Review | Once Upon a Time [Season 5]

Nota
3.5

“Agora, devido ao que fizeram comigo, vocês serão punidos.”

A quinta temporada de Once Upon a Time se lança de cabeça na escuridão — e, em vários sentidos, se perde por lá. Com Emma Swan assumindo o fardo de Dark One, os roteiristas decidem levar a série por um caminho mais sombrio, tanto estética quanto tematicamente, apostando em reflexões mais profundas sobre o livre-arbítrio, o peso dos legados e a inevitabilidade dos próprios fantasmas. A jornada começa em Camelot, passa por Storybrooke e termina chocando o caminho com o de Hades, numa temporada que, apesar de ambiciosa, sofre com o excesso de informações, reviravoltas e arcos que nem sempre se equilibram com o mesmo cuidado das temporadas anteriores.

Dividida novamente em duas partes, a temporada traz, na Parte A, a mitologia do Rei Arthur, Merlin, Excalibur e a Dama do Lago, inserindo Emma como uma versão corrompida de si mesma — a Dark Swan. A premissa é forte, visualmente impactante e cheia de possibilidades, mas acaba escorregando na própria complexidade. A tentativa de criar múltiplos mistérios paralelos, somada à constante troca de realidades (presente, passado recente, passado remoto), compromete o ritmo e dilui o impacto emocional da narrativa. Ainda assim, ver Emma travando uma batalha interna contra a escuridão que ela mesma decidiu assumir por amor a Regina e aos outros é um dos pontos mais interessantes do arco, mesmo que seu desenvolvimento acabe não sendo tão profundo quanto o prometido.

A Parte B leva os personagens a uma jornada de reencontro com os mortos — e aí a série muda de tom. O cenário sombrio e opressivo funciona bem visualmente, mas a introdução de Hades como novo vilão não atinge o mesmo nível de ameaça e complexidade de Pan ou Zelena, apesar dos esforços de Greg Germann. Por outro lado, o reencontro com personagens mortos, como Cruella, Cora, Milah e Pan, dá uma camada emocional nostálgica à narrativa, ainda que nem todos os retornos sejam bem aproveitados.

Regina continua sendo um dos grandes trunfos da série. Seu crescimento como personagem, agora definitivamente no lado do bem, mostra o quanto Once Upon a Time se esforça em construir figuras que evoluem com consistência. O embate entre ela e Zelena, que agora retorna com um bebê a caminho, ainda que cansativo em alguns momentos, segue sendo um motor emocional forte, especialmente pelas performances seguras de Lana Parrilla e Rebecca Mader. Hook, por outro lado, ganha mais espaço nesta temporada, mas alguns de seus plots soam forçados e acabam comprometendo parte do arco dramático que vinha sendo bem construído ao longo das últimas temporadas.

Os roteiristas também aprofundam o conceito do Autor, agora com Henry tentando entender sua função como novo detentor da caneta mágica, numa tentativa de dar mais valor ao personagem — que sofre com a dificuldade da série em integrá-lo de forma mais ativa às grandes tramas. A presença do Livro dos Vilões e o resquicio do debate sobre quem merece um final feliz continua sendo uma das temáticas mais ricas da série, ainda que comece a dar sinais de desgaste. Visualmente, a temporada mantém o alto padrão de efeitos e figurinos, com destaque para o visual da Dark Swan e para a ambientação da Storybrooke Sombria. A trilha sonora também continua eficiente, reforçando os momentos de tensão e melancolia. No entanto, o excesso de reviravoltas e o foco cada vez maior em arcos múltiplos acabam enfraquecendo o impacto emocional de momentos que, isoladamente, seriam muito mais poderosos.

A quinta temporada de Once Upon a Time é, acima de tudo, uma aposta arriscada que não deu exatamente certo. Os roteiristas arriscam em mitologias novas, na inversão de protagonismo, em narrativas mais densas e na quebra de algumas fórmulas que vinham funcionando. Nem tudo dá certo, mas é um esforço criativo visível, ainda que irregular. Se Emma Swan não encontra plenamente seu lugar como vilã, e se Hades não se sustenta como o antagonista que merecia ser, a temporada ainda tem força suficiente para continuar levando a história adiante, pavimentando o terreno para o que será a despedida gradual do núcleo principal da série.

“Não existe mais Salvadora aqui […] Porque eu sou a Senhora das Trevas.”

 

Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.

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