Crítica | Premonição 6: Laços de Sangue (Final Destination: Bloodlines)

Nota
4

“A morte não esquece.”

Iris Campbell estava prestes a ser pedida em casamento pelo seu namorado, Paul, quando previu a queda do restaurante SkyView Tower, salvando centenas de pessoas em meados dos anos 1960. Décadas depois, a morte ainda está cobrando sua dívida, agora envolvendo os descendentes dos sobreviventes. A paz de Stefani Reyes, neta de Iris, começa a ser perturbada quando, há cerca de dois meses, começa a ter pesadelos todas as noites. A previsão de Iris começa a aparecer para ela, o que a leva a decidir encontrar sua avó, considerada pela família como uma doida reclusa, para entender o que realmente está acontecendo e qual seu papel nos novos planos da morte.

A franquia Premonição retorna após mais de uma década com a proposta ousada de expandir sua mitologia. Embora não traga novas regras ou inovações nos tipos de morte, o filme se destaca ao adicionar uma camada genealógica à trama, ligando os eventos atuais aos da primeira grande tragédia, ocorrida décadas atrás. A insinuação de que as mortes dos filmes anteriores podem estar conectadas a essa primeira premonição cria uma sensação de continuidade e enriquece o universo da franquia. A decisão de explorar essa lógica genealógica traz um frescor à narrativa, ao mesmo tempo em que conecta os acontecimentos passados aos futuros, sem recorrer a grandes reviravoltas forçadas.

O filme brinca com as expectativas do público, mas infelizmente retira o clássico efeito de sombra que sempre indicava a chegada da morte — um dos elementos mais marcantes da franquia. Apesar dessa ausência, acerta ao apresentar a morte de forma mais imprevisível, criando momentos de tensão e incerteza. A expectativa em torno das mortes é um dos pontos altos do roteiro, que, ao subverter o que os fãs já esperam, consegue manter o suspense até o último segundo. Uma das decisões mais ousadas de Premonição 6 é mostrar em tela a morte de duas crianças — algo inédito na saga. A construção dessas cenas não apela para o choque gratuito, mas reforça com frieza que a morte, aqui, não tem mais qualquer limite nem distinção.

O elenco contribui com força, especialmente Kaitlyn Santa Juana, que conduz toda a trama no papel de Stefani. É ela quem começa a entender as anotações deixadas por Iris e, mesmo sem ter uma premonição direta, assume o papel de quem enxerga como a morte pode agir, guiando os outros personagens com base nessa compreensão. E como presente final aos fãs, temos a participação icônica de Tony Todd como William Bludworth em sua última atuação antes de falecer. Seu personagem ressurge com mais presença do que nunca, revelando uma conexão íntima com Iris e com os planos mais antigos da Morte — uma despedida digna de um personagem que sempre foi o arauto sombrio dessa franquia.

O tom geral do filme é interessante, ainda que os realizadores tenham optado por um exagero no gore que pode incomodar alguns espectadores. Em compensação, há um investimento notável nas mortes criativas, mirabolantes e brutais — que são, afinal, o grande atrativo da franquia. O uso do IMAX em algumas dessas cenas potencializa o impacto visual, tornando cada morte ainda mais expressiva e intensa. Esse movimento ousado pode ser desconfortável para alguns, mas também cumpre a função de mostrar que a morte está enlouquecidamente determinada a finalizar sua lista. Apesar de partes que perdem a mão, Premonição 6: Laços de Sangue se mantém fiel às suas raízes, enquanto explora novas formas de conectar os eventos passados aos atuais. Embora a falta de alguns dos efeitos clássicos da franquia diminua um pouco a experiência para os fãs mais saudosistas, o longa ainda é uma adição sólida à série, com um enredo interessante e um tom que mantém a tensão e a expectativa elevadas.

 

Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.

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