Crítica | A Fuga das Galinhas (Chicken Run)

Nota
5

Um sucesso de animação em stop motion dos anos 2000, A Fuga das Galinhas conta a história de um grupo de galinhas que vivem normalmente no galinheiro de uma fazenda inglesa dos anos 1950, mas que Ginger, uma delas, tenta a todo custo, junto com suas amigas, executar planos e mais planos de fuga, buscando alcançar a vida em liberdade, assim como as outras aves vivem.

Com direção de Peter Lord e Nick Park, famosos pela produção do curta stop motion Wallace & Gromit: As Calças Erradas, ambos britanicos, roteiristas, produtores e parceiros, o longa parece que realmente se inspiraram em trazer aquele ar pesado de campos de concentração, explorando o que as galinhas sentiam do galinheiro e da repressão ali, quase como um quartel. A produção das diversas engenhocas, cenários e props dessa dupla é espetacular, sempre com a minuciosidade nos detalhes.

A cuidado existente desde a fotografia à camera e iluminação é incrível, dando uma veracidade ao trazer o clima de fazenda a noite ou de dia, muito natural. Por mais que saibamos que é uma animação, a produção imprime uma realidade ali. O estilo dos personagens já é bem características de outros trabalhos dos diretores, com uma massa específica, olhos e bocas que moldam bem as várias expressoes dos personagens. Mas até quando a animação fica com frames mais “animados”, sem ser tão real, é proposital para aquela situação ou cena, eles realmente se atentam em todos os detalhes, desde texturas de piso do galinheiro à meleca da torta de galinha.

Ginger é nossa protagonista, pragmatica, decidida a conseguir a liberdade para suas irmãs, e encontra uma possivel solucao, sair voando, ao ver o galo Rocky passar voando pela cerca, de forma bem admiravel, mas seus maiores adversarios são o Sr e a Sra Tweedy, os fazendeiros. O Sr Tweedy é mais bobo, mas percebe que as galinhas estão se organizando para algo, já a Sra Tweedy só pensa em lucrar mais, deixando claro que as galinhas terão problemas se não produzirem ovos. O filme desenvolve uma relação de confiança entre Ginger e Rocky, bem como a relação dele com as outras galinhas, trazendo as novidade do mundo de fora para elas, como música, e enganando Fetcher e Nick, os rato negociantes, praa trazer as ferramentas necessárias para o plano de fuga da fazenda.

A produção ainda desenvolve os sonhos das galinhas de viverem fora dali, de se ajudarem como um time na fuga, além de trazer alguns momentos cômicos muito bons, como as tentativas de fuga falhas. Além disso, cada um dos outros membros do galinheiro demonstra uma personalidade e arquetipo bem formado: tem Mac, a engenheira; Bunty, a mandona; Fowler, o velho galo rabugento; Babs, a rainha do tricô bobalhona; e Rocky, o galanteador malandro, tudo para proporcionar os melhores times cômicos possíveis. Chegando ao clímax, há várias surpresas, ação, romance e um final que aquece nosso coração galináceo. A Fuga das Galinhas definitivamente foi uma animação que veio pra provar que stop motion pode entregar um produto surpreendente, mesmo sendo uma técnica de animação mais demorada e cara para se usar em um longa-metragem, continuando como referência no mercado por um bom tempo, com seu estilo próprio.

 

Formado em cinema de animação, faço ilustrações, sou gamer, viciado em reality shows, cultura pop, séries e cinema, principalmente terror/horror

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