Crítica | Love Lies Bleeding: O Amor Sangra (Love Lies Bleeding)

Nota
5

Lançado em 2024, pela produtora A24, e dirigido por Rose Glass, Love Lies Bleeding é uma trama bastante intrigante, repleta de sangue, suor, mentiras e é claro: amor. A narrativa começa retratando a vida monótona e reclusa de uma gerente de uma academia: a Lou (Kristen Stewart), que ao se deparar com a fisiculturista Jackie (Katy O’Brian) tem o seu caminho completamente mudado. Como boa parte dos filmes da A24, Love Lies Bleeding é aquele tipo de obra que você assiste sem saber ao certo com o que vai se deparar. A narrativa acaba surpreendendo tanto o espectador, ao ponto de levar o público a um ponto em que literalmente ninguém esperava chegar, e é isso que torna a obra tão instigante.

É bastante interessante analisar como se dá a representação sáfica nesse filme. Esta destoa de boa parte das narrativas com personagens LGBTQIAP+, que estão sempre pautando essas existências a vivências marcadas pelo sofrimento (através da morte trágica, a solidão, estereótipos homofóbicos e diversos outros fatores). Assim, muitas narrativas lésbicas desde sempre têm colocado a mulher em um local de fetichização e heteronormatividade. Por isso, assistir a uma obra que foge desses padrões é quase como um respiro para a comunidade LGBTQIAP+.

Love Lies Bleeding consegue fazer isso de forma completamente autêntica. É a concretização daquela famosa frase do Twitter, “queremos histórias com gays trambiqueiras”! Love Lies Bleeding consegue ser exatamente isso: uma narrativa que se utiliza do grotesco, do romance exagerado e do gore enquanto estratégia de subversão à norma. Assim, a relação entre a Lou e a Jackie tem muito a cara de realmente ter sido dirigida por uma mulher, porque o desenvolvimento (apesar de exagerado diante do contexto da narrativa) é muito semelhante a uma vivência sáfica real – o que acaba por gerar muita identificação do público com a obra.

Para além do roteiro inusitado, com personagens muito bem construídos e autênticos, Love Lies Bleeding também conta com uma direção de arte impecável. O filme apresenta uma estética muito única, bem característica da época em que é ambientado, misturando com elementos do grunge (a partir da paleta de cores mais esverdeada) que se contrasta perfeitamente com o sangue presente do gore. Tudo é extremamente marcante, desde os cabelos, aos figurinos e maquiagens das personagens, à cenografia e ambientação em si. É o tipo de filme que, a partir do estático de qualquer cena, ja é possível identificar que obra é. Dessa maneira, a arte de Love Lies Bleeding é mais um complemento que colabora para que a obra como um todo seja tão original.

Por conseguinte, Love Lies Bleeding é uma obra que vale muito a pena assistir nesse mês do orgulho. Através da sua originalidade que transpassa a narrativa, o filme consegue captar bastante a atenção dos espectadores, e principalmente do público-alvo principal, que é a comunidade LGBTQIAP+. Diante de tantas obras problemáticas ou com um roteiro batido pautado na mesma narrativa de saída do armário e aceitação, Loves Lies Bleeding pode com certeza ser considerada uma obra inovadora, e é isso que a fez ter um grande destaque dentre a filmografia com representação LGBTQIAP+ dos últimos tempos.


Estudante de cinema, pernambucana

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