Crítica | Another Day of Life

Nota
4

“A new África is beging born um Angola, there is not way I wasn’t to be here. And this is Luanda. City of paranoia. City of chaos. My favorite. Welcome to muito cage.”

No verão de 1975, a Angola vive uma situação caótica e devastadora. Com a constante debandada dos portugueses e os movimentos de libertação envolvidos em uma guerra civil, a cidade de Luanda é transformada em uma cidade fantasma, situada e envolvida em um constante medo sobre o que pode ou não acontecer com seus moradores. Em meio a notícias pouco confiáveis e inúmeras teorias da conspiração, Ryszard Kapuscinski decide tomar o destino em suas mãos e buscar a verdade por trás dos acontecimentos.

É então que o repórter parte em uma jornada perigosa para o sul do país, até o cerne do conflito que esta prestes a chegar a seu ápice. Como testemunha ocular, Kapuscinski encara a real face da guerra, enquanto analisa seu papel naquilo tudo e até onde vai seu dever profissional, sobre o que deve ou não ser registrado. O que se deve fazer quando suas palavras podem mudar o curso da história de todo um país…

Baseado no livro de mesmo nome e dirigido por Raul de la Fuente e Damian Nenow, Another Day of Life faz um recorte histórico sobre três meses tempestuoso da Guerra Fria Angolana, acompanhando todo seu caos e crueldade de um dos capítulos mais sangrentos da historia do país.

O longa apresenta um híbrido documental entre a animação e as cenas cotidianas da nova Angola, misturando sentimentos de uma forma poética e brutal, seja por seus cortes precisos ou por sua monumental montagem, tudo é pensado para nos causar desconforto e tocar diretamente na ferida. O filme utiliza seus personagens reais para te contar sua história, chegando a ser cruel em muitos momentos ao transporta-los de volta a locais do seu passado o de viveram alguns dos piores momentos de suas vidas.

Mas, é ao transpor nossa realidade que o longa ganha um aspecto pessoal. O surrealismo repleto de metáforas abstratas representam bem as sensações caóticas de Kapuscinski, nos colocando em sua pele e mostrando o quão desesperador é o seu sentimento de perda a ponto de se sentir desintegrado. Esses momentos, que ilustram bem seus pesadelos, nos envolvem e sufocam trazendo uma sensação perturbante e quase bela nos fazendo encarar todo o dilema do personagem.

O impacto visual é tão latente que sentimos que fazemos parte de um arrebatamento causado pela guerra. Explorando bem o documental, a ficção, o realismo e a animação, o longa nos presenteia com uma dualidade narrativa bem explorada, a ponto de sentirmos a mudança dos cenários e o quão trágica a situação do país pode ser. O filme delimita linhas que precisam ser transpostas, em um mistura bem pensada.

Mas, alguns temas parecem poucos explorados e o aprofundamento é retirado para trazer poucas frases que instigam o espectador a saber mais. Como as experiências prévias do repórter com a guerra, ou seu papel antes de sua busca pelo tão sonhado furo de reportagem. Um ponto crucial que deveria pesar na resolução do enredo mas perdura como algo mal explicado e pouco coeso.

Denso, sombrio e caótico, Another Day of Life nos entrega uma grata surpresa. Invocando o humanismo de seu protagonista e nos convidando a fazer parte de um dos capítulos mais importantes da historia angolana, enquanto mostra que, as vezes, até o mais distante sonho pode se tornar real e o quão poderoso pode ser um relato de quem enfrentou o pior de seus pesadelos.

 

Preso em um espaço temporal, e determinado a conseguir o meu diploma no curso de Publicidade decidi interagir com o grande público e conseguir o máximo de informações para minhas pesquisas recentes além, é claro, de falar das coisas que mais gosto no mundo de uma maneira despreocupada e divertida. Ainda me pergunto se isso é a vida real ou apenas uma fantasia e como posso tomar meu destino nas minhas mãos antes que seja tarde demais...

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