Nota
“Os Deuses são confiáveis. Eles não mentiriam pra gente”
Frank é uma salsicha que vive em um supermercado, onde todos os alimentos acreditam que os humanos são divindades que os levarão ao “Grande Além”, um paraíso onde viverão em paz. No entanto, após um acidente no supermercado, Frank descobre a chocante verdade: os humanos não são deuses benevolentes, mas criaturas famintas que massacram os alimentos sem piedade. Determinado a abrir os olhos dos colegas produtos, ele embarca em uma jornada absurda e recheada de trocadilhos para revelar o que realmente acontece fora das prateleiras.
Lançado em 2016, Festa da Salsicha é uma animação voltada exclusivamente para o público adulto, dirigida por Conrad Vernon e Greg Tiernan, com roteiro assinado por Seth Rogen, Evan Goldberg e Jonah Hill. A proposta é ousada: transformar itens de supermercado em personagens conscientes, que vivem em uma sociedade organizada, com mitologias próprias e crenças existencialistas. A estética colorida e o traço “fofinho” contrastam violentamente com o teor escrachado e sexualizado do filme, que transita entre a sátira filosófica e o puro deboche.
O filme provoca ao colocar alimentos debatendo religião, destino, fé, genocídio e até geopolítica com um humor escatológico que beira o nonsense. Por mais que algumas dessas ideias sejam surpreendentemente inteligentes, o longa se perde em repetições, exageros e piadas que nem sempre funcionam. A crítica à cegueira coletiva e ao fanatismo religioso é evidente e bem sacada, mas muitas vezes fica soterrada em um mar de escatologia e excessos visuais que mais afastam do que envolvem.
No entanto, é inegável que Festa da Salsicha seja único. O clímax do filme é tão absurdo quanto inesquecível, e representa bem a proposta de chocar e satirizar tudo, sem filtros. As vozes originais de nomes como Kristen Wiig, Michael Cera e Edward Norton (em uma paródia hilária de Woody Allen) também agregam valor à loucura. Festa da Salsicha é uma comédia que aposta tudo na transgressão. Às vezes, acerta com genialidade; outras vezes, escorrega no próprio exagero. É um filme para quem quer rir e se incomodar ao mesmo tempo — e, mesmo com seus excessos, entrega algo que dificilmente seria feito por outro estúdio.
“Eu vi a verdade… e é horrível!”
Icaro Augusto

Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.