Crítica | 13º Distrito (Brick Mansions)

Nota

Em Brick Mansions (2014), a tensão urbana é transportada da periferia de Paris para uma Detroit distópica e abandonada à própria sorte. O governo, incapaz de conter a criminalidade, decide isolar o bairro de Brick Mansions com um imenso muro, deixando os moradores presos em uma zona de violência, tráfico e corrupção. Quando o chefão do crime, Tremaine Alexander (RZA), obtém uma arma de destruição em massa, a polícia precisa agir rápido. Para isso, o agente disfarçado Damien Collier (Paul Walker) é enviado para se infiltrar no bairro e, com a ajuda de Lino (David Belle, repetindo seu papel em nova roupagem), impedir que a cidade inteira seja destruída. A dupla improvável terá que superar diferenças e interesses para enfrentar um sistema que preferiria varrê-los do mapa.

Dirigido por Camille Delamarre e roteirizado por Luc Besson (também roteirista do original Banlieue 13), 13º Distrito é um remake que tenta capturar a energia frenética e o parkour explosivo que consagraram o filme francês, mas com uma roupagem feita para agradar ao público americano. A troca de ambientação — de Paris para Detroit — preserva a metáfora da marginalização urbana, mas, ao mesmo tempo, suaviza parte da crítica social que dava peso ao original, optando por um tom mais direto e voltado para a ação.

O grande trunfo do filme está justamente nas cenas de ação. Paul Walker, carismático como sempre, entrega um policial determinado e ético, enquanto David Belle traz autenticidade e habilidade física nas sequências de parkour, que são vibrantes e, em muitos momentos, impressionantes. O contraste entre o estilo técnico de Belle e o pragmatismo de Walker cria uma boa dinâmica, mesmo que o roteiro nem sempre aproveite essa química da melhor maneira. Embora o remake acerte ao manter a adrenalina, ele peca por simplificar demais a trama. Os conflitos de classe e corrupção institucional que tornavam o original mais denso são abordados de forma superficial.

Tremaine, interpretado por RZA, é um vilão que tenta ganhar camadas, mas acaba soando inconsistente, em parte por um roteiro que não explora plenamente suas motivações. Ainda assim, o filme reserva boas surpresas nos momentos finais, tentando resgatar a ideia de que os verdadeiros inimigos estão no topo da hierarquia, e não entre os marginalizados.

13º Distrito é, em última análise, um filme de ação divertido e visualmente ágil, mas que perde parte da força crítica do material original. Serve como uma homenagem ao talento de Paul Walker, falecido pouco antes da estreia do longa, e como uma vitrine para as habilidades de David Belle. Para quem busca pura adrenalina e cenas de ação inventivas, é um prato cheio, mas para quem esperava a mesma contundência social de B13, a experiência pode parecer um tanto diluída.

 

Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.

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