerville, mas sua vida mudou bastante depois disso, agora ela é uma mãe solteira e acaba de ser despejada, sobrando a ela apenas a opção de viajar com seus filhos, PhoebeTrevor, para a esquecida Summerville para morar na casa de seu falecido pai, Egon. A chegada dos netos de Egon mudam completamente a cidade, principalmente depois que Phoebe e Trevor começam a encontrar os equipamentos dos Caça-Fantasmas e começam a seguir o legado do avô, acidentalmente libertando Vinz Clortho de uma das armadilhas de Egon e iniciando novamente o processo para o despertar de Gozer.

Passaram-se trinte e sete anos desde o lançamento do filme que uniu Ivan Reitman, Dan Aykroyd e Harold Ramis, e durante o passar desses anos a franquia acabou recebendo duas novas adições que não forma tão bem sucedidas. Em 1989 uma sequencia forçada surgiu, que perde muito da essência do original, em 2016 um reboot foi proposto, mudando o gênero do quarteto protagonista e não sendo muito bem recebido, mas eis que 2021 chega com uma produção que abraça o clássico e, pelas mãos de Jason Reitman (o filho de Ivan), se transformam numa quase passagem de bastão que pode facilmente se consagrar como a sequência que os fãs esperam desde 85. Inicialmente batizado como Ghostbusters III, o longa rapidamente explica seu novo nome, deixando claro que estamos assistindo literal um Ghostbusters II e provando que não existe subtítulo melhor do que Afterlife para definir seu enredo, é chegada a hora de Os Caça-Fantasmas terem uma pós-vida, seja ela na forma de uma nova fase ou de uma nova formação, e devo deixar claro que o longa abre portas para ambas as opções, dando ao quarteto original uma evolução espetacular, que culmina em uma das cenas mais lindas da produção, e criando um grupo bem diverso que pode facilmente assumir o posto do quarteto original.

Mckenna Grace é a estrela do filme, inteligente e esquisita como qualquer clichê, ela é a herdeira perfeita para o legado de Egon, surgindo como se fosse um Egon em miniatura. Phoebe é divertida, genial, decidida e fora dos padrões, e essa personalidade só se completa ainda mais com a de Podcast, personagem vivido por Logan Kim e que rapidamente se torna o melhor amigo de Phoebe. Podcast é o esquisito desajeitado da escola, ele tem um podcast sobre o mundo paranormal e acaba encontrando em Phoebe a chance de ir mais longe em tudo que ele ama, ajudar a garota na caçada de um Papa-Metal é uma experiência que muda sua vida, e o coloca em situações cada vez mais engraçadas, dando ao garoto o posto de maior alivio cômico da produção. Trevor pode até ser diferente de sua irmã mais nova, mas o personagem Finn Wolfhard é tão desajeitado e antissocial quanto a garota, sua vida muda quando ele cruza com Lucky, por quem ele se apaixona e decide, a todo custo, se aproximar e conhecer. A personagem de Celeste O’Connor é a típica garota interiorana, ela é doce e é a filha do Sheriff, o que a coloca presa nesse fim de mundo, até que sua mente abre completamente ao lado de Trevor. O elenco ainda se completa com Paul Rudd no papel de Sr. Grooberson, o professor de Phoebe e Podcast que é fanático pelos Ghostbuster e percebe que há algo fora do normal nos terremotos que surgiram em Summerville, e Carrie Coon no papel de Callie, a mãe guerreira que precisa encarar os problemas financeiros, os problemas com o pai e acaba encontrando nesse fim do mundo o amor ao conhecer o professor de sua filha.

Inundado de uma memória afetiva e de muitas referencias, Ghostbusters – Mais Além vai fundo em nossa alma e mostra que toda a espera valeu a pena, o longa não é perfeito, ainda é possivel enxergar rebarbas e algumas cenas que parecem não se encaixar na mitologia da franquia, como é o caso da aparição de Stay Puft, que pode até ter servido para nos cativar nos trailers e se torna um elemento protagonistas de várias cenas incríveis, mas está no longa gratuitamente, sem uma explicação plausível para sua aparição. É essencial entender que o longa é uma sequencia pura, ou seja, ele só funciona realmente para aqueles que assistiram o filme de 1984 plenamente, todo o roteiro é floreado com referencias diretas ao longa original, como citações, um complemento para a história de Ivo Shandor (que é introduzido no longa de 84) e até backgrounds que se conectam (como a história de Gozer, Vinz Clortho, Zuul e das vigas de Selênio).

Composto por jornadas paralelas que vão crescendo até se unir em meados do filme, o longa consegue evoluir separadamente seus personagens para só depois considera-los em conjunto, nos envolvendo com seu enredo enquanto constrói uma bela expansão para a mitologia, chegando até a nos confundir inicialmente com o Papa-Metal, que a primeira vista pode até parecer uma nova roupagem para o famoso Geléia, mas logo se mostra uma expansão quando nos é revelado ser um novo fantasma de quinta classe. Com direito a duas cenas pós-credito e uma espetacular homenagem póstuma a Harold Ramis, que é capaz de deixar muito marmanjo se derretendo em lagrimas, o longa nos surpreende ao superar expectativas e provar que a franquia Ghostbuster está viva.

“Você é um deus?”

 

Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.

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