Crítica | 13º Distrito – Ultimato (Banlieue 13: Ultimatum)

Nota
4.5

“- Você não prometeu mudar isso? Os idiotas cumprem a lei.
– Por que você não culpa os caras que aplicam a lei?”

Três anos se passaram desde os eventos do primeiro filme, mas o Distrito 13 continua sendo um local marginalizado e dominado por gangues, onde a violência é uma constante. A situação piora quando um novo inimigo surge, Walter Gassman (Daniel Duval), o chefe da Divisão Interna Secreta de Segurança (DISS), que fez um acordo secreto com uma construtora para demolir o Distrito 13 e construir novas torres altas em seu lugar, mas para isso ele precisa primeiro criar uma tensão entre os franceses e os moradores do B-13, criando um falso ataque à policia francesa, que resulta em uma ordem de intervenção do presidente da França. Para impedir uma guerra civil, o capitão Damien (Cyril Raffaelli) e o ex-criminoso Leïto (David Belle) precisam, mais uma vez, unir forças para deter essa ameaça iminente. A corrida contra o tempo é marcada por intensas perseguições, lutas e uma intrincada trama de corrupção e interesses políticos.

Lançado em 2009 e dirigido por Patrick Alessandrin, 13º Distrito – Ultimato é uma sequência que consegue aprimorar a fórmula do primeiro filme, com mais ação, mais parkour e um enredo mais sólido. O filme expande a mitologia do universo criado no primeiro, entregando uma narrativa mais interessante sem perder o ritmo frenético que o público espera. Com uma história mais coesa e personagens mais desenvolvidos, Ultimato consegue equilibrar ação com uma trama de denúncia social, refletindo sobre as consequências de uma sociedade dividida e as questões de poder, controle e resistência.

O grande destaque continua sendo as cenas de ação, especialmente as coreografias de parkour. David Belle e Cyril Raffaelli estão em sua melhor forma, e a sequência de perseguição inicial é um espetáculo à parte, com movimentos rápidos, complexos e uma grande dose de ousadia. A química entre os dois protagonistas continua sendo um dos pilares que sustentam o filme, com a amizade entre Damien e Leïto servindo como o núcleo emocional da narrativa. Élodie Yung também se destaca, interpretando a habilidosa e feroz Tao. Sua performance é intensa e complementa a ação do filme, além de trazer um toque feminino necessário para equilibrar o elenco predominantemente masculino. Yung é uma presença marcante e prova sua competência em cenas de luta complexas e bem executadas.

Além das cenas de ação, Ultimato também investe mais na construção de um vilão poderoso. Gassman chefia uma divisão que se reporta apenas ao presidente, e usa todas as suas armas para manipular o que o governante vai fazer, levando-o a dar razão a cada uma de suas escolhas, que secretamente são os passos necessários para demolir o Distrito 13 e viabilizar a construção do bairro de luxo que tanto planeja. Ao seu lado temos ainda o agente Roland (Pierre-Marie Mosconi), seu braço direito e comandante em campo da DISS, um reforço que mostra o poder das forças corruptas que tentam subverter o sistema. Uma presença que traz um conflito interessante e eleva o enredo para além das perseguições e lutas.

A direção de Patrick Alessandrin, ao lado de um roteiro mais refinado, contribui para um ritmo mais coeso e envolvente. A estética do filme, com seus cenários urbanos e distópicos, continua a ser um ponto forte, criando um ambiente que parece real, sujo e ameaçador. A utilização do parkour não é apenas um truque visual, mas uma extensão natural da própria narrativa, com as cenas de ação sempre se conectando com a história, ao invés de simplesmente aparecer como um recurso isolado.

A trilha sonora, que mistura rap e música eletrônica, complementa o clima tenso e pulsante do filme, ajudando a intensificar a experiência. No entanto, embora o filme tenha um ritmo bem ajustado e uma história mais robusta, ainda há momentos em que os diálogos caem no estereótipo e os personagens secundários poderiam ser mais explorados.

13º Distrito – Ultimato é, sem dúvida, uma excelente sequência que entrega o que o público espera: ação implacável, momentos de tensão e uma história que vai além das expectativas do gênero. Ao elevar a qualidade de seu predecessor, Ultimato se firma como um dos melhores filmes de ação da década, mantendo a essência do primeiro filme, mas com uma dose extra de profundidade e tensão.

 

Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.

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