Review | Steven Universe [Season 4]

Nota
4

“Onde está seu diamante, Azul?
Você tem que ser líder, Azul!”

A quarta temporada de Steven Universo marca um ponto de virada na forma como a série aborda suas próprias dores. Com 24 episódios de cerca de 11 minutos, essa etapa é menos expansiva em termos de universo e mais introspectiva — focando nas inseguranças emocionais, nos vínculos interpessoais e nos efeitos duradouros das ações de Rose Quartz. Ainda mágica e visualmente criativa, a série aqui ensaia um novo tipo de maturidade: mais silenciosa, mais quebradiça e, por vezes, mais incômoda.

O núcleo narrativo gira em torno de Steven lidando com o peso das expectativas. Se antes o mistério da origem de Rose alimentava uma mitologia cheia de admiração, agora ele passa a encarar as consequências ambíguas do legado que herdou. Essa transição atinge seu ápice em episódios como “Steven’s Dream” e “That Will Be All”, onde a visita à Lua e o contato com as Diamantes revelam que há muito mais dor e complexidade nessa história do que ele jamais imaginou.

A temporada também é marcada pelo aprofundamento da relação entre as Crystal Gems, sobretudo entre Ametista e Pérola. “Mindful Education” é talvez o episódio mais simbólico dessa fase — com uma abordagem sensível sobre saúde mental, culpa e meditação, ele introduz a música “Here Comes a Thought”, um dos momentos mais belos e potentes de toda a série. É um lembrete de que o autocuidado também pode ser revolucionário.

Ao mesmo tempo, a série abre espaço para humor e leveza, como em “Gem Harvest”, que reintroduz Andy DeMayo e provoca um debate delicado sobre tradição e aceitação sem perder o tom familiar. Ainda assim, a estrutura da temporada é menos coesa: a alternância entre episódios de arco maior e episódios mais episódicos — como os centrados em Ronaldo, Onion ou o Beach City Drift — enfraquece o ritmo e às vezes dilui a densidade emocional dos episódios mais fortes.

Visualmente, a série mantém o charme estilizado e a paleta expressiva. Há um uso notável de cores para representar estados emocionais, especialmente nos episódios ligados às Diamantes. A trilha sonora, como sempre, é um ponto alto — e quando há espaço para canções, como “What’s the Use of Feeling (Blue)?”, elas surgem com propósito, ampliando a sensibilidade da narrativa.

A quarta temporada de Steven Universo não tenta ser grandiosa o tempo todo. Em vez disso, opta por um amadurecimento mais silencioso, cheio de camadas emocionais, que prepara o terreno para o que vem a seguir. É um ciclo de transição — e, como toda transição, é imperfeito, um pouco desconfortável, mas profundamente necessário.

 

Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.

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