Nota
“Se por ele fizer
Novamente fará
Se por ela fizer, igual será se por ele o fizer”
A nova temporada se inicia imediatamente após os eventos intensos do final da primeira temporada, com a ameaça de Peridot ainda no ar e o retorno das Crystal Gems a um estado de alerta. A presença constante de Peridot, que deixa de ser apenas uma antagonista para se tornar parte ativa da narrativa, é um dos maiores trunfos dessa fase. Sua evolução – da arrogância científica à vulnerabilidade social – é gradual, orgânica e cativante. A dinâmica entre ela e os demais personagens, especialmente com Steven, é um dos eixos centrais que movimentam os episódios.
A segunda temporada de Steven Universo, exibida entre 13 de março de 2015 e 8 de janeiro de 2016, marca uma fase de transição importante dentro do universo criado por Rebecca Sugar. Com 26 episódios de cerca de 11 minutos cada, essa temporada se afasta da leveza mais presente no início da série e começa a mergulhar em camadas mais densas de sua mitologia, relações interpessoais e conflitos internos. O tom ainda é lúdico e afetuoso, mas agora há uma sensação de que o mundo se expandiu – e com ele, os perigos e responsabilidades também.
Diferente da primeira temporada, onde o foco era mais episódico e o tom variava bastante, a segunda temporada começa a costurar melhor seus arcos. Ainda há espaço para episódios mais leves e cotidianos – como “Nightmare Hospital” ou “Sadie’s Song” – mas mesmo nesses, a série planta pequenas sementes para o desenvolvimento emocional de seus personagens. É uma temporada que entende o valor da pausa, mas nunca perde a mão ao construir sua trama maior.
Outro destaque vai para o aprofundamento de algumas Gems, especialmente Garnet, que ganha episódios que reafirmam sua identidade como fusão e símbolo de amor e estabilidade. “The Answer”, por exemplo, é um episódio visualmente encantador e narrativamente essencial, revelando a origem de Ruby e Sapphire. Essa entrega de informações nunca é feita de forma expositiva demais, há sempre um cuidado poético em como a série escolhe mostrar ao invés de contar.
Steven, como protagonista, segue em amadurecimento. Ele ainda tem seu lado infantil e sonhador, mas já carrega mais peso em suas decisões e começa a entender que herdar o legado de sua mãe, Rose Quartz, não será uma missão simples. Seus poderes evoluem, mas é a sua empatia que mais se destaca como ferramenta de transformação – algo que a série valoriza com muita coerência. Visualmente, a temporada mantém o padrão de qualidade com cenários que variam entre o aconchegante e o cósmico, e uma paleta de cores suave que se adapta bem ao clima emocional de cada episódio.
A trilha sonora continua sendo um dos pontos fortes da série, com músicas que amplificam a sensibilidade e a força de cada cena, mesmo nos momentos mais silenciosos. A segunda temporada é, enfim, um ponto de virada: ela ainda abraça o espírito acolhedor da série, mas começa a exigir mais de seus personagens e, por consequência, de seu público. É o momento em que Steven Universo deixa de ser “só um desenho fofo” para se revelar uma animação complexa, emocional e cheia de propósito.
Icaro Augusto

Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.