Resenha | A Bela e a Fera

Nota
4

“É mais fácil raciocinar sobre o amor do que vencê-lo.”

Bela é a filha de um rico comerciante. Sendo a mais nova entre seus irmãos, Bela sempre se mostrou uma pessoa extremamente bondosa e atenciosa para com o próximo, despertando o carinho e a afeição daqueles que a cercam e o ódio de suas irmãs. Devido a uma serie de infortúnios, o pai de Bela perde sua fortuna e se vê obrigado a mudar-se para um pequeno sítio, tentando sobreviver dos frutos da terra e levar uma vida simples e pacata, longe dos luxos e trivialidades da capital.

Nem mesmo as dificuldades da vida do campo aferram o espirito bondoso de Bela que parece se encontrar na vida singela que lhe foi apresentada. Isso aumenta a raiva dos invejosos corações de suas irmãs que não conseguem compreender como a caçula pode permanecer feliz após toda a desventura que lhe fora destinada.

Mas a sorte parece sorrir a família do comerciante, levando-os a acreditar em uma volta triunfal a sociedade que parecia lhe ser negada. Ao ver seu pai de partida, Bela lhe pede uma simples rosa o que enfurece as irmãs que já sonhavam com roupas e jóias. Levado por novas desventuras, o comerciante volta desanimado para a família e acaba por ser perder na floresta. Exausto e cansado, ele encontra abrigo em um belíssimo castelo que parece vazio a primeira vista mas lhe é mostrada uma profunda magia em suas paredes. Restaurado, o velho decide partir e levar uma rosa de presente para Bela mas é confrontado por um monstro terrível que o acusa de roubo.

Para se livrar do triste destino o comerciante promete cumprir os desejos da Fera e levar uma de suas filhas de livre e espontânea vontade para ficar em seu lugar ( pretendendo ele mesmo ganhar um tempo e se despedir de sua família enquanto volta para cumprir sua sina). Acreditando ser culpada pelo desfortúnio do pai, Bela resolve cumprir este papel e se apresentar a Fera. Mas algo mais extremamente surpreendente a espera. Quais segredos a Fera esconde por trás de sua monstruosa aparência? Como pode uma criatura tão horrenda ter um espirito tao gentil com a pobre moça? E será que Bela é capaz de quebrar uma antiga maldição e enxergar a verdade escondida no coração da Fera?

A Bela e a Fera é um conto clássico. Ele já foi recontado e mostrado inúmeras vezes, atravessando gerações e encantando sempre com seu enredo magnífico. Mesmo entre os contos de fadas ele encontra um destaque, mostrando formas inéditas de contar uma boa trama sem perder seu encanto e mostrando-se extremamente original em seu cerne.

A Zahar nos traz uma edição magnífica exibindo duas versões da obra. A versão mais conhecida, contada pelas hábeis mãos da Madame de Beaumont que transforma a obra em um verdadeiro conto de fadas, repleto de magia e amor e a obra original da Madame de Villeneuve que nos mostra uma trama mas intensa e sombria.

A versão de Beaumont é mais fácil de ler, demostrando o padrão que aprendemos a apreciar nos contos que tanto conhecemos e amamos. Tendo uma forma condensada e dotada de um encanto ímpar, ela nos conduz pelo enredo mágico sem que ao menos percebamos com uma leveza magnífica mas muito da trama se perde no caminho. Em sua versão Bela possui três irmãos e duas irmãs, que por boa parte da trama atormentam a pobre Bela e induzem seu ódio e inveja por todos os meios possíveis, a fera em si é muito mais dócil e presente na versão de Beaumont e ela própria se condena como Fera, desprovida de intelecto e beleza e despertando a piedade de si mesmo pelos infortúnios que lhe foram destinados.

Já a versão de Villeneuve mostra uma trama mais rica e espantosa, adentrando a trama e expandindo o universo que achamos conhecer. Nessa versão temos uma visão ampla sobre os infortúnios acometidos aos presentes personagens, uma disputa entre o povo mágico que interfere e muito nos assuntos mundanos, criando uma mitologia magnífica para a obra, e somos presenteados com os passados secretos tanto da Bela quanto da Fera. Afinal, quem nunca quis descobrir o que levou o príncipe a se transforma em um ser tão hediondo.

O texto de Villeneuve é um pouco complicado de ser lido, mas isso não diminui a intensidade e a bela construção da obra. Ele se mostra muito mais um romance do que um simples conto de fadas, trazendo um novo patamar a obra.
Bela é encantadora e determinada em ambos os textos. Sua bondade e senso de gratidão ultrapassam seus medos e transpõem uma das questões que devemos ter como base em nossas vidas; nunca julgue um livro pela capa.

E por falar em capa a Zahar nos apresenta um trabalho magnífico em sua produção. Os encantos e cuidados ficam evidentes na edição, mostrando todo o amor que a editora tem com suas obras. O livro faz parte dos Clássicos Zahar e é recheado com figuras, cronologia sobre a vida das autoras e um debate magnífico que nos introduz a obra.

Repleto de magia, bondade e um poderoso ensinamento A Bela e a Fera nos mostra que o que importa é a beleza interna e que, com um pouco de bondade, podemos enfim enxergar o melhor no próximo. Afinal, nossos problemas podem nos trazer uma surpresa magnífica por mais monstruosos que eles pareçam.

 

“- Oh, senhorita, é verdade! – respondeu a Fera. – Tenho um coração bom, mas sou um monstro.
– Há muitos homens mais monstros que o senhor com sua feiura aqueles que, sob a pele humana, escondem um coração falso, corrompido e ingrato.”

 

 

Ficha Técnica
 

Livro Único

Nome: A Bela e a Fera

Autor: Madame de Beaumont e Madame de Villeneuve

Editora: Zahar

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Preso em um espaço temporal, e determinado a conseguir o meu diploma no curso de Publicidade decidi interagir com o grande público e conseguir o máximo de informações para minhas pesquisas recentes além, é claro, de falar das coisas que mais gosto no mundo de uma maneira despreocupada e divertida. Ainda me pergunto se isso é a vida real ou apenas uma fantasia e como posso tomar meu destino nas minhas mãos antes que seja tarde demais...

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