Nota
Dona Isadir (Rodrigo Sant’Anna) está de volta — ou melhor, forçada a voltar. Após sete meses presa pelos eventos caóticos do final da primeira temporada, a matriarca retorna à casa do filho Carlos (Rafael Zulu), na Barra da Tijuca, infernizando — ou melhor, “alegrando” — a vida da nora Alice (Lidi Lisboa) e de toda a família, enquanto aguarda a reforma de seu lar no Cachambi. A série retoma a rotina da família com a sogra no centro de novas confusões e intromissões, com o humor exagerado que já virou marca registrada da produção. Temos ainda a chegada de Noah (que Isadir insiste em chamar de Jorge), o novo filho de Carlos e Alice, o que adiciona mais caos à já bagunçada dinâmica familiar, enquanto Isadir continua espalhafatosa e inconveniente, com direito a provocações e dinâmicas familiares disfuncionais.
A segunda temporada investe na mesma fórmula da anterior, mas o tempero parece menos afiado. A proposta segue sendo a mesma: humor popular, barulhento e recheado de situações absurdas, e embora o elenco mantenha o entrosamento e a entrega cômica funcione em alguns momentos, há uma sensação constante de repetição e cansaço. Os conflitos são quase os mesmos, as piadas soam recicladas e a previsibilidade tira o impacto de cenas que antes arrancavam gargalhadas. A direção aposta em episódios rápidos e fáceis de assistir, mas falta inovação nas tramas. Mesmo com o retorno de personagens queridos, a novidade dá lugar à estagnação.
Dani Calabresa (Lucinha Sandler), Rosi Campos (Mirtes), Hélio de la Peña (Doutor Leitão) e Roberta Rodrigues (Prikitona) trazem fôlego cômico em suas aparições, assim como Rosanne Mulholland (Debby) e Luciana Gimenez (Kátia), que surgem em momentos inusitados. Os já tradicionais cameos de influenciadores digitais como motoristas seguem como um charme à parte — com Elieser, Camilla de Lucas, Pequena Lo e Rafa Uccman garantindo carisma e identificação com o público, mas nem mesmo essas participações de peso conseguem salvar a repetição da fórmula.
Ainda assim, A Sogra que te Pariu continua sendo uma farofa divertida — leve, descontraída e ideal para quem busca algo para passar o tempo sem grandes exigências. Há cenas pontuais que resgatam o espírito debochado da série, principalmente quando Isadir interage com o Fátima ou com os netos. Porém, a série se acomoda demais, como quem sabe que seu público já está cativo e não precisa ser surpreendido. Essa zona de conforto cobra um preço alto: a perda do frescor que fazia a primeira temporada ser tão carismática. O exagero continua, mas agora com menos energia.
No fim, a segunda temporada de A Sogra que te Pariu entrega exatamente o que propõe, mas com menos brilho do que antes. Com seus dez episódios de cerca de 25 minutos, série funciona como entretenimento imediato, com apelo popular e personagens caricatos que ainda rendem risadas aqui e ali. No entanto, fica a sensação de que o roteiro poderia ousar mais, dar novos rumos às relações e buscar conflitos diferentes. As situações soam repetidas, os arcos perdem força e até o absurdo parece menos inspirado, com episódios que flertam com o cansaço cômico. Com carisma de sobra e execução competente, falta apenas o passo adiante que não veio. Uma comédia que diverte, mas já mostra sinais de desgaste.
Icaro Augusto

Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.