Nota
“No dia mais claro, na noite mais densa, o mal sucumbirá perante minha presença.”
O vaidoso piloto de testes Hal Jordan (Ryan Reynolds) é escolhido pelo anel de Abin Sur, o mais poderoso entre os Lanternas Verdes, que acaba sendo morto pelo perigoso Parallax, o que o obriga se tornar um dos defensores do universo como parte da Tropa dos Lanternas Verdes. Levado ao planeta Oa, ele passa por treinamentos, descobre a grandiosidade da missão que assumiu e retorna à Terra para enfrentar a ameaça de Dr. Hector Hammond (Peter Sarsgaard), que absorve a energia do medo de Parallax, enquanto tenta equilibrar sua vida amorosa com Carol Ferris (Blake Lively).
O universo da Tropa dos Lanternas Verdes é vasto, simbólico e potencialmente fascinante. Mas em Lanterna Verde, dirigido por Martin Campbell e estrelado por Ryan Reynolds, o voo intergaláctico prometido acaba se perdendo num céu nublado de decisões equivocadas. O longa tenta adaptar um dos heróis mais emblemáticos da DC Comics para o cinema em plena era de ascensão dos universos compartilhados, mas esbarra em uma execução que nem sempre entende o material de origem — e menos ainda, o que fazer com ele. O problema do filme não está apenas em um roteiro genérico, mas na maneira apressada como se apresenta a mitologia cósmica da Tropa e seus conflitos internos.
A direção parece dividida entre o desejo de fazer um filme de origem tradicional e o impulso de mostrar tudo de uma vez, resultando em uma bagunça visual e narrativa. O CGI exagerado, principalmente na construção do traje digital de Hal e nos cenários de Oa, envelheceu mal mesmo na época do lançamento, tornando a imersão ainda mais difícil. Ryan Reynolds entrega uma versão do Hal Jordan que oscila entre o sarcástico carismático e o irresponsável genérico. Falta peso dramático, amadurecimento e, principalmente, um arco que justifique seu crescimento como herói. Já os coadjuvantes, com exceção de Mark Strong como o imponente Sinestro, são engolidos pelo roteiro superficial. Peter Sarsgaard é tomado por um tom de vilão cartunesco que é frustante, e Blake Lively, que atua de uma forma bastante carismatica, é mal aproveitada no roteiro.
Ainda assim, a obra não é um desastre completo. Algumas ideias, como a dualidade entre o medo e a vontade, têm potencial e aparecem em momentos pontuais com alguma força. A trilha sonora tenta empolgar e há uma honestidade nas intenções do filme — só que a execução fica aquém em quase todos os aspectos. O resultado final é que Lanterna Verde tenta alçar voo mas acaba preso na estratosfera dos filmes esquecíveis, sendo lembrado mais pelas piadas que inspirou do que por seus méritos.
Icaro Augusto

Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.