Nota
“As pessoas sempre ficam mais vivas um pouco antes de morrer.”
Um ano após os eventos do voo 180, a jovem Kimberly Corman (A. J. Cook) está a caminho de uma viagem com os amigos, quando tem uma visão perturbadora: um engavetamento brutal em uma rodovia vai matar dezenas de pessoas — incluindo ela mesma. Em pânico, ela bloqueia a entrada da estrada e impede que vários motoristas sigam viagem. Como no filme anterior, o desastre acontece exatamente como ela viu. Mas escapar da morte mais uma vez desencadeia uma nova perseguição, e Kimberly percebe que os sobreviventes estão ligados, de alguma forma, à tragédia envolvendo Alex Browning.
Diferente do original, Premonição 2 abraça um tom mais escancarado, investindo em mortes mais espetaculares e cenas de impacto visual. A famosa cena do acidente na estrada é uma das mais memoráveis da franquia e já justifica a existência do filme. Mais que isso: tornou-se um verdadeiro trauma cinematográfico para muitos adolescentes que viveram os anos 2000, gerando pavor real diante de caminhões com toras e estradas molhadas — um feito raro para um filme de terror que não se leva tão a sério. A direção de David R. Ellis imprime mais velocidade à narrativa, fazendo da sequência uma experiência mais dinâmica, ainda que menos sutil.
A ideia de que a morte está “corrigindo” os desvios de uma ordem cósmica ganha novas camadas aqui, com reviravoltas e conexões que ampliam a mitologia da série. Há também um maior foco em explicações e teorias, o que funciona bem até certo ponto, mas às vezes pesa demais o roteiro com diálogos expositivos. Há mudanças claras na mitologia apresentada: agora se sugere que há uma possível forma de interromper a perseguição da morte — ainda que o roteiro nunca explique por que isso não funcionou no filme anterior. Essa tentativa de aprofundar a lógica interna da franquia é acompanhada por uma participação especial marcante: Tony Todd retorna como o enigmático William Bludworth, trazendo um misto de misticismo e morbidez. Sua breve aparição funciona quase como um aceno para os fãs de terror slasher da década de 90, evocando uma aura de reverência à figura do mensageiro da morte. O retorno da personagem Clear Rivers (Ali Larter) é um acerto, pois serve como ponte entre os dois filmes e traz uma presença mais experiente diante do novo grupo de sobreviventes.
Apesar de repetir a fórmula e se apoiar bastante no impacto das mortes criativas, Premonição 2 ainda consegue manter o interesse graças à sua engenhosidade. As armadilhas da morte são mais elaboradas, e o espectador continua sendo desafiado a prever de onde virá o próximo golpe. O final, no entanto, escorrega no mesmo tom forçado e escrachado que já havia comprometido o desfecho do primeiro filme — um epílogo cômico demais para um terror que vinha tentando manter algum equilíbrio. Ainda assim, é um filme que entende seu próprio conceito e se diverte com ele, mesmo que não tenha o mesmo frescor ou elegância do primeiro.
“Somente uma vida nova pode derrotar a morte.”
Icaro Augusto

Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.