Resenha | Princesa das Cinzas

Nota
5

A jovem Theodosia tem seu destino alterado para sempre depois que seu país é invadido e sua mãe, a Rainha do Fogo, é assassinada. Aos 6 anos, a princesa de Astrea perde tudo, inclusive o próprio nome, e passa a ser conhecida como Princesa das Cinzas.

A coroa de cinzas, que o kaiser que governa seu povo a obriga a usar, torna-se um cruel lembrete de que seu reino será sempre uma sombra daquilo que foi um dia. Para sobreviver a essa nova realidade, sua única opção é enterrar fundo sua antiga identidade e seus sentimentos. Agora, aos 16 anos, Theo vive como prisioneira, sofrendo abusos e humilhações. Até que um dia é forçada pelo kaiser a fazer o impensável…

Com sangue nas mãos, sem pátria e sem ter a quem recorrer, ela percebe que apenas sobreviver não é mais suficiente. Mas a princesa tem uma arma: sua mente é mais afiada que qualquer espada. E o poder nem sempre é conquistado no campo de batalha.

Começo dizendo aos amantes de mapas que esse livro vai satisfazê-los com um belo mapa da região do mundo abordado na obra de Laura Sebastian. Outra coisa que dar uma satisfação extra, pelo menos para mim, foi que  o povo invasor é algo como a junção dos vikings e de algumas tribos antigas alemãs.

Podemos ver a base de governo alemão sendo utilizada, sendo notada ao chamar o detentor de poder de Kaiser, sem falar de vários momentos na leitura em que é grifado o fato da língua do povo ser algo brusco e duro, e também o fato de estarem numa constante busca por terras novas para conquistar e destruir quando seus recursos se esgotam, algo um tanto comum para bárbaros.

Seguindo para Thora, Theo ou Theodosia, nossa protagonista é detentora de diversos nomes como podemos ver no decorrer do livro. Sua visão de mundo é afetada por esses três aspectos de si: a princesa das cinzas, a garotinha que perdeu sua mãe e a rainha injustiçada. E todos esperam algo dela, seja que se rebele para que seja cada vez mais castigada ou que aja como a governante que seu povo anseia e necessita.

Ela é alguém que  sofreu muito nas mãos do povo que invadiu e até hoje ocupa seu país, que matou seu povo e sua mãe, a Rainha. Vemos em vários momentos o conflito que se passa na mente da garota, dividida em seus sentimentos, tentando fazer escolhas certas quando tudo que esperam é que falhe. Os traumas que a perseguem é algo recorrente e constroem uma profundidade na personagem, deixando sua existência e dramas mais intensos ao leitor.

Søren é o Prinz, filho do Kaiser, o que já pode trazer alguns preconceitos, mas ele se mostra aos poucos ser alguém diferente, mais próximo de sua mãe a quem tem um carinho especial, mesmo que todos espalhem pela corte que ela tenha chegado a insanidade. É um garoto que sempre lhe foi cobrado muito, ainda mais com um pai tão rígido e inflexível como Corbinian.

Crescentia é o que Thora tem por amiga, uma kalovaxiana que sempre mostrou um tipo de simpatia pela amiga. Mesmo com a ignorância em relação aos  castigos corporais, chicotadas e afins, ou até mesmo falácias de membros da corte, ou com as palavras por muitas vezes sem intenção de magoar a amiga, Cress acaba deixando de lado a situação em que a sua irmã de sangue, como costuma chamar em algumas passagens, se encontra.

Temos também alguns outros personagens como Blaise, que é um amigo de infância que retorna para resgatar sua rainha depois de 10 longos anos. Agora, ele é um tanto mais forte e tem amigos, Artemisia e Heron, que pretendem virar a situação precária em que se encontram após perder seu líder Ampelio.

O livro tem seu desenvolvimento sem quebras, mostrando-nos o que é necessário em seu devido tempo, podemos dizer que tudo é feito exatamente na medida certa para deixar o leitor ansioso pelo próximo capítulo, esperando para que Theodosia acabe bem e que a rebelião consiga prosseguir com seus planos. Devo dizer que existem alguns elementos de “A Rainha Vermelha“, a própria protagonista pode lembrar em alguns momentos a Mare Barrow, mas devo dizer que prefiro um tanto a Theodosia.

Como no outro título mencionado, existem aqueles imbuídos de habilidades especiais referentes aos seus deuses maiores que seriam o da Água, Terra, Fogo e Ar, com o andar da trama acabamos descobrindo que a linhagem de Theo tem como ascendente o próprio Deus do Fogo, Houzzah. Pórem, as rainhas não podem se aproveitar disto, nunca podendo utilizar desse dom nato, que parecem obter desde o nascimento, pois é considerado um ato de sacrilégio, para receber essas bençãos dos Deuses é preciso se dedicar aos seus templos.

Nesses templos, que após o cerco kalovaxiano viraram minas, existem as famosas pedras dos espíritos que fornecem poder, mas que a magia enlouquece a grande maioria. Aqueles que permanecem sãos seguem o caminho de Guardiões, utilizando as pedras para intensificar seu poder. Entretanto para os kalovaxianos, elas só tem utilidade como um produto de exportação, algo que os deixa mais graciosos, aquecidos e assim por diante.

O mundo criado por Laura Sebastian é algo envolvente, nele podemos ver um certo choque entre o Patriarcado, o Kaiser, que governa os kalovaxianos, e o Matriarcado, que seria a linhagem de Rainhas de Astrea. A Rainha pode ter caído pelas mãos dos seus invasores, mas pode se notar uma diferença entre ambos os mundos que seus povos viviam, tendo Astrea uma atmosfera mais pacífica em que seu povo vivia em harmonia entre si, já os kalovaxianos se mostram um povo que vive por trás de máscaras e só quer saber de viver melhor ao entregar outros em troca de favores.

Em relação a diagramação de páginas, fonte e cor das páginas, tudo se encontra num ótimo equilíbrio, deixando a leitura confortável aos olhos, mas o que importa mesmo é essa capa linda que quando você lê e descobre o seu significado deixa tudo mais intenso, como um extra na leitura. A coroa na capa deixou as coisas mais fáceis em recursos de imaginação para o leitor, não pense que é só uma coroa bonitinha, tudo foi pensado com um propósito e parece que ler não é uma opção para os curiosos.

Ficha Técnica
 

Livro 1 – Princesa das Cinzas

Nome: Princesa das Cinzas

Autor: Laura Sebastian

Editora: Arqueiro

Skoob

Me chamo Lilith(RealOficial), sou do signo de Touro, escrevo a muito tempo, seja fanfic ou resenha, e amo muito todo esse universo. Assisto de tudo, acho que meus favoritos são Sci-Fi, Aventura e Medieval. Ah, claro, e Neil Gaiman,

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