Nota
“O falecimento do seu amigo mostra que a morte tem um novo esquema para todos vocês. Agora você precisa descobrir como e quando ela vem pegar você.”
Alex Browning (Devon Sawa) é um adolescente comum que, às vésperas de uma viagem de formatura para Paris, tem uma visão perturbadora: o avião em que ele e seus colegas embarcarão irá explodir logo após a decolagem. Desesperado, Alex causa uma confusão e, junto com alguns estudantes e uma professora, é retirado da aeronave momentos antes da tragédia acontecer exatamente como ele previu. Mas escapar da morte tem seu preço, e logo os sobreviventes começam a ser perseguidos por uma força invisível, que parece determinada a restaurar a ordem natural das coisas.
Dirigido por James Wong, o maior trunfo de Premonição é a sua ideia central, ousada e original para a época: transformar a morte em uma entidade ativa, inevitável e criativa. Ao invés de recorrer a um assassino físico ou a monstros sobrenaturais, o filme faz com que cada acidente, por mais banal que pareça, carregue um clima de tensão constante. James Wong trabalha bem a construção do suspense, fazendo o espectador desconfiar de tudo e de todos em cena, num efeito dominó de pequenos detalhes que culminam em mortes elaboradas e surpreendentes.
O elenco jovem, embora não tenha atuações extraordinárias, cumpre bem o papel de transmitir a ansiedade e o medo crescentes. Destaque para Devon Sawa, que entrega um Alex crível, e para Ali Larter, que dá à personagem Clear Rivers uma intensidade interessante. A direção de Wong evita o gore gratuito, apostando mais na criatividade das mortes do que na violência explícita — uma decisão acertada que contribuiu para a identidade da franquia. A trilha sonora e a edição também são eficientes ao amplificar o clima de ameaça iminente.
Premonição não é apenas um filme de terror sobre mortes inventivas, é também uma reflexão, ainda que sutil, sobre destino, acaso e a nossa impotência frente a forças que não podemos controlar. Mesmo com algumas conveniências de roteiro e diálogos às vezes simplistas, o filme se sustenta graças à tensão constante e ao frescor da sua proposta, tornando-se um marco para o terror adolescente do início dos anos 2000.
Icaro Augusto

Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.