Nota
“Como esse é o nosso último verão aqui na casa de praia […] A gente ia ficar muito feliz de ficar aqui, por vocês.”
Elle Evans segue indecisa entre Harvard ou UC Berkeley, mas o último verão antes da faculdade está começando. Inundado com um gigantesco clima de despedida, Elle, Noah e Lee são bombardeados ao descobrir que a Casa de Praia da família Flynn será vendida, o que os une ainda mais para passar esse último verão na casa arrumando tudo para a venda e curtindo esse tempo juntos. O último verão é ainda mais cheio de pressão, principalmente para Elle, que precisa decidir seu destino, resolver seu namoro e reestruturar sua amizade.
Lançado, pela Netflix, em 11 de agosto de 2021, a terceira parte da história de Elle começa a tomar rumos muito mais duvidosos e maçantes, mostrando o descontrole que vai tomando a trama de Vince Marcello a medida que ela vai sendo alongada desnecessariamente. O novo longa trata muito mais dos problemas de Elle, expondo muito dos seus desvios e a fazendo construir uma enorme torre de erros que pode cair em cima dela a qualquer momento. Toda essa trama segue paralela à divertida, porém cansativa, trama da lista de atividades na praia, quando vemos Elle tentando compensar Lee pela separação que está prestes a acontecer, remoendo as atitudes infantis que pareciam já ter sido superada no decorrer dos últimos filmes. A história com Noah e Marco é retomada de uma forma decepcionante, levando a momentos que podem ser interessantes para certos momentos da trama, mas que acabam acontecendo de uma forma forçada e sem sentido.
A história da escolha das faculdades, que prometia ser a grande questão a ser resolvida no longa, é trata tão apressadamente que temos uma escolha feita em apenas 20 minutos, mas ainda assim temos essa questão retumbando por todo o decorrer dos 113 minutos de filme, de uma forma completamente amarga enquanto é embalada pelas inúmeras confusões simplistas e debates imaturos. Cheio de subtramas descartáveis, o longa não consegue aproveitar o talento de Joey King, Joel Courtney ou Jacob Elordi em quase momento nenhum, ele consegue construir diversas sequências que até brilham isoladamente e fortalecem toda a ideia de despedidas e finalizações, mas toda a amarração da trama e todos os seus adereços só prejudicam a história. A sequência focada em Molly Ringwald (fazendo jus a vantagem de ter uma estrela dos filmes teen da década de 80) é magistral, mas se torna só mais uma parte que não soma na composição como um todo. A volta de Taylor Zakhar Perez e Maisie Richardson-Sellers não faz sentido nenhum, já que seus personagens nem cooperam na evolução da trama e nem possuem uma evolução de verdade, mesmo que eles exponham tramas que mereciam um desenrolar de respeito.
Em meados de 2018 a Netflix teve e a grande ideia de ressuscitar as comédias românticas com A Barraca do Beijo, mas em 2021 a franquia parece ter afundado de vez, ficou claro que não existe mais nada para contar da história de Elle, Noah e Lee, ficou claro que esse não é o final ideal para uma franquia que fez tanto sucesso. A chegada de A Barraca do Beijo 3 parece ter sido o tiro no pé para garantir o fim da franquia, um longa mediano que nos leva para um dos finais mais desagradáveis da história do streaming. Brincando com a dificuldade de dizer adeus, Vince faz um final apressado, construindo uma nova identidade para Elle nos minutos finais só para justificar um final realista demais para um gênero onde o realismo é o que menos se deseja, e nos leva a questionar se realmente vale a pena considerar A Barraca do Beijo como uma trilogia ou se apegar simplesmente aos dois primeiros filmes e fazer de conta que esse final nunca existiu.
Icaro Augusto
Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.